Prólogo

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                           Ana luz
                                         
                         Segunda- feira, 13:21

Sabe quando você percebe que nada parece dar certo pra você? e se pergunta o que fez de errado pra passar por coisas assim? Então, é justamente por esse momento que estou passando, ontem fez três anos que a minha mãe morreu, me deixando tristeza por sua morte e o enorme peso de ser responsável por meus irmãos.

Eu não posso dizer que não tenho ninguém, pois na realidade, moro na casa da minha tia, que é um amor de pessoa, mas também perpassa por uma enorme crise financeira, que só piorou nesses anos tendo que sustentar mais três bocas, Elisa é uma mulher forte, tem um espirito jovem, que me faz ter a sensação de que não importa o assunto, ela sempre vai te ouvir e não vai te julgar, ela é aquela pessoa em que sempre se pode contar, mas infelizmente há um ano e meio, mais ou menos, descobriu um problema de ordem neurológica, no qual eu não sei explicar muito, mas eu sei que estão a impedindo de trabalhar, por conta de desmaios repentinos, enormes dores de cabeça e acabam causando problemas na sua visão também.

Nessas horas a gente percebe o porque de os ricos continuarem ricos e os pobres continuarem pobres, na época em que descobriu a doença, tia Elena trabalhava em uma empresa privada, era meio que uma espécie de faz tudo, como teve que sair por motivos de saúde, ela deveria receber alguns valores por direito, mas a empresa não quis pagar, queria demiti-la sem direitos a nada, isso os levou para uma briga judicial, e adivinha? o dono da empresa ganhou, pois reduziu tanto o valor, que não chegou a um terço do que ela deveria ganhar, isso depois de ter enrolado ao máximo, fazendo a minha tia gastar mais ainda com advogado.

Enfim, nós estávamos em um momento bem ruim no geral, minha irmã já entende e é uma boa garota mas o meu irmão, ainda não entende muito bem ou faz questão de não entender, fico com a segunda, embora ele seja um bom menino, ele as vezes gosta de ser mimado, admito que eu devo ter a minha parcela de culpa nisso.

Pensar nisso me faz lembrar que é começo do ano e eu não tenho ideia de como vou fazer pra comprar material escolar para eles, muito menos o remédio da minha tia que já havia acabado, é provavelmente por isso que ela tem se sentindo tão mal e passado a maior parte do tempo dormindo, e evitando tocar no assunto pra não me preocupar.

Suspiro terminando de me arrumar e checando meus currículos dentro da minha pasta, estou indo para mais uma tarde cansativa, em busca de uma oportunidade de emprego, eu nunca trabalhei formalmente e isso reduz as minhas chances de trabalho, terminei o ensino médio ano passado e ajudo nas contas como posso, bicos fazendo maquiagens e cabelo ali, uma ajuda em um restaurante de um conhecido da minha tia aqui, e claro, com tia Elena devendo uma fortuna para o banco e eu para a minha amiga Gabi, e assim a gente tem levado a vida.

— Ana— Enzo apareceu em meu campo de visão com os olhinhos inchados de tanto dormir, já pensou um moleque desse tamanho dormir até essa hora?— Eu tô com fome.— sorri em sua direção.

Hoje eu fiz almoço de verdade a dificuldade realmente batendo em nossa porta, não estamos nos alimentando bem, eu já estava desesperada, quando vi uma ligação do seu Antônio ontem a noite, quase pulei de alegria quando ele me pediu para ir fazer uma diária no restaurante, hoje pela manhã, já consegui comprar algumas coisas que estavam faltando.

— Vem, vamos comer meu neném— o carreguei no colo, quase morrendo pois ele parece estar maior a cada dia, parece que foi ontem que ele era um bebê que chorava cada vez que me via indo para a escola— Não te quero dormindo mais até essa hora, vou começar a jogar água em você se não acordar— Ele riu jogando a cabeça para trás.

— Não vai não— me abraçou, o abracei de volta, no seu abraço era um dos meus lugares preferidos, as vezes me fazia esquecer dos problemas e as vezes me lembrar mais, pois eu via que a minha família era o que eu tinha de mais precioso, meus irmãos eram tudo pra mim e eu estava disposta a fazer qualquer coisa para não deixar com que eles sofressem.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora