Já estava quase na minha hora de ir pra casa. O dia no trabalho havia sido longo e tudo que eu almejava naquele momento era um banho, comida e a minha cama. Não falei com Anne o dia todo, mas decifrei pela forma com que ela falou comigo de manhã que alguma coisa estava errada. Como em um passe de mágica, enquanto pensava nela, ela me ligou.
— Gil, você já tá em casa? — a voz dela parecia embargada e triste.
— Não, estou indo agora. O que houve?
— Preciso que venha até a emergência, por favor.
— Emergência? Você tá bem? O que houve?
— Eu tô bem, mas preciso de você aqui.Mesmo ela dizendo que estava bem, eu fiquei preocupado. O que Anne estava fazendo em uma emergência de hospital? Me apressei para sair e dirigi com cuidado, tentando não deixar minha preocupação interferir na concentração, eu precisava manter meu raciocínio estável.
Estacionei na rua e fui caminhando em passos largos e rápidos até Anne que estava na entrada, ela não disse nada e apenas me abraçou.
Senti ela respirar fundo, e então seu corpo começou a tremer, percebi que ela estava chorando. Não falei nada e apenas coloquei meus braços ao redor dos seus ombros e minha mão nos seus cabelos, guardando minhas perguntas para depois.Ficamos assim por uns 5 minutos, até ela dar um último soluço contra o meu peito e virar o rosto para mim, usei meus polegares para limpar as lágrimas acumuladas embaixo dos seus olhos.
— É a Ruby — sua voz ainda carregava os efeitos do choro, e eu percebia que ela se segurava para não desmoronar novamente.
— A Ruby? O que tem ela?
— Ela... Ela tá doente.
— É grave?
— Não sei bem, mas aparentemente, sim. Precisava que você estivesse aqui pra dar forças pro Moody por que eu não consigo.Apenas assenti com a cabeça e entramos no hospital procurando por algum rosto conhecido. Então encontramos Moody com a cabeça apoiada nas mãos e nos sentamos ao seu lado. Ele chacoalhava a perna esquerda demonstrando ansiedade e tinha um olhar distante.
— Estão examinando ela. Não sabem a gravidade, não sabem o que causou, não sabem nada! Eles não sabem nada! — seu tom de voz aumentava e seu rosto ficava vermelho, ele parecia totalmente atordoado e perturbado por aquela situação. Tentei acalmá-lo colocando o braço sobre seus ombros.
— Ei, calma... Eu sei que é difícil pra você, mas você tem que se acalmar e permanecer forte, por você e por ela.Ele encostou no recosto da cadeira e respirou fundo, olhando para cima. Imaginei que estivesse fazendo uma prece pela vida da mulher que ele amava. Olhei para Anne, agora era ela que parecia totalmente distante.
— Ei — falei colocando a mão sobre sua perna —, ela vai ficar bem.
— Você não pode garantir — ela respondeu, sem olhar para mim.
— Não, mas não podemos ficar esperando pelo pior.Dez, quinze, vinte, trinta minutos se passaram e nenhuma notícia.
Quarenta, cinquenta, uma hora, uma hora e meia e então finalmente uma médica alta, loira e muito bonita apareceu procurando por Moody, que prontamente se levantou.
— Como ela está?
— No momento, estável. O que aconteceu foi que o pulmão dela estava muito frágil, praticamente se desfazendo. Qualquer esforço, qualquer pequena coisa poderia ter causado um rompimento do tecido, e foi o que aconteceu. Ela vai precisar ficar aqui, por mais que ela esteja estável... O quadro dela é bem grave, e não há muito que possamos fazer devido a doença. Vocês podem ver ela agora, mas precisarão ser bem cuidadosos.
— Sim, claro. — Moody falou — Obrigado doutora...?
— Rose. Winifred Rose. Podem me procurar caso precisem de alguma coisa. O quarto dela é o terceiro desse corredor.
A médica saiu, e nós três fomos até o quarto de Ruby. Ela estava deitada em uma cama e usava uma máscara de oxigênio que a ajudava a respirar. Dei um tapinha nas costas de Moody e sussurrei: "Não esqueça, forte."
Eu e Anne ficamos em pé no canto do quarto e Moody se aproximou da cama de Ruby, trocando olhares intensos com ela, ela parecia tão frágil, mas ainda tão forte.
— Meu amor... Você me deu um susto! — ele se abaixou perto dela cuidadosamente, aproximando seus rostos. Naquele momento ele não demonstrou nenhuma força e chorou.
— Calma, meu bem... — a voz de Ruby saia fraca e arrastada — Não precisa chorar. Eu estou me sentindo bem, tá?
— Tá bom amor... Eu só tenho tanto medo de perder você!
— Senta aqui. — ela deu dois tapinhas na cama com a mão que não estava ligada ao soro — Eu vou cantar pra você.
Eu e Anne nos olhamos, ela ia cantar?
— O que!? Ruby...
— Não diz nada.
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aposta infantil.
FanfictionAnne e Gilbert sempre foram amigos desde crianças, e um dia fizeram a seguinte aposta: "Se não estivermos com ninguém daqui 20 anos, vamos nos casar com o outro". Eles só não sabiam que o tempo iria passar tão rápido. "- Você sabe que não quebro pro...