Sai pela varanda do meu quarto na esperança de encontrar um corvo que fosse pelo céu escuro mas a realidade era que aquele céu estava tão vazio quanto a minha alma naquele momento e talvez, só talvez agradecesse internamente porque ainda não sabia como falaria de Obito para Itachi, pois tinha medo de o perder antes mesmo de sua morte.
Morte, pensar nisso me dava tanta tristeza. Para uns a imortalidade é uma benção, pra mim que a possui é um fardo pensar que eternamente vagarei pelo mundo solitária, sem ter algo verdadeiramente meu.
Perdida em pensamentos só noto que não estou mais sozinha quando ouço alguém tossir a poucos metros da varanda que estou, era ele com o mesmo semblante de tristeza que tinha quando falava dos ex companheiros de equipe.
- Sem sono ? - Ele foi preciso, acho que queria evitar o constrangimento que havia ficado depois do jantar.
- Preocupada seria a palavra correta - os olhos dele me sondam por uns segundos antes de pairar no céu escuro - Você deveria descansar.
- Está ordem deveria partir de mim - ele constata com uma sombrancelha arqueada - Mas obrigado pela preocupação, porém acho que será impossível dormir depois de lembrar da minha equipe. - Vi que ele queria dar um fim na conversa já que ele se afastou gentilmente do parapeito da varanda e saiu caminhando em direção a uma floresta as margens do hotel. Senti compaixão dele por isso, num ato impensado eu o segui.
- Já que não vai dormir mesmo exausto irei com você para me certificar de que durma bem, como fiz noites passadas.
Ele não me impediu, mas também não me convidou para continuar o trajeto, apenas seguiu andando até um bosque cheios de árvores altas, tão altas que pareciam estarem muito próximas da lua e ali, no galho mais alto de todos ele tirou um pequeno livro do bolso da calça, que na minha opinião, pelas imagens estampadas na capa indicavam que aquele livro era inapropriado.
- Tsc, eu aqui preocupada com você e você fugindo para ler essa ... - os olhos dele deixaram uma página marcada e se ergueram em minha direção, esperando que eu continuasse minha fala - esquece.
Quando fiz menção de sair da árvore ele soltou um suspiro típico de quem está sofrendo e depois disso ele voltou a ler enquanto sussurrava.
- Algumas vezes recorremos a coisas que irão amenizar a dor - me virei para encará-lo novamente - Deveria ler antes de tirar conclusões precipitadas, este livro é ... - Levantei uma mão em stop, o impedindo de continuar.
- Inapropriado pelo que vejo - seus olhos denunciaram um sorriso - Deveria pensar em outra válvula de escape senhor Hatake, ler isso perto de seus alunos ou de qualquer outra pessoa é desprezível.
Notei que ele me olhou dos pés a cabeça e, fechando o pequeno livro em suas mãos ele ficou de pé e se aproximando mais e mais ele disse num tom um tanto intimidador
- Poderia deixar a teoria de lado e partir para a prática, o que acha ?
Minha vontade era de estapear ele, ou de matá-lo por tamanha ousadia mas não o fiz somente porque entendi depois de alguns minutos pela risada dele que fora uma piada de mal gosto. Suspirei irritada e me sentei no galho em direção a lua, como fazia na torre mais alta da vila da chuva.
- Se a leitura ou a prática do que está aí aliviasse a dor o mundo todo estaria em uma cama, fazendo safadezas. - ele riu novamente e se sentou ao meu lado.
- Não é uma má idéia.
- Pelo seu excesso de piadas devo entender que quer que eu te mate para te poupar da dor que carrega - vi o sorriso dele se desfazer - Se este é o seu plano sinto informar que ele não irá funcionar, somos aliados e não posso ferir um dos meus.
Ele se calou, encostou novamente no largo tronco da árvore, se acomodou confortavelmente e depois voltou a ler. Já cansada de procurar um corvo que fosse pelo céu eu fiz algo que com toda certeza me arrependeria mais tarde, estiquei minha mão e puxei o livro da mão dele, depois respirei fundo e comecei a ler a primeira estrofe da história.
" Na calada da noite, enquanto desfrutava de um banho quente numa suíte termal, ouço batidas na porta. Pedi para que a camareira entrasse e me esperasse no quarto, mas me surpreendi quando ela sem roupas entrou abriu a porta da sauna e caminhou em minha direção. Ainda perplexo pelo seu corpo escultural não notei que ela se aproximou e abaixando-se diante de mim começou a chutar meu ... "
Por kami, joguei o livro novamente para Hatake que ria da minha reação e num pulo deixei a árvore indo em direção ao meu quarto, mas como ele era terrível ele não me deixaria sair sem me zuar.
- Dorme bem e se tiver problemas pra dormir pode me procurar.
Não me preocupei em procurar as palavras apropriadas pro momento, apenas me virei em sua direção e mostrei meu dedo do meio, depois segui meu caminho ate meu quarto.
No caminho do meu quarto, num corredor ouço a voz de Sakura abafada chamando por Sasuke, pensei ser um ataque mas quando ativo meu Byakugan vejo ela chorando, era um sonho. Mesmo com pena dela tinha que respeitar sua privacidade, por isso segui para o meu quarto.
Sem muito ânimo abro a porta do quarto e ainda no escuro tiro o kimono que usava e os sapatos para me aproximar da cama mas vejo algo que faz meu coração errar uma batida. Era ele, Itachi estava deitado em minha cama, com os olhos fechados e o rosto sério.
Não pensei duas vezes em correr e me jogar em cima dele. Ele por sua vez riu da minha atitude e me puxou para si, tomando meus lábios num beijo urgente e carregado de saudades e desejos.
- Demorou muito com Hatake, devo me preocupar ? - disse enquanto enterrava seu rosto na curva do meu pescoço.
- Estava a sua procura.
- Eu soube, por isso vim te ver - ele se afastou do meu pescoço e me olhou seriamente, procurando algo que indicasse meu desespero por ele, e quando não encontrou ele tomou coragem e perguntou - Há algo errado ?
- Sim - suspirei de medo - Bom, ouvi uma conversa hoje que deduzi ser de um ex colega de Hatake.
- E qual o problema ?
- Obito.
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A sem clã
FanfictionDepois de se livrar das garras de Orochimaru a garota que fora criada em um laboratório se vê diante de um mundo completamente novo. Ela terá que descobrir mais sobre si mesma e sobre este imenso mundo de oportunidades, mas a pergunta é: No final el...