AURORA
Viro meu rosto em um único movimento, e encontro Patrick dormindo ao meu lado. Algo dentro de meu peito se agita quando noto seu lindo rosto suavizado pelo sono.
Recordo do que aconteceu. Do atropelamento. De laura. Tento controlar as batidas frenéticas do meu coração à medida que encaro seu rosto, sua expressão é convidativa e tenho vontade de encará-lo o dia inteiro.
Decido não pensar muito nisso. Me aproximo perto de Patrick, não consigo me conter, para sentir seu cheiro de menta. Inspiro ar, quero mantê-lo mais tempo em meus pulmões.
— O que você está fazendo? — Patrick pergunta, sem abrir os olhos.
Sufoco um grito na garganta devido ao susto. Me afasto rapidamente dele conforme levo a mão ao meu coração que está completamente acelerado no peito.
— Você não está dormindo? — Pergunto, um pouco ofegante com as mãos ainda no peito.
— Você também não. — Ele observa.
Patrick abre os olhos e me encara, seus olhos negros estão com um leve brilho. Encaro-o perplexa e tento não parecer muito surpresa. Um silêncio constrangedor se instala no local.
Ele se aproxima e corta a distância que há entre nós.
— Você está muito assustada, Aurorinha. — Ele sussurra próximo a minha orelha.
— E você — Digo, tomando liberdade — Você fica melhor dormindo. — Concluo com um sorriso, o que faz Patrick soltar um riso sincero. Nos encaramos profundamente, e, sem aviso, Patrick, roça de leve seus lábios nos meus. Um movimento suave e carinhoso. Como se apenas para senti-los.
Menta me atinge imediatamente. Um profundo desejo reverbera por todo meu ser. Sua boca é macia, quente e rodeia a minha. Ele move carinhosamente nossos lábios como se fosse uma melodia, uma canção, que sabemos de cór. Tento não suspirar quando ele morde meu lábio inferior e se afasta. Ele me encara com repleto desejo. Acho que estou fazendo o mesmo.
Passo a mão pelo seu cabelo. Não consigo pensar em mais nada. Agora, não consigo pensar em mais nada apenas em Patrick. Desde que nos beijamos no lago, não paro de pensar nele. No quanto é bom estar com ele e que esse sentimento dentro de meu peito cresce cada vez mais. É desejo, mas também algo a mais. Algo que eu não sei explicar, mas quero sentir.
— Você precisa comer. — Patrick murmura ao se levantar. Ele coloca uma bandeja com café da manhã perto de mim. Com um aceno de cabeça pego o mingau servido e apenas com uma colherada tento não vomitar. Bebo o suco de laranja em seguida afasto a bandeja. Tento não fazer uma careta no processo.
— Hm... — Murmuro, tentando soar convincente — Esse mingau está bom. Mas estou sem fome.
Patrick me lança um olhar inquisidor
Ele pega uma muda de roupa e percebo que a roupa é minha. O conjunto é básico. Uma camiseta regata, uma legging e meu tênis All star favorito. Ele deixa as roupas do meu lado. Sem perder tempo pego o tecido macio conhecido. Seguro-as com carinho devido a saudade que estou delas.— Se quiser se vestir, estou esperando lá fora. — Patrick diz antes de sair.
Assinto que sim. Tentando não suspirar de alívio. Coloco as peças de roupas em meu corpo. Não faz mais que três dias que estou ali, mas parece uma década.
Estou sentindo falta do meu quarto. Da minha cama. Logo estou calçando os sapatos, e com um suspiro me levanto.
Caminho até a porta e abro-a. Logo encontro o menino de cabelo negro casualmente com às mãos no bolso. Ele está distraído. Não consigo impedir meus lábios que se repuxam em um sorriso verdadeiro. Me aproximo mais dele. Ele percebe minha presença e sorri. Caminhamos até a sala de espera do hospital. Logo encontro Caio, seu semblante é indecifrável.
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Recomeços
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