Capítulo 49

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LAURA

Caio propôs uma ida à praia, claro não recusei, além do mais está calor. Logo estamos caminhando de mãos dadas pela areia dourada da Praia Boas Águas, que não fica muito longe das nossas casas. Consigo sentir os pequenos grãos da areia em meus pés, o que causa uma sensação de formigamento, mas ao mesmo tempo é aconchegante.

Observo as ninhadas de pássaros no céu, que estão de um tom amarelo-alaranjado, à medida que a luz do sol refleti pela nossas peles e cabelos.

Pulo algumas ondas, sentindo a água chegar até no limite dos meus joelhos. É tão boa essa sensação de paz e aconchegado. É libertador. Posso ficar aqui para sempre na companhia do meu namorado, que eu não vou me cansar.

Caio se aproxima e cola nossos lábios em um beijo suave. Ele se afasta para recuperar o fôlego, se apoiando nos joelhos. Acho que pensa o mesmo que eu. Ele parece apalpar o bolso da calça, como se para certificar de que algo está lá.

— Laura — Ele murmura com olhos brilhantes. Sua respiração está ofegante — Você gostaria...

Porém, antes que ele possa completar, escuto um estrondo. Viro a cabeça rarápidamente para onde provém o som. Caio faz o mesmo.

— O que foi isso? — Pergunto assustada, enquanto me abaixo.

— Tiro. — Caio responde e também parece assustado, apesar de permanecer firme.

O som fica cada vez mais alto como se se aproximando.

— Estou com medo. — Sussurro, supresa por ter falado em voz alta. — O que fazemos?

— Não precisa ter medo. Só... preciso que confie em mim, você pode fazer isso?

Assinto. Eu confio nele.

— Então... Corra! — É tudo o que diz, me puxando em movimento, quase caio no processo, mas me equilíbro antes disso acontecer.

Caio corre, ainda segurando minha mão, como se não cogitasse me deixar para trás. Então eu apenas corro, acompanhando os seus passos. Não dou mais espaço para o medo.

Contudo, dessa vez, não posso fazer nada quando tropeço em uma pedra e caio. Ainda no chão, sinto uma dor atingir meu tornozelo. Tento me levantar, mas consigo apenas soltar um resmungo dolorido.

— Não consigo... — Grunho, fazendo força — Não consigo me levantar.

Estou preste a chorar. Caio se agacha para checar o ferimento. Ele encara todo o lugar, e depois aqueles olhos lindos voltam para mim.

— Está tudo bem. — Ele sussurra para me reconfortar. Me pega em seus braços, o que faz meu tornozelo protestar em dor — Eu estou aqui. Não tenha medo.

Ele faz menção de olhar para trás, para a areia dourada. Como se tivesse deixado algo importante para trás, mas um instante depois já está novamente em movimento. Dessa vez, não tão rápido para não me machucar.

— Você está bem? — Ele questiona, quando chegamos em sua casa.

— Estou. — Engulo em seco. Minha respiração está acelerada em meu peito — E você, está bem?

Caio assente que sim com a cabeça. Ele parece atordoado, mas, logo, se aproxima e rodeia seus braços em torno de mim.

CAIO

Estou de volta a praia, agora observando todo o amplo lugar que é composto quase totalmente por areias de um tom dourado. Esses minúsculos grãos estão quente na sola dos meus pés. Agora, o lugar está totalmente claro e a luz do sol me acerta como punhados.

Dessa vez, estou sozinho.

Não disse nada do que planejava dizer na noite passada. Não depois do acontecimento de ontem. Não depois de escutar tiros e sair correndo com Laura, ainda mais depois que ela machucou o tornozelo.

Encaro o lugar amplo, soltando um suspiro frustrado.

Tem que estar aqui... Em algum lugar.

Vasculho cada pequeno canto da praia à procura do que deixei cair na noite passada enquanto corria. Por longos minutos, apenas fiquei andando e procurando o objeto. Quase dou um suspiro de alívio quando pego o pequeno anel dourado em minhas mãos.

— Que bom que o encontrei.

— Que bom que o encontrei

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