8. Anne

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Nem acreditava que havia encontrado Roy Gardner tão acidentalmente! Ele continuava quase o mesmo de alguns anos atrás, mas estava mais alto, e mais forte... estava mais bonito no geral.
— Para Jane, não tem ninguém dando mole aqui!
Quem eu queria enganar? Eu e Roy flertávamos pra caramba nos corredores da faculdade e eu inevitavelmente tive uma quedinha por ele.
Continuei conversando com Jane, meu celular vibrou no meu bolso indicando uma nova mensagem. Quando peguei, vi uma mensagem de número desconhecido.

"Oi, só pra saber se você não passou o número errado. Você costumava a fazer isso com os caras da faculdade."
Respondi:
"Vai trabalhar!"

Guardei o celular no bolso de novo e continuei conversando com Jane até vermos Billy e Gilbert se aproximando.
— Já está tudo certo, Jane. Peguei todas as informações necessárias e uma busca já está sendo feita, vá pra casa e relaxe. Qualquer informação eu ligo pra vocês.
— Obrigada mesmo, Gilbert. E desculpa pela forma que falei com você.
— Nós sabemos como você é — Billy respondeu em tom de brincadeira guiando a irmã até a porta.
— Vejo vocês por aí! — acenei e me virei para ficar de frente ao Gilbert.
— Quer que eu te deixe em casa? — ele perguntou.
— Com certeza!

No carro, pensei em comentar sobre Roy mas sabia que seria um assunto desconfortável já que Gilbert não gostava dos meus flertes da faculdade e nem de lugar nenhum. Mas eu contava tudo a ele... Era loucura que ele conhecesse Roy, esse mundo é pequeno demais! Fiquei matutando sobre isso até Gilbert iniciar uma conversa.
— Roy Gardner, hein? — ele falou desviando os olhos da estrada para olhar pra mim por uns segundos, voltando a atenção ao volante depois disso — Não sabia que se conheciam, vi vocês de longe.
— Ele estudou comigo. Eu é que não sabia que se conheciam.
— Então, ele deu em cima de você?
— Ciúmes?
— Ciúmes? Substitua isso por preocupação.
— Está se preocupando demais.
— Não respondeu minha pergunta, Shirley.
— Tá, a gente trocou os telefones, só isso!
Gilbert não respondeu. Ele não parecia bravo, parecia mais curioso e realmente preocupado, mas com certeza com ciúme.
— O que foi, Gilbert? — perguntei irritada.
— O que foi o que?
— Essa sua cara!
— Não é nada ué, só tenho essa.
— Eu te conheço.
— Não é nada, tá legal? Eu tô de boa, você pode fazer o que quiser da sua vida. — ele falava em um tom calmo como se realmente quisesse dizer isso, mas que me deu um peso estranho na consciência como se o simples ato de ter dado meu número para Roy tivesse sido um erro — Além do mais, não adianta nem tocar nesse assunto. E nós já chegamos.
— Gil, me desculpa.
— Pelo que? Não me peça desculpas, solzinho. Você não fez nada. Dorme bem e eu falo com você depois.
Não consegui responder, só beijei seu rosto e saí de seu carro, entrando em casa logo em seguida.

Meu pai estava na sala e me ouviu chegar. Eu ainda morava com ele, não por que eu precisava mas sim por que eu sabia que ele ficaria muito mal em uma casa sozinho, depois que minha mãe se foi, eu fui tudo que lhe restou. Sentei ao seu lado no sofá, encostando a cabeça no seu ombro e respirando fundo.
— Tá tudo bem filha?
-—Tá sim, pai.
— Você mente tão bem quanto a sua mãe, e ela nunca conseguiu me esconder nada. — tinha brincadeira, saudade e zelo na voz dele, ele abaixou o volume da televisão e olhou pra mim — Vamos, filha. Me conte.
— Você e ela eram amigos? Antes de tudo... Você e a mamãe.
— Claro! Não se apaixona, casa e tem uma filha com seu inimigo. Eu e sua mãe fomos os melhores amigos do mundo, isso é certo. — ele falava dela com um brilho no olhar, olhava para o vazio como se a sua mente estivesse viajando nos tempos de outrora — Mas eu sempre fui apaixonado por ela. Ah, sim, eu fui. E ainda sou. Ela sabia disso, mas se fazia de durona, fugia das minhas conversas sempre que eu tentava falar de sentimentos e aquilo me deixava no chão. Mas um dia ela teve que ceder aos meus avanços, porque sabia que não ia aguentar me ver com outra pessoa. Então começamos a namorar, noivamos, casamos e então você chegou para nós.

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