CAPÍTULO UM

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Já fazia mais o menos duas horas que havíamos pousado em Londres e o frio era um novo melhor amigo, pra mim

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Já fazia mais o menos duas horas que havíamos pousado em Londres e o frio era um novo melhor amigo, pra mim.

Quando meu pai disse que iria me jogar em um colégio interno à quatro dias atrás, por conta da minha forma de pensar até mesmo sobre mim, eu fiquei em total choque, mas tive que aceitar.

Marcos e Stella Manoban são meus pais e sei que estão tentando fazer com que algo de bom entre na minha cabeça, mas eu tenho um gênio persistente, talvez precisasse bem mais que um ano para encontrar o que eu precisava.

Inspirei o ar frio e tremi quando uma brisa gelada bateu no meu rosto. Senti a mão de mamãe agarrar meu ombro, encorajando-me. Estávamos de frente para o colégio mas conhecido como “prisão feminina”.

Parecia um enorme castelo moderno, com um jardim grande na frente e repleto de grama. Havia pilastras em alguns pontos específicos e pela forma como a propriedade era grande, fiquei imaginando como seria os dormitórios e outras áreas.

Tudo bem, ao mesmo tempo que estava irritada por em breve ser mantida em uma espécie de prisão, aquilo ainda me instigava. Imaginei quantas meninas estariam ali dentro estudando e fazendo atividades extracurriculares.

Além de geniosa, também sou bem curiosa.

— Vamos, — meu pai disse — a diretora nos aguarda.

Bufei umas três vezes enquanto caminhava no meio dos meus pais, em direção à prisão. O pensamento de visualizar o colégio como uma simples prisão, era o que acabava me deixando um pouco mais solta.

Eu sentia o nervosismo de mamãe emanar sobre ela, sentia a tristeza do meu pai de me deixar aqui, mas em sua cabeça dura, ele precisava fazer isso.

Obviamente eu deveria ter lutado mais sobre essa decisão dele, mas eu ficaria cansada mentalmente, e outra, uma nova aventura me aguardava nisso. Precisava apenas guardar energias para caso alguma garota cismasse com a minha cara.

— Boa tarde, sou Marcos Manoban. — meu pai disse à senhora de meia idade que veio nos receber — Minha família e eu temos uma reunião marcada com a diretora Maria.

— Oh claro, a senhorita Hwasa os aguarda. — ela sorriu educadamente — Por favor, sigam-me.

Agarrei o braço de mamãe e caminhamos juntas. Papai se posicionou ao lado da minha mãe, ele mais do que eu, sabia que seria ainda mais difícil pra ela, ter que me deixar aqui.

O colégio era ainda mais bonito e chique em seu interior. As paredes eram pintadas em um tom de branco misturados com bege bem claro, havia quadros com certificados e até mesmo uma prateleira de troféus.

O colégio era conhecido como um dos mais caros de Londres e mais confiável também, alguns pais largavam suas filhas lá, apenas para que possam se  divertir ou viajar à trabalho.

Pelo menos com homens não preciso me preocupar, aqui é proibido a entrada do sexo oposto, o que me deixa mais tranquila, afinal, alguns colégios internos misturados, não tem uma boa fama.

Assim que entramos diretamente no corredor, pude ver algumas alunas conversando, ou apenas passando. Elas vestiam um uniforme que consistia em uma saia de pregas cinza, blusa social branca com botões e gola alta, e um blazer da mesma cor. As meias chegavam até os tornozelos e um sapatinho era usado nos pés.

— Podem entrar. — a senhora que nos recebeu disse, abrindo a porta da sala da diretora.

Assim que entramos, meu coração deu uma freada. Maria Hwasa tinha um sorriso fino nos lábios, como se já soubesse os motivos de eu estar aqui e talvez ela soubesse mesmo.

— Sejam bem vindos ao nosso colégio. — fez um gesto com as mãos, para que sentemos na frente de sua mesa — Estou muito feliz em recebê-los aqui.

O sotaque londrino é bem legal, por sinal.

— Obrigada por nos receber, diretora. — apertou a mão de Hwasa — Essa é minha esposa Stella e minha filha, Lalisa.

— Olá. — Mamãe forçou um sorriso educado.

De repente os olhos de Hwasa se voltarão para mim, e eu gostaria muito que um buraco abrisse em meus pés, para que eu pudesse esconder minha vergonha.

Ela sabia de absolutamente tudo.

Engoli à seco quando ela franziu sua testa em dúvida, esperando algo sair da minha boca.

— O-oi. — eu disse.

— Quero que saiba que será muito bem tratada aqui, senhorita Manoban. — encorajando-me com palavras, ela sorriu — Não precisa ter medo. Sei que tudo que é diferente e novo passa uma certa insegurança, mas de forma alguma, a senhorita será hostilizada ou humilhada em nosso colégio. — disse — Não se preocupe com homens também, eles são proibidos aqui.

— Tudo... bem? — apertei os lábios, insegura.

— Ficar aqui durante seu ano letivo, aprender coisas novas e conhecer novas amigas, não será tão ruim. — Hwasa sorriu.

Eu quase sorri também, mas então minha ficha caiu de que eu ficaria ali durante um ano inteiro. Eu não iria voltar pra casa nem nos finais de semana, porque eu era dos EUA, e iria demorar muito, além de ser cansativo demais.

— Mãe, por favor,... — agarrei a mão da minha mãe — não me deixa aqui.

Os olhos de mamãe caíram tristes, pude vê-los começando a brilhar com lágrimas.

— Desculpe, querida.

Ela estava sofrendo tanto como eu, ou até mais. Eu não podia mostrar para o meu pai que era uma criança chorona, eu precisava enfrentar tudo isso e sair firme dessa.

Apenas um ano... repeti em minha cabeça. Um ano passaria bem rápido.

Depois de mais um pouco de conversa sobre formas de pagamento, regras do colégio e tudo mais, senti meu pai me abraçar bem forte, minha mãe fez o mesmo. Eu queria muito chorar, mas iria enfrentar meus próprios demônios pessoais.

Eu observei meus pais saírem tristemente da sala da diretora Hwasa e pronto, agora eu estava sozinha em um colégio interno para garotas, em outro país e sem conhecer ninguém.

— Tudo bem senhorita Manoban, como eu disse, é normal ficar nervosa nos primeiros dias.

— Talvez eu fique nervosa pelos próximos dez meses.

Hwasa soltou uma risada. — Que nada, você conhecerá as meninas de sua classe, e outra, você tem colegas de quarto.

— Isso também é triste. — bufei. Precisava aprender a ser menos egoísta com minhas coisas.

Hwasa pegou alguns papéis e veio ao meu encontro. Sua mão entrou em contato com meu ombro e por algum motivo, senti um certo apoio vindo dela.

— Não será difícil, uh. — me encorajou — Vamos, vou lhe mostrar seu quarto e os cantos do colégio.

 — me encorajou — Vamos, vou lhe mostrar seu quarto e os cantos do colégio

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