Capítulo 10

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AURORA

Não culpo Patrick pelo apelido, até porque não tinha como ele saber, e o modo como agi, foi impulsivo, sei. Mas foi tudo o que consegui fazer.

Laura foi tão atenciosa, suas palavras de conforto ainda ecoam por minha mente:"Você não precisa ser forte o tempo todo".

Eu falei para a diretora da escola que estava com dor de cabeça e ela me deixou ir embora. De certo modo, não era mentira, eu realmente estava com uma leve enxaqueca.

Eu apenas fui para a minha sala de aula para pegar minha mochila. Não me importei com os olhares dos alunos, inclusive de Patrick, o qual pude sentir que certamente me encarava.

Me despedi da minha melhor amiga, e fui para casa.

Caio nunca parece estar em casa. Às vezes, o horários de nossas aulas simplesmente não batem ou às vezes ele fica de rolê com seus amigos sem se importar com mais nada. Não o culpo, até porque essa pode ser a forma dele lidar com tudo isso.

Olho de esguelha para Alice, que está na cozinha fazendo o almoço, me levanto e me aproximo de onde ela se encontra, enquanto sinto minha barriga roncando de fome.

Fico feliz por ela está de pé hoje. Ela ficou muito tempo deitada naquele quarto. Senti falta disso... de vê-la cozinhando enquanto cantarola.

— Oi? mãe. — Murmuro ao me encostar na bancada.

— Oi filha, não vi você entrar.

— Eu acabei de chegar.

— Tudo bem? Como foi a escola? — Minha mãe me encara com um olhar suave e preocupado.

Por que todo mundo me pergunta isso? É óbvio que eu não bem.

— Sim — Tento parecer o mais convincente o possível — O que você está fazendo para o almoço?

Minha mãe fica em silêncio. Logo percebo que está fazendo strogonoff, meu prato de comida favorito. Me aproximo dela e dou um beijo carinhoso na sua bochecha. Começo a subir a escada, quando lembro do trabalho de Biologia.

— Então, mãe... — Começo dizendo ao voltar novamente a atenção para ela.

— Hum?

— A professora de Biologia passou um trabalho em dupla. Eu e minha dupla não conseguimos terminar na sala de aula. Tudo bem se continuarmos aqui?

— Quem é sua dupla?

— Ele é aluno novo. O nome dele é Patrick. — Tento não demonstrar insegurança ou aversão.

— Ele é seu namoradinho?

— Não, mãe, ele não é meu namorado! Meninas e meninos também podem ser amigos — Com um bufo, vou batendo os pés até quarto.

Eu sabia que minha mãe iria achar que Patrick é meu "namoradinho". Mas não tenho muito o que fazer em relação a isso. Prefiro aturar esses comentários do que ter que ir a casa de um garoto que eu mal conheço.

Me animo na cama quente, agradecida pelo conforto, pgo meu celular no bolso da calça e decido então mandar uma mensagem para Laura.

Não sei quanto tempo se passou, talvez a madrugada toda. Só quando sinto minhas pálpebras pesadas, desejo uma "Boa noite", para Laura. Desde que ela me passou seu número, conversamos sem parar. Eu amo esses momentos em que conversamos. Eu esqueço de tudo e apenas sorrio.

Laura constantemente me envia fotos de cachorros vestidos com roupas fofas. O motivo? Não sei ao certo. Mas isso me ajuda a rir. Também sempre mando fotos de meu irmão, quando ele não está olhando. Nunca disse nada sobre isso para Caio, pois ele me mataria.

Ainda não sei ao certo o que há entre os dois. Talvez não seja nada, mas por algum motivo eu quero juntá-los. Os dois são muito importantes para mim e quero ver às pessoas que eu amo juntas. Se possível... bem juntas. Se é que você me entende.

Estou com o celular ainda na mão. As pálpebras fechando, quando escuto aquele mesmo barulho da noite passada na janela. Com medo, e com o coração acelerado me levanto e caminho com hesitação à janela.

Com o sono se esvaindo, aproveito e pego o taco de beisebol do pai que fica embaixo da cama e levo às mãos, enquanto me esgueiro mais para a janela, a fim de descobrir o motivo de tal alvoroço.

— Tem alguém aí? — Pergunto apreensiva.

ou um pequeno grito de susto ao encarar uma figura lá embaixo.

— Você não vai tacar isso em mim, né? — Caio grita de volta. — Ele está sorrindo.

— Aí, meu Deus, que susto! O que está fazendo ai embaixo? — Grito de volta conforme abaixo o taco de beisebol.

Levo à mão ao coração que está acelerado.

— Desculpa. Só estava caminhando. — Sabe?... para espairecer.

— Você está bêbado?

— Sim — Meu irmão levanta o braço e percebo que tem uma embalagem de alguma bebida em sua mão.

Assinto, apreensiva. Mas meu irmão não é muito de beber...

— Você aceita uma dose? — Ele me mostra novamente e consigo enxegar melhor a embalagem da bebida.

Mas não é bebida alcoólica como eu imaginava.

— Entendi! — Grito de volta — Me espera aí. Também quero me "embebedar" com suco de garrafa!

 Também quero me "embebedar" com suco de garrafa!

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