Capítulo 29 - Arthur?

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— Já falei que não quero sair — respondi puxando o cobertor até o queixo. Magui o arrancou de minhas mãos e jogou no outro lado da sala.
    — Você vai sair sim. Daqui a pouco vou te encontrar enterrada nesse sofá de tanto tempo que você passa aí.
    — É a intenção — retruquei.
    A garota segurou meu braço me puxando para fora do sofá.
    — Anda, vai trocar de roupa. Daqui a pouco o Carlos está aqui para nos buscar.
    Não tinha como discutir com Magui, ela sempre saía ganhando.
    A contra gosto, fui até meu quarto e troquei meu pijama de florzinhas por uma calça jeans e uma blusa simples. Não estava afim de extravagância naquele dia, eu só queria voltar pro sofá e dormir.
    Minha melhor amiga me analisou de cima a baixo e suspirou parecendo frustrada.
    — Ok, pelo menos você não vestiu um moletom.
    Revirei os olhos e peguei minha bolsa antes de sair do apartamento. Esperei ela sair para trancá-lo e então fomos para a rua esperar o namorado de Magui. Ele não demorou muito para chegar.
    — Olá, gurias — Carlos falou baixando a janela do carro.
    Magali sorriu e deu um selinho no namorado.
    Ignorei a melação e entrei sentando no banco traseiro.
    Quando já estávamos todos a postos, o garoto dirigiu em direção a um bar que eu já havia ouvido falar, mas nunca tinha frequentado. Por fora era bem simples, cercado até o alto com algumas mesas espalhadas ao ar livre, uma porta levava para o lado de dentro. 
    Carlos nos deixou na frente e foi procurar um lugar para estacionar. Não perdemos tempo em entrar no estabelecimento.
    Dentro era igualmente simples, embora alguns quadros decorassem as paredes. Acabamos indo sentar em uma mesa de quatro, não tivemos dificuldades em achar lugar já que não estava muito lotado. 
    — Já veio aqui? — perguntei largando minha bolsa no encosto da cadeira.
    Magui negou com a cabeça.
    — Carlos disse que veio algumas vezes com o pessoal da faculdade.
    Certo.
    Tirei meu celular da bolsa e comecei a olhar distraidamente meu instagram, algo que eu vinha fazendo muito nos últimos dias desde que virei oficialmente uma desempregada.
    — Jennifer?
    Levantei a cabeça para a pessoa até então desconhecida por mim. Arqueei as sobrancelhas um pouco surpresa.
    — Ahn… 
    — Arthur — o homem falou parecendo querer me fazer lembrar dele — Irmão do Romeo. Nos conhecemos no evento de caridade.
    — Ah, sim — falei forçando um sorriso — Eu lembro desse dia.
    O moreno continuou sorrindo, o que me deixou desconfortável.
    — Acho que não tivemos a oportunidade de conversar muito naquele dia.
    — Sim, acabei indo embora mais cedo.
    Magali nos observava curiosa.
    — Soube que você se demitiu.
    Concordei com a cabeça um pouco receosa. 
    — Digamos que eu e seu irmão não nos demos bem — aquilo não deixava de ser verdade.
    — Romeo é um cara difícil de lidar — falou o óbvio.
    Carlos apareceu de repente e Magui se levantou assim que o viu.
    — Amiga, a gente vai fazer os pedidos, vai querer o que? — a garota falou já saindo de perto.
    — Um chopp — respondi antes de vê-la sumir, me deixando sozinha com o irmão de Romeo. Ele pareceu aproveitar a oportunidade e se sentou ao meu lado sem ser convidado.
    — Daniela me falou sobre o envolvimento de vocês — ele admitiu.
    Aquela fofoqueira.
    — Seja lá o que ela tenha contado pra ti, não existe mais.
    Se dependesse de mim, nunca mais olharia na cara de Romeo Russo.
    Arthur sorriu, parecia se divertir com a situação.
    — Achei mesmo estranho meu irmão se envolver com alguém. Ele não é do tipo que tem sentimentos.
    Ah, eu sabia muito bem disso. 
    — Ah não ser pela Natasha — acabei falando sem pensar.
    Arthur me olhou surpreso, provavelmente não esperava que eu soubesse a história.
    — Bem… — ele começou — com Natasha as coisas foram intensas para Romeo. Ele era realmente apaixonado por aquela mulher, não duvido que ainda seja.
    Eu também não.
    — Eu não me importo — menti — Cansei de jogar com Romeo. 
    — Você acha que foi apenas um jogo para ele?
    — Como ele faz com todas as outras — acrescentei.
    — Isso a gente pode descobrir agora — ele falou tirando o celular do bolso e digitou alguns números antes de começar uma chamada. O nome de Romeo apareceu na tela.
    — O que você está fazendo? — perguntei, começando a entrar em pânico. Arthur fez sinal de silêncio quando Romeo atendeu a ligação.
    — O que você quer? — ele parecia irritado
— Daniela me contou sobre a estagiária — Arthur me encarava, estava falando de mim.
— E daí? 
— Só queria saber como você está.
Fiquei escutando atentamente a conversa.
— E desde quando você se importa com como eu estou? — ele estava claramente irritado com alguma coisa, alguém. Eu até imaginava que pudesse ser eu.
— Me preocupo contigo desde o que aconteceu com a… com a Natasha.
Aquele nome ainda mexia comigo.
— É passado.
— Essa garota, Jennifer. Você gosta mesmo dela?
Agora era a hora da verdade. Foi tudo um jogo, ou ele realmente se importava comigo? Por incrível que pareça, eu já sabia a resposta.
— Onde você quer chegar com isso?
— Só me responda.
— Não, agora para de encher o saco — Romeo falou antes de desligar sem esperar uma despedida.
Sempre foi um jogo, e essa era a prova que eu precisava para aceitar isso.
Arthur guardou o celular no bolso antes de olhar para mim com cara de pena.
— Sinto muito — ele começou, mas neguei com a cabeça.
— Já falei que não estou nem aí para o seu irmão, a melhor coisa que fiz foi sair daquela empresa.
Para a minha sorte, Magui chegou bem na hora com minha bebida.
— Obrigada — falei pegando o copo e bebi um longo gole. A bebida amarga desceu com tudo pela minha garganta.
As três pessoas presentes na mesa me encararam um pouco chocadas. Dei de ombros e bebi mais um gole.
Carlos e Magali se apresentaram para Arthur, que por algum motivo decidiu ficar com nós na mesa. Acabamos conversando bastante com ele, até conseguiram me tirar algumas risadas.
Na hora de ir embora, Arthur se ofereceu para me levar, visto que eu não estava em meu melhor estado, e Magui iria passar a noite na casa de Carlos. Nem pensei muito quando aceitei.
Ele tinha um carro com cara de ser caro, daqueles que você se deixaria ser atropelado só para ganhar uma boa indenização. Na verdade, era quase uma honra ser atropelada por um carro daqueles. 
Entrei no banco do carona e coloquei o cinto enquanto esperava Arthur fazer o mesmo. Logo ele estava indo na direção em que indiquei ser minha casa.
— Você mora sozinha? — ele puxou assunto após alguns minutos de estrada.
— Com minha mãe.
— Quantos anos tem mesmo?
— Vinte e dois.
— Ah sim — ele voltou a ficar em silêncio, também não me esforcei em falar algo.
Quando ele parou na frente de meu apartamento, tirei o cinto e fiz menção de sair do carro, mas Arthur segurou meu pulso. Virei na direção dele curiosa.
— Esqueça Romeo. Ele não te merece.
Arqueei um pouco as sobrancelhas, eu não esperava escutar aquilo.
— Querido, eu não estou nem pensando nele — falei antes de puxar meu braço e sair.
Arthur buzinou antes de arrancar para longe.
A quem eu estava querendo enganar? Romeo não saía da minha cabeça um segundo. Aquele idiota estava me destruíndo.
Comecei a chorar ali mesmo, na calçada em frente ao meu prédio.

Espero que tenham gostado ♡
Esse provavelmente é o último capítulo do ano, mas voltamos no início de 2021!

Maldito CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora