Recomeços

Capítulo 60

AURORA

Estou no sofá da sala, encostada em Patrick. Ele passa a mão carinhosamente pelo meu cabelo. Estamos conversando enquanto Caio e Laura não chegam. Me aconchego mais no menino ao meu lado, que está em seu traje habitual preto, seu cabelo levemente bagunçado, e me vejo na necessidade de passar a mão pelos fios.

Respiro profundamente, apenas para que o cheiro de menta não saia de meus pulmões. Viro meu rosto apenas para encará-lo. Patrick para de mover as mãos por meu cabelo e torna a me encarar também.

— Você é lindo — Sussurro para ele, com olhos brilhantes.

Patrick abre a boca para falar algo, mas antes que ele possa dizer, eu completo.

— Não falo apenas de beleza externa — Levo a mão ao seu coração, que está pulsante em minha palma — Estou falando sério, Patrick. Quem você é.... Sua essência, alma e personalidade. É a pessoa mais linda que eu conheço.

Patrick parece paralisar, seus olhos negros se tornam suavizados. Sua boca está entreaberta, e sinto uma imensa vontade de beijar seus lábios, para que assim ele não se veja na necessidade de responder, pois parece não haver palavras a dizer. Ele se aproxima e passa o polegar pela minha bochecha, conforme me beija carinhosamente, e passa as mãos pelo meu pescoço enquanto aprofundamos o beijo.

Escuto ruído de porta sendo aberta e com relutância me afasto do beijo, minha respiração ofegante e meus olhos brilhantes de excitação, apalpo minha roupa enquanto me encosto mais no sofá.

Logo vejo meu irmão entrar no lugar, com Laura apoiada em seu ombro. Me proximo mais de onde estão.

— Amiga! — Suspiro aliviada — Você está bem? — Torno a pergunta enquanto encaro seu tornozelo.

Laura concorda com a cabeça.

— Estou bem — Só não posso fazer muito esforço. — Pego sua mão suave e dou-lhe um pequeno beijo nela — Eu te ajudo.

Apoio-a no sofá. Laura retribui o gesto com um sorriso e um agradecimento. Caio e Patrick vão para a cozinha e estão conversando sobre algum assunto aleatório.

Aproveito e vou em direção a uma pequena cômoda de mármore, que está encostada não muito longe de onde estou, pego um óleo específico para massagem, o vidro de olhos naturais, que minha mãe usa para aliviar dores no corpo. Logo em seguida, me ajoelho na frente da minha melhor amiga.

— O que você está fazendo? — Laura pergunta rapidamente. Em sua expressão há surpresa e espanto. Ela dá mais alguns protestos que eu acabo ignorando. Encaro-a enquanto fico de joelhos — Deixe-me cuidar de você. É o que amigos fazem, não?

Laura assente relutantemente com a cabeça. Seus olhos verdes brilhantes. Pego um punhado de óleo de cor transparente e cheiro adocicado e passo por toda a extensão de seu pé direito, fazendo movimentos leves e ágeis por todo o local. Laura dá um pequeno suspiro extasiado, como se realmente fosse bom. Faço o mesmo movimento no pé esquerdo, com cuidado para não machucá-la.

Quando termino, Laura me encara com gratidão em seus lindos olhos. Ela parece querer me dizer algo. Continuo agachada de onde estou.

— Não se esqueça, Aurora. — Laura murmura com leveza — Eu te admiro pela pessoa que você é. Você pode até não ver, mas eu vejo, sua verdadeira força... está dentro de você.

Laura diz essas palavras com a voz calma e convicção. Sinto minha boca se entreabrir de supresa. Sem palavra, em resposta dou um pequeno sorriso. Sinto que uma lágrima está a beira de se romper, mas não quero que Laura pense que estou triste — É uma lágrima de felicidade. Depois de tudo o que Laura fez por mim... o mínimo que eu posso fazer por ela, é possibilitar com que se sinta confortável em minha casa, que, na verdade, também é a casa dela.