Dizem que o casamento é o dia mais importante na vida de uma mulher, mas eu pensava diferente, e por sorte minha madrinha pensava como eu. Por falar em madrinha, eu não fazia ideia de onde ela estava. Eu me olhava no espelho de um quarto iluminado pela luz do sol de um fim de tarde, haviam várias pessoas junto de mim, mas eu não conhecia nenhuma delas. Algumas arrumavam meu cabelo, uma arrumava o meu vestido e também havia uma mulher me maquiando, eu já estava sufocada. Afastei sua mão e abri os olhos.
— Preciso que chame alguém aqui, ou peça pra alguém chamar, por favor! Uma ruiva, Anne Shirley. Imagino que ela já esteja aqui e também imagino que não haja mais nenhuma ruiva.
A mulher apenas assentiu com a cabeça e saiu.
Não acreditava que ia casar, mas eu deveria por dois motivos
1— Havia almejado aquilo.
2— Não dava mais pra voltar atrás.Provavelmente todos já estavam lá, na casa de verão da minha família, que ficava perto da praia. O lugar onde vivi boa parte dos meus verões de infância, não poderia ser mais especial.
A mulher voltou, acompanhada de Anne.
— Tá tudo bem?! — ela se aproximou de mim.
— Sim. Só esqueci de te falar, você é minha madrinha, Gilbert é o padrinho e...
— O que?! Diana! Você devia ter me falado isso antes! Eu teria me arrumado melhor, me preparado!
— Não imaginei que seria boba a ponto de imaginar que eu escolheria outra madrinha, achei que esse tipo de coisa estaria subentendido entre nós. E você está ótima!
— A cor do meu vestido não combina com a decoração de nada lá fora!
— Anne, eu vou casar no pôr do sol, vai ter um festival de cores, ninguém vai ligar pra cor do seu vestido! Esse não é o ponto, te chamei por outro motivo. — agarrei em seu braço como ajuda para levantar — Vou te fazer uma pergunta, você sabe o que são contrações de treinamento?
— Imagino o que seja... Espera, você não tá dizendo que..?
— Sim!
— Ah não.
— Acho que ela quer fazer uma grande chegada, começaram ontem a noite quando a gente chegou.
— Não acredito! Não esta cedo demais, está?
— Deveria acontecer daqui uma ou duas semanas, mas me advertiram que poderia acontecer antes.
— Você precisa que eu faça algo?
— Apoio moral, preciso de apoio moral.
Anne ficou em silêncio, e eu não tentei fazer ela falar, pois as tais contrações de treinamento que não tinham doído até o momento, começaram a ficar significantemente doloridas. Ela provavelmente percebeu o que eu estava sentindo quando encostei na parede e fechei os olhos.— O que a gente vai fazer? — ela perguntou.
— Apressar as coisas. Preciso que se certifique que todo mundo está em seus respectivos lugares e que volte aqui com meu pai — falei tudo isso entre os dentes, ainda com os olhos fechados.
— Isso dói tanto assim?
— Você vai perceber quando chegar a sua vez — falei, abrindo os olhos —, se já não tiver chegado.
— Nem fala isso...
— Nunca tenha certeza.
Ela torceu o nariz e fez uma careta para mim, disparando para fora do quarto onde eu estava. Fiquei andando de um lado para o outro, não porque era o que eu via mulheres naquela situação fazendo, mas sim porque eu precisava controlar meus nervos. A cada vez que minha barriga contraia, eu para de andar e ficava estática até sentir que havia parado.
— Aguenta aí, filha.Anne voltou após alguns minutos, puxando meu pai pelo braço e ofegando.
— Tudo pronto! Só falta você entrar, aqui seu pai. — ela falava rápido enquanto me entregava meu pai como se fosse um objeto. A cara que ele fez me fez rir, claramente ele estava confuso — Ao som da música. Você entra... Não, eu e o Gilbert entramos, é, sim. Depois você e seu pai. Não! Primeiro é o Jerry, depois...
— Anne! — prendi sua atenção com um grito — Se acalma! A gente entendeu.
— Ok... — ela respirou fundo — Vai dar tudo certo, te vejo no altar!
— Vou ser a de branco.
— Crepúsculo!
— Você lembrou...
— Claro! Agora se apressa!Eu estava diante de uma porta fechada de braços dados com o meu pai, esperando a marcha nupcial começar. Se eu estava nervosa? Eu conseguia sentir o meu coração bater nos meus ombros. Encostei a cabeça no ombro do meu pai, suspirando.
— Como se sente perdendo a sua menininha pra outro cara?
— Perdendo? Não sei de nada disso... Você sempre vai ser a minha menininha.
— Pai... Não sou mais uma menininha. Vou ter uma filha, lembra?
— O que isso quer dizer? Quando você nasceu, sua mãe vivia correndo pros braços do seu avô para chorar quando você abria o berreiro — ele riu.
— Vou ser uma mãe horrível.
— Não diga isso...
— Ela vai me odiar, ainda não consegui chamar ela pelo nome nem uma vez. Tenho certeza que um dia ela vai bater a porta na minha cara e gritar que sou a pior mãe do mundo.
— Já escolheu um nome?
— Sim. Mas não sei se ela gosta, e não sei se combina com ela.
— Que bobagem... Me conta qual o nome!
— É...
Fui interrompida pelo som da marcha nupcial me convidando para entrar e caminhar até o altar. Enquanto a porta abria, meu pai acariciou minha mão.
— Está preparada?
— Sim.
Ele me conduziu até o altar, onde dei as mãos a Jerry. Seus olhos brilhavam ao olhar para mim, a luz do fim de tarde o transformava em uma imagem que eu poderia olhar para sempre. O som das ondas atrás de nós acalmava o meu coração quase atravessava minha caixa torácica.
— Você está linda — ele sussurrou, sorrindo.
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aposta infantil.
FanfictionAnne e Gilbert sempre foram amigos desde crianças, e um dia fizeram a seguinte aposta: "Se não estivermos com ninguém daqui 20 anos, vamos nos casar com o outro". Eles só não sabiam que o tempo iria passar tão rápido. "- Você sabe que não quebro pro...