BÔNUS_ MELISSA E MATHEUS

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MELISSA

Já se passaram semanas desde o encontro na casa da Aurora. Eu pedi perdão para ela. Nós três — Eu, Laura e Aurora — conversamos e resolvemos todas as diferenças que havia entre nós. É bom ter amigos novamente. Mas não achei que iria me encontrar com Matheus, na verdade, eu não sabia o que ele estava fazendo lá.

— Por que não me disse antes? — Questiono à medida que Matheus passa as mão pelo cabelo ruivo.

— Eu iria te contar... Eu iria, mas você fugiu naquele dia. Você nem deu uma chance para me explicar.

— Você esperava o quê, hein? Você apostou com seus amigos que iria me conquistar e depois você foi embora — Minha voz sai esganiçada — Achou que eu não sabia? Foi por isso que me senti tão magoada!

— Não foi minha intenção — A voz dele fraqueja — E, eles não eram meus amigos… Felipe é meu amigo, aqueles são garotos do time de futebol, e eu queria impressioná-los.. — Ele segura minha mão — Isso foi antes de te conhecer. Antes de eu me apaixonar por você. Você não tem noção do quanto eu me arrependo.

Fecho os olhos com o peso das palavras.

— Não… não diga mais nada! Eu não quero escutar suas desculpas esfarrapadas. Você não tem noção do que passei.

Viro para me afastar, mas sinto as mãos apertar meus braços.

— Eu senti sua falta. — Matheus sussurra quando seu rosto está quase colado ao meu — Porra, Melissa, eu senti tanta sua falta.

Encaro aqueles olhos safiras. Eu passei todos aqueles meses também sentindo falta dele. Eu odiei cada momento em que eu desejava estar ao lado dele, mas,  por uma mentira, não foi possível. Eu confiei em Matheus, e ele me traiu, traiu minha confiança. De todas maneiras possíveis, me senti abandonada.

— Sinto muito...

— Então por quê? Por que foi embora? — Eu teria te dado uma chance se você realmente tivesse se arrependido na época. Eu estava tão apaixonada que faria isso. Sou uma tola por causa disso.

Matheus me encara com profundidade. Ele abre a boca para falar, mas não diz nada. Em seus olhos há um brilho de aflição.

— Minha mãe estava doente. Foi por isso que eu tive que voltar para minha cidade Natal, para visitá-la, pois meu pai disse que poderia ser seu último dia. E foi... — Ele suspira — Só não imaginava que também era sua cidade natal. 

Quero dizer que sinto muito pela sua mãe, mas as palavras não vêm à boca. Matheus passa o polegar pela minha bochecha. Me retenho com o toque, mas minha pele está arrepiando-se. Eu não esperava que fosse por esse motivo, acho que estava tão focada na minha dor que não reparei no que ele estava sentindo.

Eu apenas fiquei me cuidado em Floriana. Estou bem mentalmente, pelo menos, em relação à doença. Mas na maior parte do tempo, eu fiquei sozinha e me lamentando; na esperança de voltar à Porto Real e tudo voltar a ser como antes.

Mas não voltou, não totalmente. É claro que agora eu tenho duas amigas, e tenho uma vida saudável, mas sempre senti que faltava algo; e sabia o que era, mesmo que não quisesse admitir.

Eu almejei tanto por esse reencontro, mas não planejava vê-lo novamente, não depois de tudo. Me mexo em meu próprio corpo, penso em algo para dizer, mas tê-lo na minha frente faz eu me sinta confusa.

— Tudo poderia ter sido diferente… — Sussurro ao abaixar o olhar — Por que isso teve que acontecer? Por que você tinha que fazer isso? Eu estava começando a ser feliz... A confiar nas pessoas novamente, e você estragou isso.

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