⟨ ≿ Capítulo 6 ≿ ⟩

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⇋P.O.V DAYANE⇋
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Eu trouxe a Caroline pra minha casa e ela parecia estar extremamente frágil, magoada e ressentida. Seus olhos estavam avermelhados e inchados do mesmo jeito que seu rosto por culpa do choro. Quando eu cheguei no meu apartamento imaginei que ela não queria comer nem nada do tipo e mesmo assim perguntei se ela queria algo e a resposta que recebi foi a esperada "Não, obrigada". Por isso eu somente mostrei pra ela aonde ficava o meu quarto.

Eu a peguei no colo e a coloquei na cama e ela tinha me pedido pra ficar ali, ao seu lado e eu fiquei. Sei que parece estranho saber que eu fiquei ao lado de uma menina tão nova, mas era perceptível que algo havia abalado sua mente e eu sentia meu coração levemente apertado por ver sua expressão do jeito em que ela se encontrava, por isso eu me deitei ao seu lado e senti ela se aconchegar em mim, e acabei a abraçando por impulso. Era estranho ter ela ali e sentir algo realmente estranho com ela, quase como uma sensação de necessidade daquilo, como se já tivesse tido aquilo antes, mas passasse muito tempo sem e estivesse precisando novamente. Estar do lado dela também trazia uma calma enorme e uma vontade maior de só cuidar dela e fazer com que ela fique bem, porra eu não conheço essa garota direito e ela é só a filha de um cara que a minha família conhece e agora ela está na minha casa, na minha cama e nos meus braços.

Enquanto eu ainda a abraçava ela começou a chorar e eu simplesmente fiquei em silêncio, eu sabia que não existiam palavras que iriam a confortar naquele momento e sabia que o melhor a se fazer era deixar ela colocar tudo pra fora. Depois de um tempo eu percebi que sua respiração ficou mais leve e quando a olhei percebi que ela havia dormido. Eu podia me levantar, mas não consegui e nem tive coragem por sentir ela tão frágil ali comigo. Eu não tive a menor coragem pra tirar ela dos meus braços e isso fez com que eu repensasse algumas coisas sobre ela. Talvez ela seja só uma garota de 17 anos que ainda sente a dor da perda e por isso se sente sozinha, e pensando nisso eu acabei adormecendo um tempo depois. Antes de adormecer eu percebi que Caroline estava adormecida nos meus braços e acho que foi o sono mais tranquilo que eu já tive em toda a minha vida.

(...)

Acordei por volta das 23:00hrs e acabei me assustando pelo tempo que passei dormindo, levando em conta que eu e a Caroline chegamos na minha casa às 20:00hrs. Eu imaginava que acordaria com ela aconchegada ainda em meu corpo, ou com o rosto afundado em meu pescoço, mas em vez disso, me levantei, já mais atenta e acordada, e vi meu quarto vazio, só havia o cheiro dela ali e isso me causou uma sensação estranha de decepção por não a ver no mesmo espaço que eu. Pensei que ela poderia ter resolvido ir pra casa ou algo do tipo e fui em direção a minha cozinha e quando cheguei no local ela estava lá. Tinha um cheiro maravilhoso de comida típica da Itália que rondava todo o ambiente onde eu me encontrava e eu me encontrava admirando não só o cheiro daquela comida, mas também ela. A Caroline estava com uma camisa branca e social minha, ela era simples e com botões. De costas pra mim ela parecia fazer algum molho então eu me sentei no balcão sem fazer nenhum barulho e fiquei admirando tal cena. Quando ela se virou pro balcão acabou levando um susto que me fez rir bastante e ver pela primeira vez seu bico infantil e enorme que me fez querer apertar suas bochechas.

- Faz algum barulho quando chegar na cozinha! - Ela falou brava por conta do susto e enquanto eu ainda estava rindo me desculpei. - Eu fiz Cacio e Pepe pra jantarmos, espero que não se incomode  - Disse de forma tímida e eu vi suas bochechas ficarem  um pouco avermelhadas e eu só balancei a cabeça de forma negativa.

- Não tem problema algum e eu não me incomodo. Como conhece essa comida Italiana? - Perguntei de forma curiosa e distraída.

- Ah, eu sou Italiana. Nasci lá e vim pra Miami quando eu tinha só dez anos - Ela falou e eu me vi realmente surpresa. Caroline realmente tem o sotaque de um Italiano e aposto que um pouco do temperamento também.

- Então você sabe falar Italiano fluentemente? - Perguntei e ela assentiu.

- Sim, mesmo depois de ter saído da Itália e ido pra lá só pra passar as férias, meus avós e meus primos se recusavam a falar em inglês comigo e fazem isso até hoje. Eles dizem que Italianos são bem mais do que 'Figli di puttana' pra falar em inglês só porque eu deixei de morar lá e eles também não gostam muito de falar em inglês com pessoas da família - Ela falou rindo e eu ri também. Não só pelo palavreado que eu imaginei uma típica senhora Italiana como a minha avó falando, mas também ri porque é impossível não fazer isso por causa do sorriso da mulher que está na minha frente.

- Bom, isso é típico de Italianos. Minha avô também sabe falar inglês e não fala por não gostar da língua, sempre que eu vou pra lá somente para vê-la acabo esquecendo de falar somente em Italiano com ela e ela começa e me xingar - Falei rindo por lembrar desses momentos e Caroline riu comigo. Ela colocou o macarrão em nossos pratos logo em seguida e nós jantamos juntas, conversando e rindo bastante até de madrugada.  Pude conhecer um lado da herdeira Biazin que eu não imaginava que poderia existir ou conhecer, ela é bonita, educada e incrivelmente interessante. Nunca poderia esperar algo tão completo de uma garota tão nova como ela e posso dizer que me arrependo plenamente por ter achado que ela era somente uma garota rica e mimada.

Carol e eu lavamos a louça juntas, eu insisti em ajudar ela a lavar tudo e ela aceitou minha ajuda. Sem idéias para fazer algo e completamente sem sono, nós duas acabamos por concordar em sentar pra assistir televisão, colocamos o filme "A Noiva Cadáver" porque Caroline parecia entretida e ansiosa pra ver esse filme, e eu acabei por me interessar também. Em uma determinada hora Carol acabou pousando a cabeça em meu ombro e se aconchegando em meu corpo, a ouvi suspirar baixinho enquanto toda a minha sala tinha somente o som da TV e das nossas respirações. Eu poderia ter me mexido e tirado ela de onde ela estava, nunca fui de gostar tanto desse tipo de aproximação, principalmente com pessoas que eu mal conheço, mas com ela era diferente, pra ser honesta eu coloquei meu braço por cima de seu corpo, a abraçando e a prensando um pouco mais contra mim e então passamos algumas horas assim, sem que eu sentisse a menor vontade de me retirar daquela cena..


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≿⁞Dias de atualização: Quinta, sábado e domingo.

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