⟨ ≿ Capítulo 18 ≿ ⟩

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⇋P.O.V CAROLINE
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Eu estava no meu quarto brincando com as minhas panelinhas rosas e minhas bonecas que eram, na brincadeira, clientes famintos. Estava sol lá fora e o céu estava bem azulado, acompanhado de nuvens fracas e uma temperatura ótima pra ficar dentro de casa, mas também na piscina. Eu gostava do tempo assim, era quente o suficiente pra ir pra piscina, mas não o suficiente pra morrer de calor e ainda dava pra conseguir sorvete de flocos por culpa da temperatura. Eu gostava do tempo assim porque também era mais propício pra mamãe tocar e fazer alguma comida mais quentinha, algo do tipo lasanha. Eu amava lasanha.

Assim que pensei na possibilidade da mamãe aproveitar a temperatura do dia e ir tocar pude ouvir o início de uma melodia calma e isso despertou minha atenção em minha cabecinha infantil. Era algo suave, calmo e ainda sim levemente alto, eu comecei a largar minhas bonecas e panelinhas jogadas pelo chão somente para seguir aquele som, eu queria saber o que era aquilo, queria saber quem estava tocando, mesmo que no fundo do pequeno coraçãozinho soubesse que era a mulher que eu mais amava no mundo tocando aquela música e por saber que era ela tocando eu queria ver e ouvir de mais perto. Saí do meu quarto e percorri meu corredor em direção a sala, mas o som continuava no mesmo volume. Desci as escadas em direção a sala de estar e o som foi ficando mais claro e mais alto, logo eu estava em frente a porta da sala da mamãe e eu a abri em silêncio para não atrapalhar, sentia medo que minha movimentação fosse tão grande que acabasse cortando o som antes mesmo que ele terminasse de ser colocado no nosso mundo, antes de sair da imaginação que minha mãe tinha e eu tanto admirava.

Mamãe estava tocando seu piano com os olhos fechados, seus dedos deslizaram sob as teclas daquele objeto como se aquele fosse o seu lugar, sempre que a mamãe tocava eu sentia que ela tinha nascido para aquilo e para aquele ambiente que se tornava seu palco. Era algo tão bom vê-la tocar que chegava a acalmar qualquer um, ela tocava o tipo de música doce que conseguia acalmar até mesmo sua alma e eu fiquei alí, escorada na porta do ambiente dela, vendo a mulher que me deu vida tocar. Sempre olhava pra mamãe e pensava que queria ser como ela, eu sentia que precisava ser como ela. Ela era doce, inteligente, bonita, nova e com uma carreira incrível nas mãos. Mamãe era a melhor aluna de sua época, foi a melhor de sua faculdade e ajudou o papai a fazer seu sonho de ter uma grande marca ser realizado. Minha mãe conheceu meu pai porque ele foi em um show dela, minha mãe tocava piano e fez um show só uma vez e meu pai foi vê-la, conheceu ela pessoalmente e se apaixonou da forma mais perdida. Minha mãe não era só formada em música, também era em administração e economia, papai se apaixonou por tudo que envolvia sua personalidade. Meu pai já tinha 28 anos e minha mãe tinha 24, eles se casaram, me tiveram quando minha mãe tinha 27 anos e se dizia estar no auge da felicidade com meu pai.

Quando ela terminou sua melodia me olhou com seu sorriso gentil e largo de sempre e eu senti minhas bochechas esquentarem. Eu queria tocar com ela, mas não queria pedir, tinha medo dela não deixar porque eu sabia que eu não tocava como ela.

- O que foi querida? - Mamãe perguntou e eu abaixei os olhinhos enquanto brincava de forma distraída com o lacinho branco que tinha no meu vestido. - Quer tocar comigo? - Ela perguntou e eu a olhei como quem animadamente dizia "Sim!" E ela sorriu novamente ao ver minha expressão e me chamou para ir ao seu colo.

- Que tal tocarmos a nossa música? - Mamãe sugeriu e eu baixei meus olhinhos de forma triste. - O que foi, meu amor?

- Mamãe eu não sei tocar..Eu não toco bem - Falei de forma triste e minha mãe acariciou meu rostinho pequeno e gordinho.

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