Capítulo 4

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AURORA

Não sei quanto tempo se passou, mas a única coisa que lembro é que eu adormeci no meio da aula de matemática. E, por algum milagre, o professor não notou. Se sim, pareceu não se importar.

Passo as mãos pelos meus olhos, me acostumando novamente com a claridade do local, viro apenas para pegar minha garrafa de água devido à garganta seca, mas logo me arrependo.

Engulo em seco. Me esqueci totalmente de Patrick. Agora, ele me encara com curiosidade e um quê de divertimento nos olhos escuros. Ele parece querer dizer algo, mas antes que possa falar, o sinal soa. Deixo a garrafa de lado e caminho para fora da sala em direção ao pátio.

As grandes fileiras de adolescentes ameaçam me espremer contra a parede. E, como nunca tive muita força física, não tenho muito o que fazer além de suspirar comoventemente e esperar as pessoas se organizarem.

Tendo uma leve sensação de que Patrick está me observando onde quer que esteja, prendo meu cabelo em um rabo de cavalo quando finalmente consigo caminhar livremente pelo corredor.

Logo, avisto uma figura conhecida.

— E aí, maninha! — Caio cumprimenta com bom humor.

Ele está com mais dois meninos e uma menina.

— Pessoal, essa é minha irmã. O nome dela é Aurora.

A menina de cabelos loiros médios e um belo corpo sorri para mim.

— Oi. Sou a Katie. — Diz ela.

— Olá, Katie. — Respondo de modo educado, e retribuo o sorriso.

Dou dois acenos de cabeça aos outros dois amigos de Caio, que logo descubro que se chamam Charlie e Kauan.

Ficamos apenas em silêncio por alguns minutos. Eles me observam, sem dizer nada. E, mesmo que eu não queira, inevitavelmente, sinto-me um peixe fora d'água.

Comunico para meu irmão que irei dar uma volta e bagunço o cabelo dele. Ele apenas solta um resmungo, mas concorda. Não que eu não queira conversar com eles. Na verdade, os amigos de Caio são bem legais, melhor do que pensei que seriam, mas sinto que preciso ficar sozinha.

Ultimamente, a única coisa que quero é essa. Olho novamente para Katie, Charlie e Kauan a fim de memorizar seus rostos.

— Tudo bem. — Meu irmão diz — Ele faz uma pausa antes de continuar — Tome cuidado.

Arqueio as sobrancelhas em sinal de confusão e cruzo os braços em frente ao corpo.

— Cuidado? Com o quê?

Meu irmão dá de ombros de modo despreocupado. Um gesto casual e simples, mas que arranca suspiro de algumas garotas que não estão muito longe de onde nos encontramos, o que me faz, particularmente, revirar os olhos. Deve ser algo normal para ele, mas para mim é desnecessário.

— Apenas se cuida. — Ele repete, por fim.

Assinto, mas não dou muita bola para o que meu irmão diz.

Assinto, mas não dou muita bola para o que meu irmão diz

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