Uma semana havia passado mais rápido do que eu imaginei que passaria, infelizmente o aniversário do meu irmão seria no próximo final de semana, então bem ou mal, eu teria que voltar pra casa.
Antes, eu até gostaria que meus pais pelo menos lembrassem que eu existo e viessem atrás de mim, mas agora não quero sair daqui. Tenho alguém para compartilhar meu tempo, não preciso mais conversar com paredes.
O ruim de estar na minha pele é isso, o colégio é um mar de leoas prontas para me comer viva, eu não posso confiar em ninguém além de Jisoo, mas agora parecia que eu estava começando a confiar em alguém que não fosse minha melhor amiga.
Do que adianta estar rodeada de “suditas” e mesmo assim, na primeira oportunidade elas vão querer minha cabeça?
Não gosto de pensar nisso, mas é a verdade. Todas as garotas do colégio me odeiam ou tem medo de mim, ninguém na realidade quer saber o que eu sinto por dentro, elas preferem me julgar por ser uma vadia ruim.
Mas com ela é diferente.
Demonstrei desde o momento que ela chegou aqui, que eu queria sua cabeça. Quando eu tive a pequena crise no banheiro, Lisa poderia muito bem ter me deixado lá, mas não, ela me ajudou. Ela quis me ajudar.
Lalisa não se importou se eu queria humilhar ou dimimuir ela naquele momento, apenas ajudou uma garota desconhecida que precisava de ajuda. Seu coração é nobre, é bonito, e eu quero ele.
— Como se sente sobre ir pra casa essa semana?
— Não sei, mas vai ser bem chato ficar trancada o tempo todo no quarto.
Jisoo gargalhou, mordendo um pedaço de frango frito. — Vai sentir minha falta?
— Você vai estar na festa, sua feia. — joguei uma batata frita nela, que desviou rápido.
— Feia? — gargalhou — Isso é algo que eu não sou.
— Tem razão. — mordi uma batata dessa vez — Se eu convidasse a Lisa para ir comigo?
— A Hwasa não vai permitir.
— E se eu conversar com ela?
Jisoo me encarou. — Você pode tentar, mas sabe muito bem que os pais precisam permitir.
E ela tinha razão. Jisoo só iria estar no dia da festa comigo, no domingo ela iria em um jantar beneficente com seus pais e eu iria ficar sozinha, esperando que a segunda de manhã chegasse, para que o motorista me trouxesse.
Porém, se eu levasse Lisa, ela poderia ficar hospedada na minha casa, poderíamos fazer programas fora da escola e talvez até criar mais intimidade.
Uma lâmpada pareceu acender em cima da minha cabeça, a idéia é perfeita. Agora, eu preciso convencer Hwasa a deixar eu falar com os pais de Lisa e manipular eles para deixá-la ir.
— Te vejo mais tarde! — me levantei da cadeira, correndo para fora do refeitório, deixando minha melhor amiga confusa e com um balde de frango frito.
Corri até o campus, onde vi Lisa deitada na grama com um livro e Rosé com seu violão, preparando notas. Ryujin estava do outro lado com uma menina de cabelos pretos, Irene e Seulgi estavam lendo um livro juntas.
— Lisa, preciso falar com você.
Ela me olhou. — O que aconteceu?
— Oi pra você também, princesa do gelo. — Rosé balbuciou.
— Oi, rockeirinha. — sorri, voltando minha atenção para Lisa — Vem logo!
Lisa sentou. — Mas...
— Vem! — puxei sua mão, até que ela levantou e a levei para perto de uma árvore.
— O que aconteceu, apressadinha?
— Eu tive uma ótima idéia para o final de semana. — sorri animada.
Lisa estava confusa. — E qual foi?
— Você quer vir pra minha casa esse final de semana?
Lisa arregalou os olhos, dando um passo para trás.
— Su-Sua casa?
— Sim?
— Mas... porquê?
Sorri. — É aniversário do meu irmão, então eu realmente preciso ir, — falei — a Jisoo estará também na festa, mas no domingo, vou ficar sozinha. — fiz um biquinho — Pensei em você ir comigo, podemos fazer alguns programas legais na cidade, sem sair escondidas.
— Oh, não não não, — gesticulou — isso é loucura! — disse — E também meus pais não iriam permitir isso.
— Por quê não?
— Porque por acaso, eles não a conhecem?
Peguei em suas mãos. — Você quer vir comigo? — mordi o lábio inferior, nervosa — Se você quiser, eu dou um jeito e consigo isso.
Lisa acabou por sorrir, abaixando a cabeça. Fui pega de surpresa quando ela olhou ao nosso redor, me puxou pela cintura e depositou um selinho bem rápido na minha boca.
Foi uma atitude que eu amei, ela nem ao menos se importou de esconder das garotas, foi rápido porque principalmente a senhorita Müller poderia nos ver e isso não seria muito legal.
— Se você conseguir isso, eu vou!
— Sério? — não consegui conter minha agitação — Ok, eu vou agilizar tudo, — me soltei dela, que fez um bico decepcionado — pode começar a preparar a mala, Lalisa Madelayne Manoban.
Ela estreitou os olhos. — Nem é convencida, Jennie Ruby Kim.
Soltei um beijo no ar pra ela, voltando para a parte interior do colégio. Comecei a trabalhar na minha cabeça um bom diálogo com Hwasa e os pais de Lisa no telefone, eu precisava ser muito convincente, ou passaria meu domingo triste, sentindo saudade dela.
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SCHOOL FOR GIRLS
Hayran KurguQuando Lalisa é mandada ao colégio interno para garotas em Londres graças a mais uma de suas tentativas de fuga de casa, ela se vê presa à um universo totalmente rodeado de rosa, glitter e muito batom. Lalisa não imaginava que estaria caindo em uma...