No dia seguinte, acordei com um pouco de dor de cabeça, mas nada sério. Minhas ressacas não eram intensas, uma baita sorte. Me arrumei para o trabalho, dessa vez um pouco menos formal, fui com uma saia soltinha azul marinho e uma camisa de botões branca.
Já na minha mesa, organizei algumas folhas que Daniela deixou lá antes de eu chegar com um post-it colado em cima. Eu precisava colocá-las em ordem cronológica e depois devolvê-las para ela, era tão simples que em questão de meia hora já havia terminado.
Fui para a mesa da Daniela e larguei as folhas na sua frente.
— Aqui está — falei sorrindo — Exatamente como você pediu.
A mulher suspirou aliviada e pegou o monte de folhas.
— Obrigada, Jennifer. Você salvou meu dia — ela levantou e foi em direção à porta do Senhor Russo, que ficava bem ao lado da mesa dela — O chefe aqui é fissurado por organização, se ele chegasse sexta e não visse os documentos em ordem, ia ter um ataque — falou rindo.
— Ele está viajando? — perguntei curiosa, ainda não havia conhecido o Diretor da Indústrias Russo.
— Sim, foi uma viagem de última hora. Ele volta sexta à tarde — pela minha cara ela percebeu meu desânimo — Você vai ter o desprazer de conhecê-lo, não se preocupe — brincou.
Eu ri da piada, torcendo para que fosse mesmo uma.
Deixei que Daniela entrasse na sala e aproveitei o momento para dar uma espiada. Era um típico escritório como vemos nos filmes, uma mesa de madeira com um computador e outros utensílios de escritório em cima, uma cadeira estofada preta que exalava poder, uma estante de livros logo atrás e mais duas cadeiras na frente da mesa. O resto do espaço estava vazio, apenas com um bidê suportando algumas garrafas de bebida alcoólica. Das janelas dava para se ver a vista fantástica da cidade, embora a sala não ficasse em um andar alto.
Voltei para minha mesa e continuei a trabalhar. A antiga estagiária havia deixado várias anotações úteis que eu poderia tirar proveito. Foi assim que passei o resto da manhã até a hora do almoço, quando Daniela apareceu na minha mesa segurando a sua bolsa.
— Quer ir almoçar com a gente? Assim você conhece melhor o pessoal do nosso andar — sugeriu.
Aceitei de bom grado.
— Claro!
— Então vamos.
Peguei minha bolsa e acompanhei Daniela para fora do prédio. Na calçada algumas pessoas nos esperavam, duas mulheres e um homem. Daniela me apresentou cada um deles. Amanda era uma ruiva um pouco acima do peso, mas ainda assim linda, que trabalhava na parte do financeiro em outro andar, ela havia dito que entrou na empresa com a minha idade e conseguiu uma boa promoção por conta do ótimo desempenho lá dentro. Tulipa, cujo nome achei curioso, tinha os cabelos lisos bem escuros e pele clara, ela trabalhava na gestão e desenvolvimento de recursos humanos. Já Jônatas, o único homem do grupo, tinha o cabelo loiro e uma barba por fazer no mesmo tom, era alto e esguio, ele trabalhava no controle de sistema de qualidade.
Nós fomos todos a pé até um restaurante algumas quadras longe do escritório. O lugar servia comida italiana, uma das minhas preferidas.
Sentei ao lado de Jônatas e de frente para Daniela.
Logo apareceu um garçom para anotar nossos pedidos. Depois que ele foi embora, começamos a conversar.
— Então você cursa administração? — perguntou Tulipa.
— Sim, estou no sexto semestre — respondi ao perceber que ela falava comigo — Acabei entrando um pouco atrasada, porque estava tentando passar em medicina.
Ela arqueou as sobrancelhas surpresa.
— E porque desistiu? — foi Jônatas quem questionou.
— Acabei percebendo que era só um sonho louco de adolescente — dei de ombros — Eu era fascinada por séries médicas e achava que era isso que eu queria ser. Sabe como é, Grey's Anatomy mexe com a cabeça das pessoas — eu ri.
