16. Anne

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N.A: 1K de leituraassss, nem acredito!!! Muito obrigada á vocês que lêem, acompanham e torcem pelos meus shirbert ❤️❤️ Em agradecimento, fiz um capítulo maiorzinho do que eu costumo a fazer, aproveitem❤️

Saí do trabalho na sexta feira — antes da ação de graças — ao subir da lua. Tirando o bom dia de Gilbert, Roy e Diana, evitei falar com pessoas conhecidas o dia todo, chegando a evitar até Josie que trabalhava ao meu lado.

Andando até em casa, como sempre, fiquei absorta em meus pensamentos. Abri a porta de casa e andei até a escada sem prestar atenção em quem estava na sala, mas havia alguém estranho ali. Voltei do primeiro degrau em um gesto rápido, fiquei sem acreditar no que eu estava vendo.
Meu pai. E uma mulher. No sofá.
Eles me encaravam envergonhados, e eu estava mais ainda, sem saber onde enfiar cara.

— Desculpa, eu já tô subindo.
Subi as escadas como rápido como um tiro e entrei no meu quarto, jogando minha bolsa e tirando meu casaco, o jogando em cima de uma cadeira e sentando na cama, ainda com as luzes apagadas. Com apenas a luz da rua iluminando todo o cômodo, apoiei as mãos na cabeça pensando na cena que presenciei.

Não. Eu não estava brava. Só era confuso pra mim, era meu pai, sabe? Foi um dia cansativo, eu sentia falta de Gilbert todo tempo.
Não tínhamos brigado, mas estávamos ficando distante um do outro e eu odiava aquela situação.
Será que eu estava errando com ele? Eu vi uma foto dele com a garota que ele saiu, ela é tão bonita e eles... Eles pareciam felizes e sintonizados, como se se conhecem há anos.
Eu precisava falar com ele, nem que fosse só pra ouvir ele falar da garota que ele estava saindo, ou pra assistir um filme como costumávamos a fazer antes dessa maldita aposta infantil reaparecer no tempo, bagunçando todos nossos sentimentos.
Sinto falta de quando minha mãe pedia para o pai do Gilbert deixar ele dormir aqui em casa, nós éramos duas crianças que pareciam uma de tanto que ficávamos juntos, minha mãe adorava ele e nossas famílias viviam juntas.
Nós fazíamos cabanas com lençóis, Gilbert trazia suas lanternas de acampamento e ficávamos conversando e lendo histórias na luz baixa, da mesma maneira que eu estava agora.
Lembrar de todos nossos momentos naquele quarto fez ele parecer pequeno e solitário.

Meu pai bateu na porta do quarto, abrindo a porta, acendendo a luz e entrando com cautela.
— Oi, pai.
— Joaninha... — ele sentou ao meu lado, eu sorri para ele tentando demonstrar que eu não estava magoada ou chateada.
— Não precisamos ter essa conversa, pai.
— Eu devia ter te contado.
— Devia mesmo — eu ri —, mas eu perdôo esse vacilo. Mas me conta, quem é ela?
— Nancy, estudou comigo há... Há...
— Muito tempo, eu entendi.
— Sim, muito tempo.
— Estão saindo? Namorando? Ficando? Ou é só uma amizade colorida?
— O que é amizade colorida, senhorita Shirley?
— Responde minha pergunta primeiro, pai!
— Estamos nos re-conhecendo.
— Isso é tão fofo! Ela ainda está aí?
— Ah, está! Quer que eu peça para ela ir embora? Sei que pode ser difícil pra você. A última mulher que viu ao meu lado foi sua mãe.
— Não, pai... Ela pode ficar. - uma luz acendeu sobre a minha cabeça — É, ela pode ficar! Eu vou sair e vocês podem ficar.
— Anne?
— Não se preocupa comigo, pai. Vou sair pra deixar vocês a vontade. — me levantei começando a enfiar coisas dentro de uma mochila, sem parar de falar — Você, pai. Você merece ser feliz mais do que qualquer pessoa nesse mundo todo. E eu não vou impedir isso de forma alguma.
— Pra onde você vai, Anne?
— Vou estar no Gilbert, não se preocupa — beijei o topo de sua cabeça e sai pela porta do meu quarto, ouvindo ele me seguir escada abaixo.
Quando estava fechando a porta olhei para ele, que sorria como um jovem bobo e apaixonado.
— Juízo!
E então, saí.

O frio da noite comparado ao calor de casa me causava arrepios que eu não sabia se devia associar ao medo de Gilbert estar com alguém naquele momento. Não seria o fim do mundo já que eu poderia passar a noite com Roy, mas não era o que eu queria. Eu não me sentia confortável passando mais de 6 horas contadas com ele e eu ficaria contando os minutos para sair correndo da sua cama.
Bato na sua porta com medo de estar atrapalhando outro casal, mas um Gilbert com olhar cansado, roupas de trabalho amarrotadas — que constavam em uma camisa meio abotoada e uma gravata afrouxada — e um sorriso de orelha a orelha ao me ver foi quem me recebeu.
Logo ele me envolveu em seus braços em um abraço quente, que me causou um pequeno choque térmico devido a minha pele fria por conta do vento.

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