5. Gilbert

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Eu e Anne descemos as escadas para o almoço, enquanto ela preparava algo que não queria me revelar o que era eu a observava sentado no banco alto que ficava perto da bancada. Cheguei a fantasiar uma vida ao seu lado e me perder em meus pensamentos sem nexo. Eu nos imaginei morando juntos, onde eu veria aquele rosto todos os dias e não precisaria reprimir meu desejo de toma-la em meus braços, eu estava literalmente parecendo um bobo apaixonado. Meus pensamentos foram interrompidos quando ela me chamou, mas eu poderia ficar naquele mundo da lua para sempre.
— Me ajuda aqui Gilbert!
— O que?
— Você tá quase babando nessa bancada. Para de pensar na morte da bezerra e corta essa cenoura pra mim.
— Cortar a cenoura? Anne, você sabe que eu nunca faria isso com você... — falei tentando parecer sério, mas toda minha seriedade foi para outro universo quando ela me olhou com uma cara de "sério isso, palhaço?".
— Desculpa, desculpa... Já estou indo.

O celular de Anne começou a vibrar intensamente em cima da bancada, ela estava com as mãos molhadas e me pediu para ver quem era, era Diana perguntando onde ela estava. Perguntei a Anne se podia, e após uma confirmação respondi Diana dizendo que ela estava na minha casa.
Alguns minutos se passaram e ouvi a porta abrir e fechar com uma intensidade que fez a casa tremer.
— Boa tarde Diana, seu pai sabe fazer portas? Porque você quase quebrou a minha agora.
Minha fala foi respondida com uma revirada de olho.
— Oi Anne e oi Gilbert, podem aumentar uma porção porque vou almoçar aqui hoje.
— Seja bem vinda a minha casa, não repara na bagunça e na porta quebrada.
Anne me repreendeu com um olhar severo.
— Pode deixar, Di. Mas porque tem uma veia saltando na sua testa?
— É Di, e porque você quase quebrou minha porta?
— Briguei com Jerry.
— Esquece a porta. O que aconteceu?

Diana sentou ao meu lado na bancada e Anne se apoiou na pia em nossa frente para ouvir a história.
— O que aconteceu foi que eu e ele namoramos há muito tempo mesmo, vocês sabem, e nosso relacionamento empacou. Não saímos mais do canto, e eu fui perguntar se ele não pensava em avançar, dar um próximo passo...
— Casamento?- eu e Anne falamos em uníssono.
— Casamento! Eu não estava pressionando ele, sabem? Anne cuidado com a panela no fogo pra ela não queimar.
— Estou prestando atenção.
— Tá, eu só queria saber se ele pensava naquilo... Não queria que ele ajoelhasse na minha frente naquele exato momento... Tudo bem que se ele pedisse naquele momento eu não recusaria. Anne, a panela.

Diana ficava interrompendo a história e gesticulando na direção da panela, eu só queria terminar de ouvir aquela fofoca —andar com tantas mulheres e ser vizinho de Rachel Lynde durante toda a infância e adolescência me tornou um fofoqueiro treinado com PhD e doutorado.
— Tá bom Diana, eu estou prestando atenção na panela, agora termina de falar.
— Pois bem, ele se irritou e disse que eu estava apressando as coisas, disse que nós iríamos nos casar mas na hora certa, e que agora não era a hora porque ele está muito "ocupado com trabalho"— ela fez as aspas com os dedos- e queria que eu também focasse na minha carreira, disse que éramos muito novos e que podíamos querer voltar atrás, disse que noivar tão cedo poderia... Anne, a panela!
— Tá bom Diana, eu já entendi!!
— Não! A panela tá derramando!
Dessa vez a observação de Diana estava certa, a água onde Anne aparentemente estava cozinhando macarrão começou a transbordar e molhar todo meu fogão.
— Tudo bem, eu limpo.
Me levantei e comecei a arrumar a bagunça que de água derramada, vapor e alguns macarrões que caíram da panela se tornaram uma coisa só enquanto Diana continuava falando.
— Bem que eu avisei. Mas, voltando ao assunto, ele disse que se avançarmos o nível do nosso relacionamento muito cedo poderíamos nos arrepender e perder toda nossa relação, que até agora estava muito boa.
Posso jurar que senti um olhar de Anne direcionado nas minhas costas enquanto limpava a água quente com um pano, aquele olhar foi tão concreto e tão forte que me distraiu, a ponto de me fazer encostar na panela quente com as costas das mãos.
— Aí!
— Gilbert?!- Anne se levantou em um pulo e veio ver o que tinha acontecido.
— Não foi nada, não foi nada...
— Como não foi nada?- agora era Diana quem falava.- Tá criando bolha, vem aqui.
Diana me puxou para perto da pia enquanto Anne continuou limpando a bagunça e ligou a água gelada em cima do ferimento, não foi nada que doeu, mas a sensação não foi confortável.
— Então Diana, você ia dizendo... — perguntei.
— Não tenho mais nada a dizer, Gil. Nós já moramos juntos, sabe? Porque ele tem tanto medo de se casar? Não consegui ficar em casa e preferi vir ver meus bons e velhos amigos.
— Gente, o macarrão queimou... Tão afim de pedir uma pizza ou...
— Pizza! — Diana falou.
Depois de jogarmos muita — muita mesmo — conversa fora e comermos, o celular de Anne começou a vibrar muito de novo, mas dessa vez ela pôde atender e eu não soube do que se tratava. Ela transbordava animação pelos olhos mas não proferiu uma palavra sobre, deixando eu e Diana curiosos.

N.a: Oi galeraaa, aqui é a autora♥ Tô muito, muito feliz que estão gostando, e espero que estejam entendendo bem a história... Os comentários de vocês estão me ajudando a continuar! Então não parem de comentar, e compartilhem a história... Críticas construtivas são muito bem vindas, bjosss💖

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