Cheguei em São Leopoldo, e já estava preparada para conseguir um ônibus que me levasse de volta a Porto Alegre.
Andei pela rodoviária até encontrar o local onde comprava as passagens. Tinha uma pequena fila, mas eu teria que esperar um pouco.
Não demorou para que fosse minha vez. Sorri um pouco nervosa para a atendente e coloquei o dinheiro em cima do balcão.
— Uma passagem para Porto Alegre.
A mulher sorriu e imprimiu minha passagem, logo pegando o dinheiro e entregando o troco junto. Agradeci e corri para a área de embarque e desembarque. Me sentei em um dos bancos vazios, e esperei impaciente até meu ônibus liberar.
Estava tudo indo bem, até que senti uma mão em meu ombro. Quando virei para ver quem era, meus pulmões ficaram sem ar.
Lucas sorriu, um sorriso nada acolhedor.
— Achou mesmo que ia conseguir fugir de mim? — perguntou agarrando meu braço e começou a me arrastar para fora da rodoviária.
Quando fui gritar, ele encostou uma lâmina em minhas costelas.
— Grita e eu te mato aqui mesmo — ameaçou.
Engoli seco e fiquei quieta.
Meu coração estava a mil, eu sabia que nunca mais conseguiria fugir. Fui desatenta e me deixei ser pega mais uma vez. Lágrimas inundavam meu rosto conforme nos dirigimos para o lado de fora.
— Ei, é ele! — alguém gritou e logo vários policiais correram em nossa direção.
Lucas grunhiu irritado e subiu a lâmina para meu pescoço.
— Mais um passo e ela morre.
Os policiais pararam, mas não largaram suas armas.
— Vocês vão me deixar sair daqui, e talvez eu não a mate — continuou as ameaças.
Eu não sabia o que pensar, mal conseguia respirar. A lâmina fria se apertava contra meu pescoço, o suficiente para não matar, mas um aviso letal do que me aguardava se eu tentasse me soltar.
— Solte a garota! — um dos policiais gritou. Lucas o ignorou.
Ele foi dando passos para trás, e me puxando junto. Mas, quando estávamos perto da porta de saída, senti o braço dele sobre mim vacilar, e logo o homem estava no chão, e sangue escorria por seu peito.
Me joguei para frente em um impulso de ir para longe, mas acabei apenas caindo no chão. Um policial veio me socorrer.
— Você é Jennifer Alves?
Concordei com a cabeça, tremendo pelo que tinha acabado de passar.
O homem envolveu meus ombros e me ajudou a levantar com cuidado. Fui levada até uma viatura.
— A poucos minutos recebemos a denúncia de sequestro. Me de alguns minutos, vou alertar as outras unidades de que a encontrámos — Ele se afastou, me deixando sozinha dentro do carro.
Vi uma ambulância chegar, e carregarem Lucas em uma maca para dentro dela. Eu duvidava de que ele fosse sobreviver, mas era trabalho dos paramédicos levá-lo até o hospital.
Logo o mesmo policial que me ajudou voltou com um copo de água e me entregou.
Bebi o copo inteiro, estava morta de sede.
— Vamos levá-la para Porto Alegre. Precisamos de um relato completo do que aconteceu, tudo bem? Podemos chamar seus parentes no caminho.
Apenas acenei com a cabeça, sem conseguir pronunciar uma palavra. O choque continuava grande.
Eu estava realmente livre? Já tive aquele mesmo sentimento antes, e acabei me ferrando mais uma vez. Seria demais acreditar que agora era real? Que eu voltaria para casa, para Romeo.
Fechei os olhos durante a viagem de volta para Porto Alegre, e nem percebi que peguei no sono até que o policial veio me acordar.
Fui levada para a delegacia e lá me fizeram contar tudo o que aconteceu, nos mínimos detalhes. Falei sobre o sequestro no shopping, a longa viagem de carro. Também falei sobre o homem que me salvou, mas não soube dizer exatamente onde fui mantida em cativeiro, apenas que ficava longe da cidade. Contei como fui parar em São Leopoldo, e que Lucas me encontrou lá e estava me levando de volta para o cativeiro quando os policiais apareceram.
Quando terminei meu relato, me deixaram em uma espécie de sala de espera, e alguns minutos depois a porta abriu. Romeo disparou sala adentro. Ele estava com o cabelo bagunçado e as roupas eram as que usava em casa.
Assim que nossos olhares se encontraram, comecei a chorar mais uma vez. Meu noivo veio em minha direção e me tomou em seus braços, me abraçando com tanta força que quase chegava a doer, mas eu não me importava nem um pouco com isso.
— Vai ficar tudo bem, eu prometo — ele sussurrou contra meus cabelos — Ninguém mais vai te machucar.
Solucei alto e envolvi meus braços ao redor do pescoço de Romeo. Eu não queria sair daquele abraço nunca mais.
— Precisamos ir ao hospital, ver como você está. Como o bebê está.
Concordo com a cabeça e levantei com a ajuda dele.
Romeo me segurou protetivamente enquanto caminhávamos para fora da delegacia. Entramos em seu carro e fomos direto para o hospital, onde fui rapidamente atendida.
Depois de alguns exames, meu noivo foi chamado para me ver no quarto em que fui acomodada.
— Ela está bem, apenas um pouco desnutrida — a médica informou.
— E o bebê? — ele perguntou vindo em minha direção e segurou firme minha mão.
— Crescendo e saudável.
Só assim conseguimos suspirar aliviados.
— Já posso ir para casa, doutora?
— Sim, mas você precisa descansar bastante. Tire essa semana de folga para recuperar as forças, e se hidrate.
Aceitei todas suas exigências, e Romeo me ajudou a colocar as roupas que me trouxe assim que ela saiu do quarto.
— Vamos para casa — falou envolvendo meus ombros e depositou um demorado beijo no topo de minha cabeça.
— Sim, para casa.
Fechei os olhos aliviada e me deixei aproveitar aquele momento por alguns segundos.
Eu estava a salvo, e Lucas não voltaria mais a me importunar.
Tudo voltaria ao normal, e eu nunca mais sairia de perto de Romeo. Nunca mais.
E se eu disser pra vocês que o próximo capítulo é o EPÍLOGO?
Mds eu tô surtando.
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Maldito CEO
RomanceSérie Malditos Galãs- Livro 1 Quando Jennifer Alves conseguiu um emprego na sede de uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil, não imaginou que teria que lidar com um CEO bipolar, e muito menos que conheceria na mesma época um cara misterio...