O tempo passou, e quando vi minha mãe já estava de volta. Como eu contaria que estava grávida? Ela ia me matar.
— Mãe, o que está fazendo? — perguntei ao vê-la no quarto colocando as roupas dentro de malas, e não o contrário.
Ela levou um pequeno susto quando me viu parada na porta de seu quarto.
— Eu... bem... — ela ficou alguns segundos sem falar — Acho que está na hora de você se virar sozinha, sabe? Já tem um emprego, está na idade de começar a planejar o futuro...
Se ela soubesse que eu me demiti, estaria me estrangulando agora.
Não a deixei terminar de falar.
— Espera aí. Você vai morar com aquele cara?
— Não chame ele assim — ela reclamou, mas não negou.
Bem, eu não estava esperando por aquilo.
— Não ficou chateada, né?
Minha mãe largou as roupas que segurava e veio me abraçar. Acabei retribuindo.
— Na verdade, não. Só quero sua felicidade — E eu realmente queria.
— Estou feliz, prometo — a mais velha sussurrou contra meus cabelos.
Passamos o resto da manhã juntas, assistindo televisão e falando sobre a viagem que ela recém voltara. Aquele seria nosso último dia morando juntas, então tínhamos que aproveitar.
Não contei para minha mãe sobre a gravidez, não depois de vê-la tão feliz por finalmente reencontrar o amor. Tenho certeza que se ela soubesse do filho que carrego, abandonaria todos seus planos e continuaria a viver comigo, infeliz.
Ajudei minha mãe a colocar as malas no táxi que ela chamou e me despedi acenando conforme o carro se afastava, até que não a vi mais.
Suspirei cansada e voltei para meu apartamento, vazio e entediante.
Já era quase hora do almoço, e eu precisava comer alguma coisa mesmo não estando lá com muita fome. Prometi para Tulipa e Magui que me alimentaria direito agora que estava comendo por dois.
Sim, eu tinha contado para a minha melhor amiga sobre a gravidez, não tinha porque esconder. Magali era minha maior confidente, e eu sabia que poderia contar com ela sempre. Ela e Tulipa eram as únicas que sabiam de minha condição, e eu pretendia que continuasse assim.
Quanto a um emprego, eu ainda não sabia como resolver isso. Minha mãe continuaria a pagar o aluguel do apartamento, mas o resto cabia a mim resolver, e naquele momento eu me encontrava desempregada.
Estava deitada no sofá quando escutei o interfone tocar. Quando o atendi, me surpreendi ao ouvir a voz de Arthur.
— Posso entrar? — o homem perguntou após trocarmos algumas palavras.
— Sim, sim. Um minuto.
Liberei a entrada dele e em poucos minutos batidas na porta ecoaram.
Quando a abri, me deparei com Arthur e um imenso buquê de flores.
— Para você — ele me estendeu as flores.
Peguei o buquê com cuidado e sorri em agradecimento.
— Pode entrar— falei indo até a cozinha onde enchi uma jarra com água e coloquei as flores dentros.
Percebi que Arthur rodeava o apartamento, analisando cada canto.
— Não é muito grande, mas para mim serve — falei me aproximando dele.
— Onde está sua mãe?
— Ela se mudou para a casa do novo namorado — dei de ombros.
— Então você está morando sozinha?
Concordei com a cabeça.
Arthur chegou perto de mim e segurou meu cotovelo.
— Fiquei preocupado com você naquela noite. Não pude vir antes para ver como você estava.
Eu sabia que ele se referia ao jantar na casa de Romeo. A verdade é que eu só fui, pois Arthur disse que seria bom fazer o Romeo tomar do próprio veneno. Me arrependi amargamente de ter aceitado.
— Está tudo bem, sério. Eu acabei passando mal e Tulipa se dispôs a me levar para casa, eu não quis atrapalhar o jantar — Aquilo não deixava de ser verdade. Ao chegar em casa, vomitei até as tripas, mas sabia bem o motivo.
— Tem certeza que não foi por causa do Romeo? Eu não fazia ideia de que aquilo fosse acontecer. Pensei que Natasha o deixara justamente por o filho não ser dele.
Eu também, acabei deixando minha resposta apenas em pensamento.
— Você está vendo que estou completamente bem, não precisava ter vindo até aqui.
Dei um passo para trás, me afastando do toque dele.
Arthur concordou com um leve aceno de cabeça, mas não se mexeu para ir embora.
— Precisa de mais alguma coisa? — questionei já um pouco irritada. Eu só queria ficar sozinha e dormir no sofá.
Ele me encarou sério por alguns segundos, e então avançou em minha direção, chocando seus lábios contra os meus. Levantei os braços para afastá-lo, mas Arthur me segurava com força.
Murmúrios de indignação sairam da minha boca. Que porra ele achava que estava fazendo?
Quando ele finalmente se afastou, dei um tapa em seu rosto.
— Sai daqui — apontei para a porta — Agora.
Ele riu.
— Você é burra mesmo. Continua apaixonada pelo idiota do meu irmão.
Senti meu rosto esquentar de raiva.
— Apaixonada ou não por Romeo, eu jamais iria gostar de ti. Entendeu? Não sei como achou que minha gentileza pudesse ser algo a mais, mas você estava errado. Agora sai daqui!
Arthur levantou as mãos como se estivesse se rendendo, claramente tirando sarro da situação, mas deu meia volta e caminhou para fora do apartamento. Ele apenas parou um momento para falar:
— Ele usou você, e vai usar de novo se você der a oportunidade.
Só consegui voltar a respirar quando fechei a porta e a tranquei.
Nada na minha vida estava dando certo, absolutamente nada. A minha vontade era a de fugir, mas não tinha para onde ir, e nem dinheiro para fazer tal coisa. Agora eu precisava pensar no bebê que crescia dentro de mim, era ele que merecia cem por cento da minha atenção.
Determinada, peguei meu celular e pesquisei por lugares que estavam aceitando empregados novos. A minha experiência era pouca, mas eu sabia que cada detalhe contava pontos na hora da entrevista de emprego.
Mandei meu currículo para lojas que vendiam tudo que era tipo de coisa. Um estágio em uma empresa como a do senhor Russo não me daria dinheiro o bastante, precisava arrumar um emprego de verdade.
Bloqueei o celular quando já estava com os olhos doendo de tanto olhar para a tela iluminada.
Rezava para que alguma das lojas me chamasse, ou eu estava completamente lascada.
— Eu prometo te dar uma vida boa — sussurrei olhando para minha barriga. Ela quase não crescera, dificilmente alguém pensaria que eu estava grávida até os próximos meses, mas eu sabia que uma vida estava sendo gerada dentro de mim — Eu prometo.
Deslizei a mão por meu ventre por alguns segundos e então voltei para onde eu mais desejava estar naquele momento, o sofá.
Aquele dia seria meu para fazer o que quiser. No dia seguinte, precisava ir atrás de emprego e trancar a faculdade. Minha vida seria diferente a partir daquele momento, eu era uma mãe solteira agora.
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Maldito CEO
RomanceSérie Malditos Galãs- Livro 1 Quando Jennifer Alves conseguiu um emprego na sede de uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil, não imaginou que teria que lidar com um CEO bipolar, e muito menos que conheceria na mesma época um cara misterio...