Capítulo 13

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-Julia você pode fazer um favor pra mim?-Diz Berta vindo em minha direção com dinheiro.

-Sim Berta do que precisa?-Pergunto colocando a vassoura em um canto.

-A senhorita Rebecca foi ao SPA e havia pedido pra que eu comprasse um perfume e um creme corporal. Esses aqui são os nomes.-Diz me entregando um papel com dois nomes estranhos.-Você vai encontrá-los em uma boutique no centro de Los Angeles.

-Aquela onde só vai gente rica?

-Essa mesma. Tome aqui o dinheiro pro Uber e o dinheiro dos dois.-Diz me entregando uma bolada enorme de dinheiro. Enquanto você veste suas roupas normais eu vou chamar um Uber pra você tudo bem?

-Otima ideia Berta, segura o dinheiro aqui rapidinho que eu vou me trocar e já volto.

-Ta bom, se apresse menina.

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-Aqui o dinheiro obrigada moço.-Digo sorrindo para o motorista quando saio do Uber. Respiro fundo enquanto analiso minha blusa jeans e tênis, uma roupa bem simples pra esse tipo de lugar. Com o papel em mãos sigo para dentro da imensa boutique  incrivelmente elegante fazendo com que eu me sinta um peixinho fora d'água, cumprimento os seguranças que se encontram do lado de dentro recebendo seus cumprimentos de volta. Em meio a um extenso corredor, sigo em direção aos diversos perfumes, tento achar o que estava escrito mas sem sucesso, resolvo procurar por uma atendente.-Oi moça, poderia me ajudar?-Pergunto para uma das atendentes da loja, seus olhos verdes me encaram de cima a baixo em um olhar de desgosto o que me deixa levemente irritada.

-Claro, o que deseja.-Diz com desdém.

-Estou procurando este perfume e esse creme mas não estou achando, poderia me ajudar?-Pergunto tentando parecer o mais educada possível. Com um sorriso cínico me olhando novamente de cima a baixo me pergunta.

-E você tem dinheiro pra pagar por coisas tão caras assim?

-Poderia por favor fazer o seu trabalho que é me mostrar onde fica esse perfume e esse creme ao invés de ficar se metendo na vida alheia, senhorita?-Pergunto irritada. Não entendo a mania dessas pessoas que trabalham em loja de rico se acharem ricas também. Me olhando com uma leve surpresa seguida de outro olhar de desprezo, diz.

-Me siga.-Diz andando rápido por cima de saltos bem altos.-São esses aqui.-Diz me olhando com desprezo, olhar esse que logo muda quando entra uma dondoca dentro da loja e como uma cadela que é, vai rapidamente em direção a mulher a atendendo da melhor maneira possível, oferecendo até mesmo champanhe. Que vaca! Com uma revirada de olhos, pego o perfume e o creme e sigo para a recepção, a jovem loira que se encontra lá com um sorriso caloroso passa ambos os produtos e depois de pagá-los, coloca dentro de uma sacola e me entrega o cupom fiscal.

-Obrigada pela compra e tenha uma ótima tarde.-Diz sorridente fazendo com que eu simpatize com ela.

-Obrigada pra você também.-Digo guardando o restante do dinheiro que sobrou. Indo em direção a saída, coloco o perfume e creme dentro de minha bolsinha e sinto um pressentimento estranho quando passo em direção a atendente de olhos verdes. Ignorando continuo meu caminho para perto da saída mas paro ao ouvir alguém me chamando.

-É ela Ricardo.-Aponta a vaca que me atendeu mal. Confusa olho entre os dois

-Senhorita peço que devolva os itens que pegou da loja.

-Mas eu paguei por eles.-Digo enquanto sinto meu coração se acelerar.

-Mentira! Eu a vi os colocar na sua bolsa. Fora que não tem como uma mulher dessa laia pagar tão caro em produtos como esses!

-Isso é mentira! Eu não roubei nada.-Digo exasperada me sentindo muito mal ao ver várias pessoas cochicharem.

-Me dê sua bolsa senhorita se não serei obrigado a chamar a polícia.-Sinto meu coração se acelerar mais enquanto sinto um puro ódio da mulher que me olha com um sorrisinho debochado.

-Eu não vou dar merda nenhuma porque eu não roubei nada!

-Mentira! Sua preta imunda!-Diz fazendo com que eu tenha vontade de avançar contra ela mas antes que eu faça algo sinto um aperto em meu braço.

-Ja que não quer cooperar serei obrigado a chamar a polícia.-Diz o segurança me olhando com desdém.

-Mas eu não fiz nada! Eu comprei esses produtos! Você não ve que ela está sendo preconceituosa por eu ser negra!-Digo não mais controlando meu choro e ao sentir meu braço ficando dolorido por conta do intenso aperto do segurança.

-Sua pinxaim admita que você roubou esses produtos!

-Eu não fiz nada disso!-Exclamo em meio ao choro por estar passando por uma intensa humilhação como essa.

-A polícia já foi chamada.

-Obrigada Ricardinho.-Diz com gosto a mulher que agora sinto muito ódio e tento avançar mas quando tento me desvencilhar de seu aperto o segurança aperta ainda mais o meu braço fazendo com que eu derrame mais lágrimas por estar doendo muito.-Alem de imunda com essa cor de pele é selvagem.-Diz a mulher de olhos verdes rindo.

Peter onn...

-Senhor pediram pra uma viatura ir a uma boutique do centro da cidade, parece que uma mulher tentou roubar alguma coisa lá e agora se nega a mostrar sua bolsa.-Diz um de meus policiais fazendo com que eu deixe de lado todo a papelada que tenho pra assinar e analisar.

-Não há nenhum policial pra ir até lá não?-Digo entediado.

-Exigiram que o delegado fosse até lá já que é uma loja bem sofisticada e rica.-Diz me fazendo revirar os olhos.

-Ok, prepare uma viatura para nós, você dirige.

-Sim senhor.-Me levanto da cadeira e sigo em direção a porta. Mesmo em meio aos protestos do pessoal daqui da delegacia ambos reclamando de que era pra eu estar aproveitando minhas férias entre outros, resolvi vir hoje ao trabalho alegando que estava entediado, mas a verdade é que eu estava querendo me manter o mais longe que eu pudesse da pequena garota dos cabelos cacheados que está me deixando cada vez mais e mais louco.
Entrando no carro escuto tudo o que meu policial diz sobre o caso enquanto estamos a caminho da tal boutique que pelo nome, se encontra a apenas algumas quadras de distância da minha delegacia. Ao chegarmos lá, vejo uma pequena tumultuação de pessoas e ao passar por todas aquelas pessoas alegando que era da polícia, me deparo com uma cena deplorável que faz com que eu sinta um intenso nojo.

-Você deveria se envergonhar de entrar em um lugar como esse sua preta imunda! Por que você não volta pra África ou pra sei lá onde você veio já que com certeza você é a vergonha desse país sua nojen-

-BASTA!-Grito irritado ao me aproximar. Vários olhos curiosos se dirigem a mim e sinto meu corpo travar enquanto a mais pura raiva toma conta de todo o meu corpo ao observar a minha pequena com os olhos avermelhados e uma expressão imensa de dor.


Eeeita que agora o circo vai pegar fogo. Tadinha da Júlia mds, estou quase chorando aqui por ela. Me dá muita raiva de pessoas assim que se acham superiores por terem uma cor de pele mais clara ou serem mais ricas ou mais bem vestidas. Enfim, o que estão achando do livro meus amores?

O Delegado Onde histórias criam vida. Descubra agora