Capítulo 68

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PATRICK

Entro no meu quarto, bato a porta no processo. Me sento na cama conforme passo nervosamente as mãos pelos cabelos. Eu só andei e andei. Só queria sair de lá. Mas em minha mente... Aquela cena fica rodando e rodamdo, me torturando e me fazendo duvidar de tudo. Escuto batidas soar por trás da porta e logo ouço a voz preocupada da minha mãe.

— Filho, você está bem? — Ela pergunta com cautela — Quer conversar?

— Sim, mãe, estou bem. Só quero ficar sozinho.

Relutante, minha mãe para de bater na porta e escuto passos hesitantes soarem pelo corredor. Ando de um lado para o outro tentando entender tudo isso...

Porra.

Tento pensar em outra coisa, mas tudo o que vejo é a imagem de Aurora beijando outro garoto. Outra pessoa que não é eu.

Meu coração fica apertado dentro do peito. Levo a mão ao peito como se isso fosse o suficiente para controlar as batidas frenéticas, enquanto sinto emoções turbulentas ameaçando me desmoronar.

Esse sempre foi meu maior medo.

AURORA

Quando percebo, meus passos me levam até a casa de Patrick, onde ele está agora, provavelmente em seu quarto. Sei que disse que não subiria a sacada, mas agora não vejo outra escolha; nesmo que a sacada seja enorme e que eu sinta medo... Vou fazer isso. Vai ser mais fácil assim. Se eu entrar pela porta da frente vou ter que me explicar para Julia e duvido muito que Patrick queira me ver. Então vou fazer isso.

Eu consigo.

Me apoio na primeira coisa que encontro, segurando-a, e vou subindo. Mesmo tendo medo de altura, procuro não pensar nisso, também procuro não olhar para baixo.

Estou quase chegando. Falta pouco....

Mesmo que seja muito alto, mesmo que seja perigoso... Por Patrick. Eu preciso me explicar. Dizer que eu não queria aquilo, que foi tudo um mal entendido.

Tento não pensar muito nisso, arquejo conforme tento segurar uma pequena deformação na parede de pedra. Minha respiração acelerada, pressiono meu corpo mais na parede de pedra, e vou escalando e escalando... Minha respiração é ofegante, e posso sentir as feridas que se formam nas pontas dos meus dedos. Nunca fiz isso antes. Só uma vez que subi em uma árvore quando pequena, mas isso faz muito tempo.

Não esperava ter que fazer isso de novo tão cedo. Ainda mais nessas circunstâncias.

Agarro outra deformação na parede de pedra, rapidamente sinto ardência em minhas mãos, mas não me importo. Estou quase chegando na janela, na sacada. No entanto, paro um pouco para que meus pulmões enchasse de ar, apenas por um segundo. E sem querer acabo escorregando. Um pequeno grito sai de mim quando vejo que estou caindo para baixo.

PATRICK

Ainda estou em meu pequeno transe quando escuto um barulho soar do lado de fora. Na sacada, precisamente.

Relutantemente me levanto para ver o que é. Meu coração tropeça no peito quando vejo a figura espreitando ali. Sem pensar duas vezes seguro fortemente a mão de Aurora, puxoando-a para mim. Se eu não tivesse visto... Procuro não pensar nisso, mesmo que meu coração se retumba dentro do peito, pelo pensamento.

Aurora está quase escorregando. Seguro firme seu punho enquanto a puxo para dentro do meu quarto, o que a faz cair dramaticamente cima de mim, seria cômico se não fosse pela situação.

Encaro-a com olhos arregalados. Ainda segurando seu punho, com medo de que se eu a soltar ela possa desaparecer. Seu corpo está colado no meu, ao chão do meu quarto.

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