Infelizmente as pessoas ainda tem que trabalhar na véspera de ano novo, e alí estava eu sentado na minha mesa.
A delegacia de Avonlea era um lugar desnecessariamente grande que fazia com que eu me sentisse deslocado, cada um tinha sua mesa, que ficava de frente para a mesa de outro policial do esquadrão.Aquela delegacia nunca ficava tão vazia quanto na véspera de ano novo, no momento aquilo era o que eu precisava pois me dava espaço para ficar revivendo o natal.
Combinei com Anne que fingiríamos que aquilo não havia acontecido, mas quem eu queria enganar? Nos últimos seis dias, a única imagem que se reproduzia na minha cabeça era a dos olhos dela fixados aos meus, mais perto do que jamais estivemos.
Eu não aguentava mais repetir que éramos amigos, amigos, amigos, amigos, quando eu sentia que poderia largar tudo que eu já tinha conquistado na vida para morar no azul dos olhos dela sem me arrepender nem por um segundo do que eu estava deixando pra trás.
Eu precisava falar com alguém, a única pessoa que me entendia naquele quesito.
Winnie.
Por sorte ela estava no intervalo aquela hora, então mandei mensagem pedindo pra ela me visitar no trabalho.— Gilbert, fui assaltada! — ela entrou gritando na delegacia, assustando a pouca equipe que estava ali.
— Winifred? Te assaltaram?
— Sim, levaram a minha vontade de trabalhar — ela falou se jogando na cadeira desocupada em frente a minha.
— Já estava animado pensando que alguma coisa ia acontecer hoje... Não, não que eu estivesse esperando que você realmente tivesse sido assaltada, é só que aqui tá tão parado que eu tô torcendo pra alguém pelo menos dirigir alcoolizado.
— Quanto mais você fala, pior fica.
— Desculpa.
— Tá de boa, então... O que te faz implorar pela presença da sua fada madrinha?
— Implorar? Eu só perguntei se você tava livre e você respondeu com "já estou indo".
— Blá Blá Blá — ela relaxou na cadeira, revirando os olhos.
— Beijei a Anne
— O que?! — ela se endireitou novamente, se mostrando atenta — Conta tudo!!
— Foi no natal, nós...
— No natal?! Por que demorou tanto pra me contar? Me sinto traída.
— Oh Barbie fofoca, deixa eu terminar.
— Fala!Winifred apoiou o rosto nas mãos, escutando a história com um sorriso sincero enquanto eu contava a história com todos os detalhes possíveis.
— Foi... Mágico. Mágico é a palavra. Não, mágico não. Arrebatador... Eu não sei definir, a Anne saberia. Ela é tão inteligente.
— Você tá quase babando.
— Desculpa, mas voltando. Ela pediu pra gente fingir que aquilo nunca tinha acontecido.
— E você concordou?
— Claro, não quero deixar ela desconfortável.
— Você é um fofo, mas se permitir que ela fique na zona de conforto, essa situação nunca vai adiante.
— O que eu vou fazer? Ligar pra ela agora mesmo e obrigar ela a me amar?
— Não precisa obrigar, ela já te ama. Só deve ter medo, talvez. Se você honrasse o que tem no meio das pernas, já teria chamado ela pra conversar em uma mesa, sem deixar ela fugir.
— O que o que eu tenho no meio das pernas tem a ver com isso?
— Não pergunte pra mim, pergunte pra quem inventou essas expressões. Quando foi a última vez que você viu ela?
— No natal.
— Vai na casa dela agora.
— Não posso, ela tá trabalhando também.
— Ah, é verdade, falei com ela hoje de manhã.
— Problemas de memória?
— Ocupada, querido! Ocupada. Hospitais também não param na véspera de ano novo.
— Acho que ela acha que eu e você estamos juntos, mesmo eu já tendo negado.Winifred bateu a mão na testa e deslizou pelo rosto com uma expressão de frustração, que depois se transformou em uma de alguém que teve uma ideia genial.
— Sabia que eu sei atuar e persuadir muito bem?
— E..?
— Eu vou conversar com a Anne, fazer uma cena pra vocês se encontrarem, então você vai conversar com ela e vai resolver isso de vez!
— Parecemos adolescentes.
— Nós somos adolescentes com estabilidade financeira, mas jamais emocional.
— Você não tem medo de bater onde dói?
— Não! — ela se levantou — Preciso voltar agora, espero muito que dê tudo certo. Me avisa hein.Não respondi e apenas acenei com a cabeça, voltando a atenção ao meu computador nem mesmo sabendo o que estava fazendo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
aposta infantil.
FanfictionAnne e Gilbert sempre foram amigos desde crianças, e um dia fizeram a seguinte aposta: "Se não estivermos com ninguém daqui 20 anos, vamos nos casar com o outro". Eles só não sabiam que o tempo iria passar tão rápido. "- Você sabe que não quebro pro...