Capítulo 47

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LAURA

Ainda estou observando o menino de cabelos castanhos e olhos marcantes. Nossa relação tem evoluído muito desde então, apesar de ainda não ser nada oficial, sei que é verdadeiro.

Estamos no meu quarto. Caio finalmente conheceu meus pais.  Apesar do jantar meio constrangedor, foi bom. Lembro-me de como sorri à medida que conversamos e comemos filé de peixe com especiarias. Minha mãe não parou de fazer perguntas desconfortáveis para meu namorado, mas Caio respondeu todas com educação e com humor. Isso é das muitas coisas que amo nele.

Caio está deitado de barriga para cima encarando o teto branco.  O cabelo de um castanho parece estar macio, e, de repente, me dá vontade de passar meus dedos pelos fios. Não estou muito longe dele, apenas encarando o criado-mudo que está uma bagunça. Não tem muito o que fazer aqui. Meus pais exigiram que tínhamos que manter a porta aberta, e não duvido que eles estejam espreitando no corredor para escutar nossa conversa.

Sei que só querem me proteger, mas às vezes isso é demais. Solto um suspiro e levo a mão ao cabelo, ajeitando a mecha cacheada.

— O que essa cabecinha está pensando? — Caio pergunta. Ele se  aproxima mais de onde estou.

A voz dele está levemente rouca. Viro meu rosto apenas para encará-lo.

— Que... — Me engatinho para mais perto dele — Eu sou feliz por ter você ao meu lado. — Sussurro perto de sua boca.

Caio me encara com olhos brilhantes à medida que me dá um meio sorriso de lado. Ele segura minha nuca e me encara com intensidade, o que, particularmente, faz meu coração palpitar dentro do peito.

Para sempre. — Ele sussurra de volta, contra minha orelha, ainda segurarando minha nuca.

Sinto meus pelos se arrepiarem. Encaro-o com olhos brilhando, ele também retribui meu olhar. A promessa pairando no ar.

Para sempre. — Retribuo o seu sorriso, enquanto sinto minhas bochechas corando no processo, mas não me importo. Não me importo, porque só consigo pensar no lindo menino à minha frente e o quanto ele é importante para mim. No quanto estar ao seu lado me faz feliz. Não me importo de ter isso para sempre.

— Onde você vai? — Caio pergunta ao se endireitar na cama

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— Onde você vai? — Caio pergunta ao se endireitar na cama.

Já devem ter passado algumas horas desde nossa última conversa. Acabamos de terminar de assistir um filme sobre casos criminais. Caio é muito bom em desvendar mistérios. E eu apenas fiquei observando-o enquanto ele dizia suas teorias sobre quem matou a vítima.

— Caminhar. — Respondo para ele, ao encarar meu relógio de pulso. Coloco uma blusa fina, pois pode esfriar. Amarro os cadarços de meus tênis, e meu cabelo em um rabo de cavalo.

— Posso ir junto? — Ele pergunta.

Assinto com a cabeça à medida que ultrapasso a porta do meu quarto. Moro em um prédio de oito andares, por isso tenho a opção de pegar o elevador ou descer as escadas que ficam um pouco afastadas. Bem, qualquer pessoa normal escolheria o elevador. A não ser que você quisesse ficar a sós com alguém.

— Podemos ir pelas escadas. — Caio propõe com um sorriso de lado. Ele coloca as mãos no bolso em um gesto casual. Sua visão casual me faz querer beijá-lo.

Encaro-o ainda pensativa, mas, no fim, resolvo que sim.

Caminhamos pelos degraus da longa escada de mármore, que por sinal não está lá em seus melhores dias. Às vezes, o menino ao meu lado faz provocações, e, em resposta, dou leves tapas em seu ombro, mas algo dentro de meu peito palpita em favor aos comentários lascivos.

CAIO

Estou caminhando pelas longas estradas de Porto Real. Laura, uma figura reconfortante ao meu lado. Não consigo parar de encara-lá, muito menos nessa legging que cai perfeitamente em seu corpo.

Ainda consigo sentir meus pulmões se reverberar devido às risadas que demos. O motivo? Eu tropeçei em uma pedra e cai. Em vez de Laura me ajudar, ela ficou apenas rindo. Pelo menos, não tinha muitas pessoas no parque, a não ser um casal de idosos que nos encaravam com carinho, como se estivesse se lembrando da época em que tinham nossas idades.

Observo o local conforme sinto a brisa refrescar meu corpo suado. O sol está desaparecendo entre as nuvens, que parecem algodão doce, o que faz alguns pontos ficam escurecidos e outros mais iluminados.

— Acho melhor descansarmos. — Laura murmura ofegante ao apoiar as mãos no joelho.

— Também acho — Respondo sem fôlego.

Havíamos caminhado e corrido até não sentirmos mais ar nos pulmões. Mas apenas em estar na companhia de Laura... Vale a pena. Tudo por ela vale.

Me sento na grama do parque. Laura faz o mesmo ao meu lado. Ela beberica um pouco de água da sua garrafa e me oferece quando está satisfeita, acabo aceitando devido a garganta seca.

— Já falei que você fica linda com essa legging? — Abaixo a garrafa e entrego à ela.

— Você diz muitas coisas. — Ela balança a cabeça.

— É a verdade. — Digo com convicção.

Ela dá um sorriso tímido que eu acabo retribuindo.

Está começando a ficar frio. Não trouxe uma blusa. Laura parece perceber e se aproxima mais de mim. Ela leva seu braço ao redor do meu ombro conforme me puxa mais perto do seu corpo. E, imediatamente, começo a ficar mais quente, seja pela presença dela ou por qualquer outro motivo.

Ela me encara por longos instantes. Não consigo parar de encará-la. Mas isso não dura muito, pois alguém passa perto de nós e me faz sair do transe em que estou.

— Olhe! — Laura diz e aponta para o céu. Ela parece feliz. Encaro-a confuso, e olho para onde ela está apontando.

— É uma estrela cadente! — Ela continua dizendo.

Encaro o céu que está semiescurecido. Pequenas estrelas despencam no céu noturno, e, no centro, tem uma estrela cadente. Um imenso rastro de luz que parece se mover com facilidade.

Uma luz na escuridão.

É isso que Laura é para mim.

— Achei que fosse um evento raro... — Laura balbúceia.

— Acho que a estrela cadente queria ver alguém que se comparasse ao brilho dela — Levo meus braços ao redor do joelhos — Você está aqui. Ela viu alguém que tem um brilho tão grande. Deve estar queimando de inveja agora.

— Não seja bobo. — Ela me empurra de lado — Com um sorriso nos lábios, parece envergonhada.

Se recomponho, continua.

— Dizem que se você fizer um pedido a estrela ele se realiza. — Seus olhos esverdeados estão com um leve brilho — Mas não pode contar a ninguém. Se não, não funciona. — Completa ao notar que abri a boca para dizer algo.

— Sim, senhorita.

Com um pequeno suspiro, fecho meus olhos e faço um pedido à estrela cadente. Mas, na verdade, não sei ao certo o que pedir. Eu tenho tudo o que  preciso... Tenho quem preciso. Isso para mim é o suficiente.

 Isso para mim é o suficiente

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