Capítulo 8 - Jenn do telhado

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 Era finalmente sexta-feira. Fora uma semana de trabalho e estudos cansativa, mas eu estava feliz por tudo estar dando certo. Fiz amizades no trabalho e consegui colocar o conteúdo da faculdade em dia, tudo conforme o programado. A única coisa que ainda me incomodava era R, aquele cara era muito estranho e sem noção.

Eu estava com medo de voltar na boate e ver ele lá, então convenci Magui a irmos em um bar perto de onde trabalho. Seria bom para fugir de R, e também para renovar os ares, já que nossa boate preferida estava ficando enjoativa demais. Precisávamos ver pessoas novas.

Quando chegamos no lugar, acabei me impressionando um pouco. Tinha um ar rústico, mas sem parecer desleixado ou coisa do tipo. Era um rústico chique, por assim dizer. Não havia muitas pessoas, pois ainda era um pouco cedo, então conseguimos encontrar uma mesa boa, que coubesse nós duas e o atual ficante de Magui.

— Eu gostei do lugar — Magui comentou quando nos sentamos.

Eu sorri.

— É bem bonito mesmo.

— Vocês nunca tinham vindo aqui? — perguntou Carlos, o ficante da minha amiga.

Carlos trabalhava como técnico de informática em uma empresa de software, eu não entendia nada do assunto, então pedi para que ele não entrasse em muitos detalhes. Ele tinha vinte e seis anos, um pouco mais velho que Magali, cabelos castanhos crespo e pele clara. Conheceu Magui em um evento de uma ONG de animais abandonados. Os dois tinham em comum o amor por animais e natureza, era até fofo vê-los conversando animados sobre isso.

Magui estava já há duas semanas com ele, mas os dois concordaram que não era nada sério, por isso eu e minha amiga ainda ficávamos de vez em quando. Eu torcia para que eles dessem certo e começassem a ficar para valer, pois Carlos parecia ser o cara certo para a minha amiga.

— Nunquinha — respondeu minha amiga.

— A gente gosta mais de boate — admiti — Dançar, beijar umas boquinhas...

— Transar — Magali completou, fazendo-nos rir.

Pedimos cerveja e alguns petiscos, e depois ficamos conversando sobre coisas aleatórias.

Eu conseguia ver a química entre minha amiga e Carlos, mas quando eu lançava olhares incentivadores pra ela, a burra apenas franzia o cenho e ignorava. Eu sabia o quanto Magali tinha medo de entrar em um novo relacionamento, depois de tudo o que passou no antigo, mas eu não deixaria ela perder uma oportunidade sem tentar.

Depois de um tempo, decidi que estava na hora de deixá-los sozinhos.

— Eu vou no banheiro — falei me levantando.

— Deixa que eu vou junto — Magui se ofereceu, mas eu neguei.

— Não há necessidade. Volto em um instante.

Dito isso, me afastei dos dois os deixando sozinhos e rumei para o banheiro.

Me encarei na frente do espelho por alguns segundos. Eu estava bonita, com o cabelo loiro solto, pouca maquiagem, uma calça jeans azul claro e um cropped ombro a ombro que valorizava meu busto. Uma pena que não havia ninguém interessante no bar para investir, e eu constatei isso olhando ao meu redor várias vezes enquanto bebia minha cerveja.

Depois de alguns minutos fingindo fazer alguma coisa no banheiro, saí e olhei de longe para a nossa mesa. Magui ria de algo que Carlos estava contando, não era eu que ia estragar aquele momento.

Percebi que numa lateral no bar havia uma porta que levava para uma área aberta, provavelmente destinada aos fumantes, mas por sorte ao me aproximar constatei que estava vazia.

Maldito CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora