-Tudo bem contigo gatinha? Parece meio distante.-Pergunta Eliza sorrindo para mim, um sorriso que não chega aos olhos.O restante inteiro do dia não vi mais meu chefe e nem soube nada dele, isso até que de certa forma é normal mas não consigo parar de pensar no que ele disse e no quanto ele estava certo. Eliza não era a mulher que eu imaginava que era, ela não tem nada de interessante e ao meu ver parece muito egocêntrica. Outro fato que não faz com que eu o esqueça é exatamente ela que parece uma detetive pois no jantar inteiro não para de me perguntar sobre ele. Alem disso sei lá, sinto um sentimento estranho, uma preocupação, sinto que algo bem ruim aconteceu ou está acontecendo e de que esse não é o lugar que eu deveria estar. Talvez eu esteja ficando paranóica.
-Não é nada, somente estou cansada porque hoje o dia foi bem corrido.-Digo sorrindo levemente, olho para o relógio e vejo que ja está perto das nove.
-Entendi, bem quer ir pro meu apartamento? Ele fica bem perto daqui e poderia descansar lá, ou talvez não.-Diz sorrindo maliciosamente. Ele definitivamente tinha razão. Mais que merda!
-Olha sinto que devo ser muito sincera com você. No momento não estou disponível para um relacionamento porque é tudo muito novo pra mim entende, ainda não me adaptei bem as mudanças que estou tendo recentemente, mas posso te oferecer minha amizade.-Digo tranquila a fazendo rir, ato que me deixa levemente desnorteada e confusa.
-Queridinha eu só quero uma noite com você, nada mais. Não sou uma mulher de relacionamentos e duvido muito que algum dia eu serei. Mas achei fofo essa preocupação sua comigo. Não preciso da sua amizade e muito menos a quero, você é muito inocente mesmo.-Diz me olhando de cima a baixo.-No entanto é muito bonita.-Diz sorrindo, acena para o garçom que traz a nossa conta e quando estou para pegar o dinheiro ela me para.-Pode deixar que eu pago, provavelmente você vai precisar desse dinheiro pra pagar um ônibus ou algo do tipo e não precisa me agradecer por trazê-la em um restaurante assim, as vezes gosto de fazer caridade.-Diz com um leve desdém me deixando irritada e magoada.-Pode ficar com o troco queridinho. Bye bye queridinha, passar bem.-Diz ao pegar sua bolsa e andar em direção a saída. Que vaca! O sentimento de urgência em chegar na casa de meu patrão se torna maior do que o sentimento de raiva e vontade de voar na cara daquela vagaba. Peço um Uber que não demora muito a chegar e seguimos para a casa de Peter. Vou o caminho todo inquieta enquanto sinto um misto de sentimentos, mágoa, raiva, e esse sentimento de urgência em chegar que não passa, algumas lagrimas involuntárias caem livres e não faço questão alguma de limpa-las. Será que sou realmente tão inocente assim? Pior, será que isso é tão ruim assim? Continuo me questionando por todo o caminho e nem percebo quando chegamos, com um leve sorriso saio do carro e pago o motorista o preço da corrida, ele me deseja uma boa noite sorridente, coisa que eu o agradeço e o desejo o mesmo. Ando até um dos portões e enxugo minhas lágrimas quando vejo os meninos se aproximarem. Chorar e se lamentar só em cima da cama.
-Oi meninos como estão?
-É a gente tá bem Ju, diferente do nosso patrão.-Diz um deles fazendo com que eu me preocupe.
-O que aconteceu com o nosso patrão?-Pergunto adentrando o portão.
-Parece que em uma das operações policiais dele, ele acabou sendo esfaqueado ou algo assim, acabou de chegar junto com seu irmão, estão lá dentro da mansão.
-Obrigada, e boa noite.-Digo preocupada. Retiro meus saltos e começo a correr. Quando chego perto do segundo portão e aceno para a câmera, um dos responsáveis pelo portão elétrico o abre pra mim e ao entrar, saio correndo para dentro da mansão. Já dentro dela deixo meus sapatos na sala. Agradeço aos céus por ter ido de calça no encontro, pois facilita muito minha vida agora que estou subindo em disparada essas escadas. Deve ser por isso que fiquei muito agoniada durante todo o meu encontro, ainda desesperada abro ofegante a porta do quarto de meu chefe.
-Senhor! Está tudo bem?-Pergunto ofegante porém rapidamente tomo nota do quão inapropriada essa apresentação foi e agora tenho dois pares de olhos azuis me encarando.
-E você deve ser a Júlia.-Diz um homem muito parecido com Peter, exceto pelo cabelo que é maior e está solto, pelos olhos que são azuis escuros e pela tatuagem na mão.
-Julia esse é meu irmão Helio e Helio você já a conhece.-Diz Peter com uma voz fraca sinto lágrimas em meus olhos quando olho o quão pálido Peter está.
-Oh meu deus, você está bem?-Pergunto me aproximando ainda mais. Somente agora reparo que ele está sem camisa e que há do lado direito um curativo perto de sua barriga.
-Ja estive melhor.-Diz sorrindo levemente. Algumas lagrimas escapam de meus olhos quando penso no quão perigoso isso deve ter sido. Me ajoelho ao lado da cama enquanto olho seu ferimento. Ele sorri levemente e sinto sua mão em meu rosto, limpando minhas lágrimas.-Não chore pequeno Smurf, não quer ficar parecendo uma palhaça com a maquiagem toda borrada depois, quer?-Diz em uma tentativa de humor com um tom calmo e levemente carinhoso.
-Vocês dois são tão bregas.-Diz o tal Helio.-O medico recomendou que o Peter fique de repouso durante pelo menos uma semana, ele está afastado por enquanto, ele vai se recuperar.-Diz com uma certa frieza que faz com que eu olhe com os olhos estreitados para ele. Seus olhos azuis escuros são tão frios como os de Peter eram quando o encarei pela primeira vez. Será que ser babaca está no DNA?-Não me olhe com essa cara de quem quer me fuzilar menina, não estou sendo cruel, somente estou citando um fato, ele vai ficar bem, afinal já teve outros casos muito piores que uma simples facada não é mesmo Peter.
-Ele tem razão pequena, ei, pare de encara-lo assim. Ele não faz por mal, ele é assim mesmo.-Diz virando meu rosto em sua direção.
-Ja que está tão preocupada com meu irmão, não vai se importar de tomar conta dele nessa semana certo? Fiquei sabendo pelo meu irmão que você entende um pouco de enfermagem. Queria contratar uma enfermeira mas ele é um filho da puta muito desconfiado e paranóico, pagamos um extra quando ele se recuperar.
-Helio eu já disse que não há necessidade.-Diz Peter com a voz levemente fraca, teimoso feito uma mula!
-Eu aceito cuidar dele durante essa semana.-Digo. Será um desafio mas é mais forte que eu, vê-lo dessa maneira me destroça e se eu posso ajudar, por que não?
-Fechado, você começa a partir de hoje. Agora preciso ir, tenho uma audiência amanhã mas tome.-Diz me entregando um cartão.-Caso ele esteja sendo muito teimoso ou precise de algo, não hesite em me ligar.-Avalio seus olhos azuis novamente até encontrar um resquício de preocupação, afinal ele não é tão frio e calculista assim.
-Sim senhor.-Digo o vendo sair rapidamente do quarto depois de se despedir de seu irmão. Olho para o rosto de Peter e o pego me encarando.
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O Delegado
RomanceAgradeço imensamente a @ullyfigueira por ter feito essa maravilhosa capa para meu novo livro ❣️❣️ "Você será a minha loucura meu pequeno e doce pecado..." Peter e Julia, duas pessoas completamente diferentes, de mundos diferentes, mas com passados...