Capítulo 51

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AURORA

Estou deitada lendo um romance de época. Apenas o abajur ligado para conseguir ler o conteúdo. Paro imediatamente ao escutar um pequeno barulho vindo da janela. Já sabendo quem pode ser, com um resmungo, caminho em direção a janela.

Encaro a paisagem abaixo. Está totalmente escuro, não há muitas estrelas no céu, apenas alguns resquícios de nuvens. No entanto, a lua está grande e seus fechos iluminam meu quarto.

— Patrick?

Não tem ninguém ali. Sinto uma mão tocar meu antebraço. Em um gesto impulsivo, levanto meu punho e acerto uma figura sólida.

Patrick está com seu traje habitual preto, o cabelo levemente bagunçado, seus olhos se tornam surpresos ou posso dizer assustados?

Ele leva a mão ao seu rosto. E nesse período de tempo não diz nada.

— Patrick!  — Levo as minhas mãos ao meu coração, que retumba dentro do peito — Você me assustou!

Levo minhas mãos nas suas bochechas, faço uma careta no processo. Deve estar dolorido.

— Você tem sorte de eu não ter pego o taco de beisebol, que está escondido debaixo da cama — Digo como tentativa de humor, para aliviar o clima tenso.

Inicialmente, era de meu falecido pai. Jogávamos beisebol com frequência, quando ele morreu eu peguei o objeto, dizendo a mim mesma que era um tipo de arma para me proteger caso precisasse, mas no fundo sabia que era porque sentia falta dele, dos jogos e dos momentos antigos.

— Sorte a minha então.

Patrick passa a mão pela bochecha  como se estivesse pensando na possibilidade de ter um taco de beisebol  debaixo da cama, e o efeito que causaria no rosto com apenas aquele objeto. Tento controlar meu coração acelerado. Ele nota meu estado de alerta. O quanto essa situação me abalou.

— Tudo bem? — Ele pergunta, hesitante — Eu não queria te assustar.

Patrick segura minha mão, seus olhos negros estão com um brilho de preocupação, sua boca entreaberta, posso sentir seu cheiro de menta. Respiro fundo 

— Eu achei... — Sussurro, encarando minhas mãos que estão entrelaçadas em meu colo — Achei que poderia ser Richard.

Solto um suspiro, e consigo sentir sey olhar cauteloso me observando.

— Está tudo bem. Você está segura aqui.

Com ele. Eu sempre estou segura com Patrick.

Depois do que aconteceu no parque, no dia em que Richard esfaqueou Melissa achando que era Patrick... ele fugiu. Desde então, não apareceu mais na escola, nem em qualquer outro lugar. Há rumores que ele foi transferido, mas ninguém falou muito no assunto.

Isso deveria ser algo bom.

Mas não é.

Não da para viver sempre com medo. Com a possibilidade de que ele pode aparecer a qualquer momento e terminar o que começou. Esse é meu maior medo. Não é comigo que estou preocupada.... Não. É com ele, o menino de olhos negros que está ao meu lado. O garoto de roupas pretas que tem meu coração.

— Não precisa ter medo, minha luz.

Patrick murmura contra minha orelha. Ele aperta suavemente minha mão, como se conectando alma a alma.

— Está tudo bem agora. Eu estou aqui.

Sinto lágrimas quentes adornarndo meu rosto em um movimento silêncioso.

— Às vezes, tenho medo de que você seja fruto de minha imaginação. Um personagem que eu criei para me sentir menos sozinha.

Patrick solta um riso gostoso que se reverba pelo meu cabelo, corpo e alma.

— Nós somos reais. O meu amor por você é real — Ele se aproxima e beija a minha testa. Ele abaixa apenas um pouco a ponto de beijar meus lábios, mas não o faz — Sabe o que mais é real?

— O quê? — Pergunto baixo, ainda encarando seus olhos brilhantes.

Patrick retribue com um sorriso que faz meu coração palpitar.

— Isso é real. — Ele se aproxima e me abraça — E isso também — Abaixa e beija meus lábios, com tanto carinho, que meus joelhos fraquejam de um sentimento bom.

E, nesse momento, percebo que beijá-lo nunca se tornará cansativo.

E, nesse momento, percebo que beijá-lo nunca se tornará cansativo

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