CAPÍTULO 8: CORRENTEZA LEVANDO AO SUL

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Eles estavam descendo as escadas, todos menos Brígida, que por causa de seu medo, permaneceu lá fora em segurança. Nero logo tomou a frente, já que conseguia enxergar no escuro. Ao chegarem no tal porão, eles não conseguiam ver nada, apenas sentiam as paredes e o chão, que não aparentavam ser de madeira. Nero logo deu uma sugestão para resolver o problema:
  
— Há tochas nas paredes, se você...
  
Ele nem terminou de falar, e Margareth começou a lançar pequenas bolas de fogo, acendendo uma tocha de cada vez. Quando tudo ficou iluminado, perceberam que aquilo se tratava de um corredor feito com tijolos, e não madeira. A escada ficava no meio do corredor, que por sua vez, ambos os lados levavam para portas, que davam calafrios em Nero. Margareth logo apresentou novas ordens:
  
— Nero, Vlad, vão para aquela porta. Eu e Margareth vamos para a outra.
  
— Pode deixar, chefia! — Disse Nero.
  
— Não me chame assim.
  
Logo depois, cada um foi para o seu lado. Ao se aproximarem da porta, Margareth consegue sentir uma brisa gelada saindo das brechas, provavelmente uma simples magia de manipulação de temperatura para manter aquele cômodo gelado.
  
A maga então abriu a porta, em um primeiro momento, apenas o bastante para ela olhar. Moira reparou o olhar de curiosidade de Margareth virando olhos arregalados, seguida por uma boca aberta, aguentando o máximo para não gritar. Moira puxou Margareth para longe de porta, e colocou sua mão sobre a boca da maga, para impedi-la de gritar.
  
— Se acalme! — Disse Moira.
  
Margareth empurra Moira, e logo, se curvou e começou a vomitar: Atrás daquela porta, estava a cosia mais deplorável que ela já tinha visto, um verdadeiro horror e um choque de realidade que nunca havia enfrentado.
  
A cavaleira dava leves tapas na costa de Margareth, para ajudá-la. Mas então, Moira não consegue evitar, ela precisava saber o que foi que fez a maga ficar desse jeito, e logo, seus olhos escorregaram para a direção da porta aberta: corpos humanos estavam pendurados em ganchos, sem suas cabeças e boa parte dos órgãos. Pendurados como se fossem carnes de animais após o abate.
  
A cavaleira não teve uma reação tão intensa como de Margareth, mas ficou enojada e com raiva, indo até a porta para fechá-la:
  
— Desgraçado! — Falou Moira.
  
Após respirar fundo, Margareth voltou a ficar ereta, mas continuava ofegante. Enquanto ela limpava seus lábios, disse:
  
— Como alguém consegue ser tão... Cruel?.
  
— Não sei. Mas tudo isso acaba hoje.

..............

   Nicolas estava tentando abrir a fechadura usando grampo, junto de uma lâmina fina feita exclusivamente para fechaduras. Enquanto isso, Nero estava olhando para suas amigas no outro lado do corredor:
  
— Não sei hein... Acho que Margareth está mal — Disse Nero.
  
— Eu já vomitei assim em várias masmorras — Afirmou Vlad — Ela vai se acostumar.
  
— Mas e se for algo sério? Essas casas não possuem depósitos para as crianças?.
  
Nicolas por um momento se desconcentrou. Lembranças vieram. Aquela não foi a primeira casa de bruxa que Nicolas Vlad já havia invadido, e ele sabe exatamente os horrores que cercam esses lugares.
  
Logo, Vlad voltou a se concentrar na fechadura.
  
— Ela vai precisar do tempo que for necessário, mas em algum momento ela terá que superar, e terá que ser rápido.
  
A fechadura é aberta. Quando Vlad tentou dá um passo para frente, Nero puxou ele mordendo sua roupa, impedindo-o de avançar. Logo, Nicolas questionou, junto de um insulto gratuito:
  
— O que foi, cadela?.
  
— Você tá cego ou o que? Não está vendo isso?.
  
Quando Nicolas se voltou novamente para a porta, percebeu uma linha de metal fina na vertical, numa altura que possivelmente dividiria ele ao meio bem na barriga. Essas linhas são extremamente letais, e são tão finas, que qualquer vacilo significa o fim.
  
— Truque velho das bruxas, e eu quase cai. Valeu amigão — Agradeceu Nicolas.
  
— Tá tá, corte logo essa merda!.
  
Vlad sacou sua adaga, e cortou a linha ao meio, abrindo o caminho. Ao entrarem, se deparam com um odor de fezes e urina. Uma sala fechada, que provavelmente só tinha as brechas da porta para a entrada de ar.
   
Eles se deparam com uma grande gaiola, na qual possuía um pequeno garoto em seu interior. Quando eles entraram na sala, o jovem se assustou, saindo da posição fetal e se arrastando para o mais longe possível:
  
— Por favor, não me machuque! — Gritou a criança, enquanto caia em lágrimas.
  
O garoto estava imundo, não tendo nenhum cuidado higiênico dentro da cela. Naquela prisão, também havia três vasilhas com bolo, na qual o garoto já comeu algumas fatias. Não precisava de muito para deduzir o que estava ocorrendo: A Bruxa daquela casa estava engordando o jovem garoto para o abate.
  
Nicolas se aproximou, e estava pronto para utilizar suas habilidades para abrir aquela gaiola.
  
— Espera — Cochichou Nero, que interrompeu a ação de Nicolas.
  
Não demorou muito, logo Nicolas conseguiu ouvir o que Nero estava ouvindo: Passos, vindo cada vez mais perto. Nero achou estranho, já que conseguiu ouvir apenas a porta abrindo, e os passos vieram apenas no meio da sala, como se essa tal pessoa estivesse voando antes de finalmente caminhar pela sala.
  
Nicolas então deixou aquela gaiola de lado: "Nesse momento, essa gaiola é o lugar mais seguro para ele" pensou Vlad. Logo, ele e Nero seguiram andando novamente para o corredor, e o ladino fecha a porta antes de seguir seu caminho rumo ao oponente.

DINASTIA GRIMM: A PRESA DE LOBO MAU (Não Revisado)Onde histórias criam vida. Descubra agora