Capítulo 2

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8 anos depois...

Sorrio ao respirar fundo e sentir o belo ar de Los Angeles, a cidade das celebridades e grandes famosos. Seguro firme minhas chaves em mãos enquanto ando para fora da rodoviária, sentindo nada mais nada menos que pura gratidão e a felicidade mais pura que existe. Sinto gratidão pois pude conseguir uma bela casa graças a minha melhor amiga Ana que foi um anjo para mim ao emprestar um de seus apartamentos localizados em Los Angeles com a condição é claro, de que eu pague uma quantia por mês de aluguel. Foi difícil convencê-la a me deixar pagar pelo menos o aluguel da casa que vou morar mas com muita insistência ela acabou cedendo. A mais pura felicidade foi porque consegui finalmente me libertar de toda a dor e sofrimento na qual fui submetida durante vários anos, lembro-me com lágrimas nos olhos de tudo o que passei em casa enquanto a raiva e o ódio de minha mãe e padrasto aumenta a cada dia que passa. Respiro fundo ao ver que minha decisão de pedir aos meus patrões que guardassem o dinheiro dos meus aumentos foi com certeza a melhor que pude ter, pois graças a esse dinheiro que consegui pagar a passagem para fugir para Los Angeles pra poder ficar o mais longe possível de toda a dor e angústia que minha mãe e padrasto me fizeram passar. Aceno minha mão para um táxi que se aproxima enquanto olho pelo telefone, informações dadas a mim por meus antigos patrões sobre uma casa que está precisando de uma doméstica com urgência. Ao adentrar o táxi, dou o pedaço de papel contendo o endereço da casa que ficarei e antes que ele possa ir para lá, peço para que pare em um supermercado para comprar algumas coisas que serão necessárias para mim e a nova casa.
Tusso um pouco ao abrir as cortinas do pequeno apartamento que estão lotadas de poeira, na verdade, toda a casa está o que para mim não é nenhuma novidade já que parece estar sem ser utilizada a muito tempo.  Ao dar uma olhada no relógio do meu celular vejo que tenho bastante tempo para poder arrumar toda a casa antes de marcar a entrevista de emprego. Apesar de pequena, a casa é muito aconchegante e bela contendo os móveis com um estilo rústico por toda a casa. Passo um pano no enorme espelho ao lado da janela do quarto e observo o meu reflexo, meu grande e cheio cabelo cacheado hoje está mais rebelde do que de costume e, que com um certo trabalho consigo prende-lo. Respiro fundo enquanto retiro a blusa e sinto meus olhos ardendo quando observo as marcas presentes em meu quadril, costelas e barriga. Marcas feitas pela pessoa que deveria me amar e me proteger acima de tudo e todos, feitas porque me recusei a continuar me submetendo aos desejos doentios de meu padrasto, homem ao qual foi o causador de tudo isso e que foi também, o grande causador da minha expulsão de casa ao ter ordenado a minha mãe que escolhesse entre eu ou ele, causador de todos os meus problemas psicológicos como crises de ansiedade e ataques de Pânico, da minha insônia e também o grande causador do meu maior e mais perturbador trauma, o medo de engravidar.

-Ja passou, respire fundo e sorria, você é uma nova mulher, está livre de todo aquele sofrimento e precisa ser forte para poder conseguir um bom trabalho, tudo o que importa é o hoje e o agora.-Cito para mim mesma em voz baixa enquanto ergo a cabeça, lembrando de meu juramento que fiz ao entrar no ônibus para vir para cá, prometi a mim mesma que nunca mais deixaria ninguém me humilhar, prometi a mim mesma que nunca mais iria me calar e abaixar a cabeça, a partir daquele momento que fiz aquele juramento, me senti mais leve e mais confiante, eu posso e eu vou conseguir superar esse terrível passado. Com esse pensamento em mente, começo a lavar e limpar todos os cômodos da casa enquanto penso em cursos que poderei fazer com o tempo livre que me sobrar, como irei fazer o meu dinheiro render e diversas outras coisas que ocuparam minha mente enquanto limpava a casa.
Exausta, me sento no sofá enquanto respiro o belo aroma do desinfetante que usei na casa que fez com que ela ficasse perfumada e relaxo ao ver que a casa está toda limpa. Pego meu celular e disco o número de telefone da casa que está precisando de uma doméstica e no terceiro toque, escuto a voz de uma mulher.

-Casa dos Tompsons.

-Ah olá, boa tarde, gostaria de marcar o horário da entrevista para a vaga de doméstica, meu nome é Julia Cooper e eu tinha enviado o meu currículo ontem por email.

-Ah sim estou lembrada, terá disponibilidade para vir às nove em ponto senhorita Cooper?

-Sim sim às nove está perfeito.-Digo de maneira rápida meio nervosa.

-Então será às nove senhorita, peço que não se atrase, boa tarde.

-Muito obrigada e tenha uma boa tarde também.-Digo meio embaralhada por conta do nervosismo e desligo o telefone sorridente. Uma coisa a menos para ser resolvida e confiante, sigo para meu quarto para desfazer as malas e preparar tudo para amanhã.

O Delegado Onde histórias criam vida. Descubra agora