CAPÍTULO 22: A CAOLHA E O PRÍNCIPE

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Suspiro. Edgar estava pingando de suor, com respiração ofegante. Moira, sua oponente nessa competição, também estava cansada. O sorriso no rosto de ambos ainda mostrava uma empolgação.

— Cansado? — Provocou Moira, numa posição mais defensiva.

— Eu iria perguntar isso agora. Apenas pausei para deixar a dama descansar — Edgar também provocou — Minha irmã dirá os pontos.

Katina O'Malley estava marcando os pontos daquele duelo de espadas.

— 230 a 209... — Disse Katina, que foi interrompida por Edgar.

— Viu? Nada supera as...

— Para a senhorita Moira — Acrescentou, deixando o príncipe boquiaberto.

Moira só não caiu na maior e mais satisfatória gargalhada de sua vida, porque estava muito cansada para isso.

— É... Acredito que agora merecemos uma pausa — Disse o elegante príncipe, soltando sua espada no chão. Não demorou muito para aceitar sua atual derrota, mas acreditava numa futura revanche.

Moira sentou no chão, e Edgar sentou ao seu lado. Ele entregou uma toalha, para ela enxugar o suor.

Katina entregou taças com água para os dois combatentes.

— Obrigada — Agradeceu Moira.

Beberam tudo de uma vez. Se sentiam melhores.

— Sabe de algo que sinto saudade? — Disse Moira, começando a conversar com Edgar de forma casual — Hidromel. Mas não qualquer hidromel. Eu frequentava todas as tavernas do meu condado. O gosto horrível que mais parecia mijo das bebidas de lá me atraiam por algum motivo.

— Devo confessar que nunca tive tal experiência — Declarou Edgar — Alguma história por trás das cicatrizes de seu braço?

Moira levantou sua sobrancelha. Após respirar fundo, ela abriu um pequeno sorriso e abriu sua palma da mão, mostrando um corte bem no meio.

— Isso aqui foi no meu primeiro dia de treinamento. Acabei entrando numa briga com um javali selvagem. Por pouco não fui morta, meu mestre me socorreu — Ela tirou um riso do príncipe, mas não acabou aí. Ela mostrou um outro corte no ombro — Essa eu recebi salvando uma moça que o próprio pai havia vendido. Eu matei os compradores com apenas quatorze anos.

Edgar apontou para outra cicatriz, uma no antebraço.

— Essa? — Disse ela — Eu recebi após apalpar uma garçonete. O namorado dela veio atrás de mim com uma espada. Essa eu meio que mereci.

Nessa, Edgar tentou conter o riso, mas falhando. Achava Moira fascinante, uma vida selvagem que ele nunca teve. Mas também, estava visível os segredos que tanto escondia de seus amigos.

— Então... — Edgar ainda mantinha um sorriso gentil — Seus colegas não sabem sobre sua nobreza?

Na hora, o riso dela desapareceu. Franziu sua testa e desviou o olhar do príncipe. Mas por algum motivo, decidiu ser mais sincera com alguém.

— Apesar de tudo isso, dessas cicatrizes, nunca me senti machucada. Pois, eu teria uma história para contar, honra para me gabar. Mas essa... — Levou sua mão para a cicatriz em seu olho — Me traz amargura e arrependimento — Ela olhou para Edgar. Seu olhar havia ficado frio, e arrepiou o príncipe — Condessa Azul, é assim que sou conhecida em Corona. “A Assassina Do Barba Azul”. Um título que as pessoas respeitam, mas eu não...

— Por quê? — Interrompeu Edgar — Eu li a sua história. Conde Azul havia matado todas as suas seis esposas e iria matar você também!

— E tudo isso porque eu me rendi a ele. Não me entenda mal, eu mataria ele outra vez se fosse necessário, mas o que houve comigo, foi culpa minha. Eu fui inocente, ingênua e burra. Jovem demais para entender o que era amor, e até hoje eu não consigo entender muito bem.

DINASTIA GRIMM: A PRESA DE LOBO MAU (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora