Capítulo 13

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AURORA

Eu já estou começando a ficar muito preocupada.

Por que Patrick faltou tanto

Formo algumas teorias na cabeça enquanto disco seu número. Toca algumas vezes.

Caixa postal.

Mal o conheço, mas de alguma forma sinto que preciso fazer isso. Apesar de Patrick ser absolutamente sarcástico e provocador, não desejo que nada de mal aconteça à ele. Depois de alguns minutos, sinto o celular vibrando no bolso. Pego o aparelho telefônico a tempo de ver o número de Patrick refletir na tela.

— Alô?

— Eu vi que você me ligou. Tem algo que queira me dizer? — Patrick pergunta, com voz neutra.

Dou um suspiro entrecortado, formulando o que eu ensaiei mil vezes para dizer, mas de alguma forma esqueço as palavras.

— Você tem faltado na escola. Eu só quero saber se você está bem...

Afasto a insegurança e o nervosismo.

— Tá com saudades? — Ele pergunta em um tom provocativo. E mesmo não conseguindo ver seu rosto, tenho certeza que está com aquele sorrisinho nos lábios.

— Não, não estou. Se você ficar de gracinha eu vou desligar. — Nesse momento, já me arrependo de te ligado para Patrick. Mas, é bom saber que ele está bem.

— Não, espera! — Patrick diz rapidamente — Eu estava resolvendo umas coisas por aqui... por isso não consegui ir para a escola esses dias. Mas já que está com tantas saudades, Aurorinha, deveria me ligar mais vezes.

A voz dele se torna um ronronar sexy, consigo sentir minhas bochechas ficarem quentes.

— Você é muito convencido, sabia?! — Uma risada gostosa reverbera pelo telefone e acabo esquecendo o que ia dizer, mas logo me lembro.

— Quero pedir desculpas pelo modo como tratei você quando esteve aqui. Eu descontei em você a minha raiva e dor, e você só está querendo me ajudar.

Patrick fica em silêncio. Me pergunto se ele ainda está na linha.

— Está tudo bem. Eu entendo. Não deve ser fácil para você... E não quero me intrometer em sua vida ou te pressionar, só estou quero te ajudar. Você sabe que pode ser mais fácil se você permitir que seja.

— Eu sei. — Murmuro apenas — Eu sei...

Estou ao lado de Katie enquanto Caio, Charlie e Kauan conversam entre si sobre sei-lá-o-quê

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Estou ao lado de Katie enquanto Caio, Charlie e Kauan conversam entre si sobre sei-lá-o-quê. Katie, uma garota muito simpática, tenta puxar assunto, mas minha mente está vagando para outro lugar.

Encaro as paredes brancas do Saint Mary. Há alguma sujeira espreitando pelas paredes. Observo os armários de tons cinza e os bancos coloridos. Vários grupos de adolescentes estão separados por todo o local.

Solto um suspiro sofrido. Tento não pensar muito em Patrick, falho miseravelmente. Depois da conversa que tivemos ontem a noite...

Apenas murmuro "Sim" e "Claro" para Katie, que fala sobre os jogos de futebol que estão se aproximando e o quanto ela quer "Ver os meninos sem camisa".

Eu não estou prestando atenção à metade das palavras que saem de sua boca. Não porque não quero, mas minha mente não consegue manter-se focada.

Katie chega mais perto de mim. Acho que nós duas nos tornaríamos boas amigas... Em outras circunstâncias.

— Aquele menino da sua sala. O Patrick, né? — Ela olha para todo o corredor como se fosse encontrá-lo — Dizem que ele entrou em uma briga ontem, e por isso ele está machucado. — Sua feição é pensativa. Ela diz as palavras em um sussurro.

Viro meu rosto para encarar a menina imediatamente após ouvir a menção do nome Patrick.

— Como assim? — Pergunto e arregalo os olhos.

— Não sei muito bem... — Ela continua mastigando o chiclete — Mas o pessoal está falando que ele se meteu em briga por motivos nada bons.

Por quê?

Katie me encara confusa pela minha repentina curiosidade. Ela parece pensar um pouco.

— Será que foi por mulher? Ou se meteu com traficante? Eu não sei de onde o pessoal tira essas coisas. Provavelmente ele deve ter brigado com caras mais velhos, essas coisas acontecem quando você se envolve com mulheres comprometidas.

Tento esconder o choque e me mexo desconfortavelmente no lugar diante da menção de Patrick se envolver com outras garotas. Ou de ele estar ferido.

Será que era isso que ele estava resolvendo?

Não é possível. É claro que eu não o conheço completamente, mas sei que elenão faria isso.

Ou faria?

Deve ser algum engano... Lembro de uma vez em que Caio bateu o rosto na porta do meu quarto e no dia seguinte todos acharam que ele tinha levado o soco de uma garota da sala dele, pelo simples fato do meu irmão ter recusado educadamente o pedido de namoro que ela fez.

— Mas sabe como é. Não se pode acreditar em tudo o que escuta — Ela dá de ombros de modo despreocupado.

Nem me despeço de Katie e dos amigos do meu irmão quando escuto o sinal soar. Caminho o mais rápido para a sala de aula. Entro no local e avisto Patrick na última cadeira. Ele está com um olhar um pouco sombrio e uma cicatriz agora adornando um pouco abaixo de seu pescoço.

Paraliso no lugar e prendo minha respiração na garganta enquanto o encaro. Lentamente seus olhos negros encontram os meus e me estudam. Cada centímetro. Sinto meu coração trovejar dentro do peito e com passos hesitantes vou para meu assento. Ainda consigo sentir o olhar de Patrick nas minhas costas.

Será que o que Katie disse é verdade? Ele é perigoso?

Meu café da manhã se revira dentro do estômago. Depois de alguns instantes, o professor de Química entra na sala de aula e começa a passar algumas fórmulas químicas.

Pensamentos inoportunos viajam por minha mente. Ignoro todos conforme encaro Patrick de soslaio uma última vez antes de abrir meu caderno e começar a fazer anotações sobre a aula.

Essa conversa virá depois, em outro momento, agora, eu apenas preciso me concentrar em Química. É o que eu digo para mim mesma, como se isso fosse me ajudar de algum modo a parar de pensar no menino a poucos centímetros de distância.

Não saberei como reagir quando de fato com ele... até porque não tem como evitá-lo para sempre, não quando ele é da minha sala e ocupa o assento atrás do meu.

Não preciso me virar para me lembrar da cicatriz logo abaixo de seu pescoço.

A preocupação me acerta como ondas, assim como meus pensamentos. Talvez haja outra explicação além das quais Katie mencionou. Como ela disse, não se pode confiar em tudo que escuta.

 Como ela disse, não se pode confiar em tudo que escuta

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