Capítulo 23

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AURORA

Continuo encarando cachorra dourada que balança o seu rabinho de um lado para o outro em meu colo. Esse foi um dos melhores presentes que alguém poderia ter me dado. Com a Star para me fazer companhia... me sinto menos sozinha.

Minha mãe fica meio insegura com a ideia, mas logo quando vê a carinha de Star, ela muda de ideia rapidamente, ainda mais com meu irmão que parece não desgrudar da cachorra.

Uma semana se passou desde o ocorrido no pátio do colégio...

Tento ao máximo não esbarrar com Laura, mesmo sentindo sua falta, ao ponto de meu coração doer. Sei que é melhor assim. Mesmo que me arrependa, é melhor assim. Meu irmão me questionou e tentou conversar comigo muitas vezes, mas sempre que o via eu o evitava.

Eu odeio isso. Odeio essa situação. Odeio querer a mudança, mas ser impotente pelo medo de Laura se machucar.

Desde quando minha vida se tornou tão complicada?

— Preciso de sua ajuda. — Diz Richard parando ao meu lado.

— Hum? — Murmuro confusa.

Ele nunca trocou uma palavra comigo, a não ser a troca de olhares que tivemos na aula de Biologia, o que foi por si só constrangedor. Sem contar o encontro dele com Melissa...

— Preciso passar em um campeonato de futebol que vai acontecer daqui algumas semanas, mas para isso eu preciso melhorar minhas notas.

Me lembro de Katie ter falado algo relacionado aos jogos... Mas o que eu tenho haver com isso? Nunca gostei desse tipo de coisa, a não ser jogos de beisebol que jogava com meu pai.

— Estou começando a entender... — Você quer que eu seja sua "professora" É isso? — Respondo de forma neutra ao gesticular com as mãos.

— Sim. — Richard murmura aliviado ao fazer um gesto agradecido.

— Não. — Respondo e viro as costas para Richard, mas ele segura meu antebraço para me parar.

— Por favor... Meu futuro depende disso. — Ele ainda está segurando meu pulso, e sinto algo estranho...

— Tudo bem. — Murmuro ao soltar um suspiro longo.

Apenas por isso. Não posso estragar o futuro de outra pessoa.

— Obrigado. — Richard dá um sorriso. Ele chega mais perto e brevemente me abraça. Tento sorrir para o menino loiro à minha frente.

— Me encontre no restaurante Briar, podemos continuar lá.

— O.k — Richard dá um sorriso ao virar-se de costas e sair andando pelo corredor.

Sinto como se alguém estivesse me observando. Encontro Patrick, que me encara com profundidade. Seu rosto está indecifrável. Meus pés me levam ao lindo garoto todo vestido de preto. Sento-me ao seu lado em um dos bancos coloridos do colégio.

— O que ele queria? — Patrick pergunta quando me aproximo, com as feições sérias olhando para o local onde Richard estava.

— Por que quer saber? — Questiono, o fazendo dar de ombros.

— Minha ajuda. — Continuo apenas.

— Com o quê? — A voz dele está grave. Posso até dizer que hesitante.

— Não é da sua conta — Lanço um olhar prolongado, o qual Patrick retribui.

Ele não diz nada, apenas se aproxima. Nossos corpos estão quase colados. Prendo a respiração, mas consigo sentir o cheiro de menta, com seu hálito sussurrando em meus ouvidos. Por um momento, esqueço de quem sou e onde estou. Mas quando ele se afasta, tudo volta ao normal. E algo dentro de mim se decepciona com isso.

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