— Eu quem diga — respondeu Daniela — Até hoje não superei a morte do Sloan.
— Ah, muito obrigada pelo spoiler — Amanda falou lançando um olhar mortal em direção à Daniela — Você disse que estava na terceira temporada sua mentirosa. Era para assistirmos juntas!
Observei curiosa enquanto as duas discutiam sobre quebrar promessas e sabe-se lá mais o que.
— Só ignora, essas duas brigam toda hora. É isso que dá namorar colega de trabalho — Jônatas sussurrou no meu ouvido, me fazendo levar um pequeno susto com a aproximação.
— Elas namoram? — perguntei curiosa.
Ele concordou com a cabeça.
— Já faz dois anos, e a cada dia eu temo que uma mate a outra — brincou e nós dois rimos.
Observando as duas, percebi que elas combinavam. Formavam um belo casal.
Assim que nossos pratos chegaram, um silêncio se instaurou na mesa, todos estavam preocupados demais com a comida. Foi na volta para o escritório que continuamos a conversar.
— Dani, coloca ela no nosso grupo do whats — Tulipa falou enganchando o braço em meu pescoço — Ela vai ser tipo a nossa mascote.
— Cuidado que eu mordo.
— A gente não esperava outra coisa — Jônatas falou entrando na brincadeira.
Dei um leve soco em seu ombro, mas acabei rindo.
Dentro do escritório, cada um voltou para seu posto de trabalho. Descobri que a mesa de Jônatas era a mais próxima da minha. Era bom saber disso, pelo menos teria alguém para conversar de vez em quando.
Trabalhei até às três da tarde, quando meu expediente finalmente acabou. Nesse meio tempo organizei mais folhas e troquei o toner da impressora. Não tinha muito o que fazer com o Diretor Executivo viajando, foi o que Dani me contou.
Peguei o ônibus e em questão de minutos eu estava em casa, onde aproveitei para tomar um banho e descansar no sofá antes de ir para a aula. Eu cursava administração à noite, tinha aula quatro vezes por semana presencialmente, fora duas cadeiras EAD. O curso era um pouco puxado, principalmente agora que eu estava fazendo meu estágio obrigatório para me formar, mas eu dava meu melhor e sempre tirava notas boas. Minha mãe vivia dizendo que eu era o orgulho dela, e que um dia me tornaria alguém importante, embora eu acreditasse que todo mundo tinha a sua própria importância.
Deitei no sofá da sala de estar, que dividia o mesmo ambiente com a cozinha, e mexi no celular por algum tempo. Entrei nas redes sociais para ver se tinha alguma novidade, mas nada de muito interessante. Quando estava quase na hora de ir para a faculdade, troquei de roupa, pois havia vestido meu pijama, e arrumei minha mochila com os materiais que usava na aula.
Eu fazia o trajeto de ônibus, o que me custava meia hora até chegar lá. Meu objetivo de vida era comprar um carro, mas para isso precisaria guardar um bom dinheiro. Minha mãe podia me comprar um, ela até se ofereceu, mas eu recusei, pois ela já pagava minha faculdade e me deixava morar com ela. Não queria ser cem por cento dependente da minha mãe.
No caminho acabei perdendo meu tempo pensando no cara que me largou na festa e saiu apressado. Aquele babaca não quis nem me dizer o seu nome! Qual era o problema dele afinal? A sorte é que eu não voltaria a vê-lo, até porque nem conseguiria reconhecer ele, estava bêbada demais naquela noite. Eu definitivamente não queria voltar a vê-lo.
Apoiei a cabeça na janela do ônibus e fiquei observando o movimento do lado de fora enquanto esperava chegar na minha universidade.
Capítulo 3!!
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Maldito CEO
RomanceSérie Malditos Galãs- Livro 1 Quando Jennifer Alves conseguiu um emprego na sede de uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil, não imaginou que teria que lidar com um CEO bipolar, e muito menos que conheceria na mesma época um cara misterio...