CAPÍTULO 19: ROSA VERMELHA

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Tontura e dores, era isso que ela sentia. Amarrada em um tronco, enquanto pisava em lenha. Cinzas estavam coladas em sua pele, mas nenhuma queimadura. Era sua maldição afinal: ela não podia morrer.

Carmilla tinha quinze anos nessa época. Fazia apenas algumas semanas que havia fugido da Universidade Dos Magos, e, não muito longe, havia sido capturada em uma aldeia por fanáticos religiosos.

Sim: ela era uma bruxa, nascida de outra bruxa e tendo ligação com a Fonte Coletiva Demoníaca. Mas ela não escolheu aquilo, não foi escolha dela ter aquele poder. Pelo que está pagando?

— Ela ainda não morreu? — Perguntou um aldeão para outro. Esse outro estava vigiando Carmilla enquanto tentavam queimá-la várias e várias vezes — Vai descansar. Ficarei aqui agora.

O aldeão: um pai com cerca de três filhos, respeitado pelos vizinhos, amado por todos. Trajado com pele para aguentar o frio da Espada De Diamante. Era feliz, não lhe faltava nada. Mas apesar de tudo, possuía um ódio e um certo prazer em queimar bruxas. Esse fator transforma ele numa má pessoa? Apesar das outras qualidades? Para Carmilla naquele momento, era óbvio que sim.

Ela se perguntava como Margareth estava. “Bem? Até parece que alguém como ela precisa da preocupação de uma bruxa” pensou.

Inveja, era isso que Carmilla sentiu nesses últimos anos. Margareth era a melhor em tudo, enquanto Carmilla não. Aquela garota havia crescido em berço de ouro, com pais que amavam ela. Era popular, tinha vários outros amigos e roubava o coração de todos. Em contrapartida, Carmilla não era ninguém. Se esforçava tanto quando sua amiga, mas nunca alcançando o mesmo resultado. Era justo? Se esforçar tanto para ser notada, para ser respeitada, para ser digna, para no final outra pessoa fazer tudo que você faz com facilidade?

Sim, a raiva fez Carmilla finalmente superar Margareth, afinal, agora ela era imortal... Mas do que adiantou? Carmilla está sentido falta de sua amiga, não só de sua companhia... Mas de seus lábios também. Às duas, escondidas entre as estantes da biblioteca, se agarrando como só duas jovens poderiam ser agarrar. Era a idade perfeita para experimentar coisas novas, de alcançar seu ápice... Mas ela havia jogado tudo isso fora, e agora, está tendo seu pé queimado e queimado várias vezes.

— Tudo bem, sua pirralha? — Disse o aldeão daquela fogueira.

— Vai se foder — Disse Carmilla.

— Bem... Você que pediu.

Novamente, o fogo foi aceso, e tudo começou de novo. Sua pele queimando era uma experiência que nunca pensaria que iria experimentar, e agora, passou por isso tantas vezes que até perdeu a conta. E entre gritos e lágrimas, ela finalmente viu uma luz, uma luz que ficou cada vez mais forte. Será que estava errada em relação a sua imortalidade e finalmente iria morrer? Bem, ela desmaiou antes de saber.

..............

Ela abriu seus olhos. A sensação de estar deitada numa cama era quase irreconhecível para ela. Quentinho e confortável, apesar das atuais queimaduras ainda doerem nela (e daqui a pouca, desaparecerão como se nunca estivessem lá). Mas como ela foi parar ali? A última coisa que se lembrava ainda, era a luz forte que repentinamente apareceu. Bizarro, sem dúvidas parece um dos vários contos dos Mitos De Cthulhu que tanto lia na biblioteca da universidade, mas naquele exato momento, era a realidade, e não um conto mitológico.

A casa humilde de madeira era iluminada por velas. Era reconfortante, principalmente após todo esse tempo de tortura, mas ainda precisava saber onde estava.

— Acordou? — Disse uma mulher logo ao lado de Carmilla. A maga se assustou com a presença daquela elegante moça, que utilizava um vestido negro.

DINASTIA GRIMM: A PRESA DE LOBO MAU (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora