CAPÍTULO 30: O ENTALHADOR E A BARDA

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Já se passou um dia desde que nossos heróis foram feitos de prisioneiros. Brígida estava andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer e entediada. Seu adorado novo alaúde foi confiscado, tirando dela seu passa tempo favorito. Não era hora de pensar nessas coisas, mas ela não conseguia evitar: precisava de seu alaúde!

Maldita masmorra, por que precisava ser tão grande? Gritava e gritava, mas ninguém respondia de volta. Seus companheiros estavam distantes demais? Ou não estavam naquela masmorra junto dela?

Hora da comida — disse a guarda, passando uma bandeja com o almoço para dentro da cela

A alimentação constituía praticamente de vegetais e um pão. Os fieis do culto aparentemente eram vegetarianos, mas era visível como eles não desprezavam o consumo de carne, já que eles têm os lobos como aliados. Brígida pegou a bandeja e se sentou no chão para comer.

— O senhor, venha comigo — A guarda falou, se referindo ao colega de cela de Brígida, que era um homem idoso que vivia dormindo.

O calvo se levantou e seguiu a guarda, com a postura curvada. O sujeito parecia bem cabisbaixo.

Brígida, até então, não teve conversa nenhuma com ele. Ele não respondia os inúmeros "Olá" dela. Isso a magoava? Sim, mas como estava tentando ser durona que nem suas amigas, ela não demonstrava.

Não demorou muito, ele logo voltou para cela.

Novamente cabisbaixo. Ela apenas conseguia imaginar o que ele faz quando sai da cela. "Talvez uma partida de xadrez? Cozinheiro? Ah, talvez seja um mago fazendo experimentos ultra secretos para o culto e estão mantendo ele preso!" ela tentou deduzir.

Quando entrou, ele olhou para ela, que por sua vez, ainda estava sentada no chão.

— Olá — Brígida cumprimentou.

Novamente, ignorada. Ele voltou a deitar e se virou para a direção da parede.

— Para onde a guarda te levou? — a barda questionou, sendo ignorada novamente — Sabe, um senhor como você não deveria estar aqui. É frio, escuro e cheio de bichos estranhos.

Continuou virado e sem falar nada.

— Meu tio sempre me falava que se histórias fossem ouro, idosos seriam minas valiosas. Vocês passaram uma grande jornada na vida, e merecem respeito. É cruel manter alguém como o senhor aqui.

O velho virou sua cabeça, apenas um pouco.

— Você está errada. Eu estou aonde mereço ficar.

Virou novamente para a parede. Brígida havia ficado triste. Fazer o quê? Ela era empática demais para deixá-lo daquele jeito. Então, entre assopros e lambidas em seu lábio, ela soltou sua voz em um tom melancólico.

Sinto meu coração pesar

Com os cacos de meu fracasso

Nunca irei pensar

Em histórias do passado

Mas, há a certeza que existe futuro

Em mundo

Imundo

Incerto

Como pude ditar

O que era certo... ou errado

Irei me lamentar

Pela cruz que eu carrego

Mas, há a certeza que existe futuro.

...

Quando ela voltou a olhar para o velho, ele estava sentado, olhando para ela.

— Bela voz — ele disse.

DINASTIA GRIMM: A PRESA DE LOBO MAU (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora