Capítulo 7

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AURORA

Ainda estou conversando com Laura, minha noite não pode ficar melhor. Ficamos assim, digitando e digitando por horas, até que meu irmão aparece em meu quarto e me vê sorrindo como uma boba. Ele se aproxima de onde eu estou e franze o cenho. Nada mais que uma figura no meio do quarto penumbroso.

— Tá conversando com quem? — Pergunta, sem tentar esconder a curiosidade.

— Não te interessa. — Debato com uma cara inocente. Minha voz está suavizada apesar do discurso. Meu irmão tenta enxergar mais de perto, mas eu afasto o celular de seu campo de visão.

— É algum garoto?

Dou um revirar de olhos. Caio pode ser ciumento, às vezes, mas, no fundo, sei que só quer me proteger.

— E se for?

— E se for eu tenho que aprovar.

Solto um resmungo irritado.

— Não, não é nenhum garoto. — Mostro a língua para ele, que me lança um olhar de repreensão — E, mesmo se fosse, não te devo satisfação. Você é meu irmão, não meu dono.

Caio coloca as mãos na cintura. Um pequeno sorriso acusador em seus lábios, como se dissesse o contrário.

— Hm... Quem é então?

Ele parece realmente interessado na missão de descobrir com quem sua irmã mais nova está conversando em plena duas e meia da madrugada. Lanço um olhar pensativo. Não tem porque esconder isso do meu irmão. Sempre conto tudo para ele.

Caio se senta ao meu lado da cama enquanto eu não digo nada. Meu irmão me observa com atenção. E, sem rodeios, falo sobre minha nova amiga e mostro a foto dela.

Laura? Da minha sala? — Questiona, parecendo à beira de pensativo e chocado — O que você fez para ser amiga dela?

Por um momento, fico apenas em silêncio.

— Não me diga que a subornou? — Ele continua, com um tom de divertimento — Falou que iria morder a canela dela caso ela não aceitasse?

— Mostrei meu charme e meu jeito encantador de ser — Confesso ao dar de ombros — Você não deve saber como é.

Caio dá uma gargalhada conforme leva a mão para a barriga e preciso me conter para não empurrá-lo novamente ou simplesmente o asfixiar com meu travesseiro.

Ridículo. Tenho 1,60 de altura. Nem sou tão baixa assim; ele só está falando isso porque é alto. Dou um empurrão nele, quase o vejo cair de bunda no chão, mas ele é mais esperto e se agarra à beirada da cama.

No entanto, não desistindo, vou pra cima dele, puxando sua orelha. Caio solta um som que me assemelha a um som de pato se afogando, o que foi bem engraçado. Ele me olha com uma cara sofrida enquanto aperto sua orelha esquerda, que está começando a ficar vermelha.

— Aí, Aurora, você está me machucando!

Solto minha mão da sua orelha, e consigo escutar o suspiro de alívio de Caio. Ele esfrega as orelhas, como se estivesse com dor.

— Por um momento, achei que ficaria sem orelha.

— Não me provoque maninho, da próxima vez será pior.

— Tá bom, tá bom! Me desculpe, está bem? — Ele levanta as mãos em rendição — Você venceu.

Assinto vitoriosamente, mas meu sorriso se desfaz ao ver que Caio parece realmente com dor no lugar onde estava apertando.

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