CAPÍTULO TRINTA E TRÊS

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Eu poderia dizer que estava explodindo de felicidade nesse exato momento, mas foi a batida na porta que me fez recuar com o que eu poderia dizer

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Eu poderia dizer que estava explodindo de felicidade nesse exato momento, mas foi a batida na porta que me fez recuar com o que eu poderia dizer. Dara como sempre era meu amor e meu ódio, na mesma proporção.

Sandara Park está na minha casa desde que meu irmão tinha pelo menos uns doze anos e eu quatro, ela veio para ser nossa governanta, mas acabou virando nossa babá.

Dara é uma das melhores pessoas que existe no mundo, quando contei pra ela que gosto de garotas, ela apenas disse que eu deveria tomar cuidado para não absorver comentários negativos.

Sandara foi meu porto seguro durante anos da minha vida, ela me ajudou com muitas coisas e ainda por cima, me dava o amor de mãe que nunca recebi da minha genitora.

— Já estamos indo, Dara! — eu falei, e mesmo sem entrar no quarto, eu sabia que ela havia assentido e saído para baixo.

— Jennie, não acha melh...

— Lisa, nós podemos conversar sobre isso mais tarde? — perguntei.

— Sobre isso o quê?

— Sobre o que acabamos de falar! — cruzei os braços na frente do peito — Olha só, eu não quero te pressionar, mas sei que algo está rolando aqui, e é algo muito forte... eu sinto isso. — suspirei.

Lisa fechou os olhos por um momento, respirando fundo. Nós duas sabíamos que essa conversa iria chegar em algum momento, estávamos ficando por mais o menos duas semanas, acho que é algo natural de ocorrer.

Talvez eu queira um relacionamento com Lisa e ainda não percebi, ou então talvez eu já esteja apaixonada por ela e não enxerguei isso, por medo de acabar sufocando-a e fazendo-a ir embora.

— Prometi à você que não iria pressionar, mas...

— Tudo bem, Jennie. — ela disse, me pegando de surpresa — Acho que precisamos mesmo falar sobre isso.

Me aproximei e peguei em suas mãos. — Vai dar tudo certo.

— Isso parece algum tipo de novela. — riu.

— Talvez seja. — dei de ombros, puxando-a pra fora do quarto — Talvez seja a nossa novela!

[ • • • ]

O dia havia passado bem rápido, depois que lanchamos e conversamos com Dara, mostrei o resto dos comodos para Lisa, mostrei onde geralmente fico quando me sinto sozinha e onde eu adoraria ter uma piscina, pena que Londres é frio demais.

Por incrível que pareça, o clima entre nós duas não ficou estranho, tudo parecia normal, como sempre. Lisa me roubou diversos selinhos quando Dara não estava por perto, e eu por fim, acabava sorrindo igual uma idiota.

Minha felicidade acabou no momento que escutei o portão abrindo e o carro do meu pai estacionando na garagem. Eu não havia avisado à eles sobre Lisa, mas provavelmente Dara já havia feito isso por mim, e da melhor forma.

Aproveitei que Lisa estava tomando banho e esperei meus pais entrarem em casa, quando isso aconteceu, eu quis muito gritar e berrar em seus ouvidos, mas eu tinha uma convidada lá em cima, que não merecia ouvir tudo isso.

— Querida. — meu pai me olhou.

— Jennie amor, voltou pra casa. — minha mãe sorriu.

Cruzei os braços. — Que saudades, pais! — ironizei — Dois meses sem notícias, não?

Vi as expressões deles murcharem.

— Estamos atolados de coisas filha, desculpe por isso.

— É bem mais fácil me jogar em um internato e me largar lá, né pai?

— Jennie...

Estendi a mão. — Olha, tanto faz o que vocês estão fazendo da vida de vocês, — eu falei — apenas vim avisar que estou com uma amiga, ela vai passar o final de semana aqui. Vai me acompanhar na festa do meu irmão amanhã!

Meu pai fechou a cara, desconfiado. — Uma amiga?

— Sim.

— Apenas amiga? — minha mãe forçou um sorriso.

A encarei. — Mesmo se não for, vocês não tem nada a ver com isso.

— Jennie, eu não quero esse tipo de coisa dentro da minha casa! — meu pai falou.

— Isso é ridículo! — sussurrei — Vocês esquecem que tem uma filha e agora querem bancar os pais preocupados? — sorri sem humor — Que bela piada.

— Jennie, se ela não for uma amig...

A interrompi. — Ela é uma amiga sim, então por favor, apenas façam seus teatros de pais ótimos e cuidadosos, que tudo ficará bem.

Virei para subir as escadas, mas a voz do meu pai me fez parar.

— Jennie, você sabe muito bem o que penso sobre isso. — agora seu tom era afiado como lâmina — Ainda tenho esperança que você será normal novament...

— Você não falou isso... — olhei para ele, dando um passo pra trás — , ainda acha que minha sexualidade é passageira papai, por favor, desça do cavalo. — engoli a vontade de chorar — Eu sou homossexual sim, eu gosto de garotas e pretendo me casar com uma mulher, entendeu? — reprimi a vontade de gritar — Uma mulher, um dia!

Com isso, não esperei respostas dele, subi as escadas correndo. Senti que meu coração novamente estava afundado, eles não entendiam a gravidade que isso me destruía, a forma como suas palavras machucavam mais que um soco.

Tudo que eu desejava era que meus pais compreendessem a forma como eu sou, como gosto de ser. Eu não vou me forçar a ser algo apenas porque eles não me aceitam. Se eles fossem mais ouvintes e compreensivos, talvez eu não me sentisse uma merda por dentro.

 Se eles fossem mais ouvintes e compreensivos, talvez eu não me sentisse uma merda por dentro

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