Aquela sensação era tão boa, um silêncio me atingia e eu finalmente me sentia em paz, sem temer a Orochimaru ou os meus ex amigos porque tinha certeza que eles viriam atrás de mim. Abandonar aquele lugar calmo era frustrante mas preciso, preciso porque num mísero segundo tudo o que acontecera naquele dia me atingiu e eu me senti um nada.
O olhar de cada um dos meus amigos antes de deixarem a caverna voltaram naquela memória dolorosa e eu percebi que não era um sonho, que eu havia mesmo traído a confiança deles e matado Sasori.
Doía, doía demais, tudo doía, o corpo não tanto com o coração, mas eu precisava ficar de pé, tinha que ser forte e terminar a guerra que havia travado contra a Akatsuki, contra meus amigos, contra meu primeiro amor.
Respirei fundo e abri os olhos, com certeza não conhecia aquele lugar mas ouvia vozes. Virei o rosto e vi muitas pessoas, dentre elas o grupo que defendi, o ruivo e um garoto que agonizava de dor. Seus gritos eram tão sofridos que me causavam arrepios, não precisava de um Byakugan para ver que sua pulsação era irregular e que aquele estresse estava agravando sua respiração e consequentemente seu coração pararia, era só questão de minutos.
Me levantei e só então as pessoas naquela sala notaram que eu havia acordado. Enquanto me sentava percebi que uma equipe Anbu e vários outros ninjas ficaram de guarda alta, esperando o momento para me abater mas algo aconteceu. A velha se colocou na minha frente e a garota de cabelos rosas resolveu me defender.
- Ela salvou a vida do Kazekage, salvou também a minha vida e a vida de senhora Chiyo.
Todos mesmo ouvindo as palavras dela não ficaram cem por cento convencidos e eu os entendia, até pouco tempo atrás eu era a inimiga, ou Talvez horas, não sabia, não tinha noção de quanto tempo havia se passado desde a minha inconsciência. Os gritos me despertaram e eu caminhei até o garoto
- Ainda não achou o antídoto ? - perguntei para a rosada que se colocou ao meu lado.
- Não, este veneno é novo pra mim. - sentia em sua voz a culpa de não poder ajudar o amigo.
- Por sorte eu estudei todos os venenos de Sasori, e sei como fazer o antídoto.
- Eu ainda me pergunto como você está de pé depois de ter sido atingida por milhares de senbons envenenadas. Kankuro só foi atingido por uma e está perdendo a vida, agonizando de dor a três dias praticamente.
- Explicarei isto depois, no momento eu preciso saber se vcs dispões das ervas medicinais.
Todos me olharam como se eu dissesse uma loucura. A garota por sua vez se afastou e voltou com uma prancheta nas mãos.
- Estas são as ervas medicinais disponíveis na vila da areia.
Olhei para o papel e depois pedi para que trouxessem algumas delas. Eu mesma não sabia como reproduzir o antídoto, mas sabia quais ervas eram necessárias. Sakura parecia ter ganhado na loteria quando testou o remédio sobre uma amostra do veneno, ele se dissipou.
Ela correu até o garoto e aplicou o antídoto nele, enquanto eu ainda sentia aquele incomodo por meu corpo. Vi a festa que fizeram quando os gritos pararam, o garoto finalmente pode descansar da agonia que sofrera nestes dias a fio. Encostei na parede da sala, sentindo uma fraqueza, nada preocupante, apenas a quantidade de veneno em mim que era alta.
Quando pensei que iria desmaiar um homem parou a minha frente, sua bandana denunciava que ele pertencia a Suna.
- Antes de qualquer coisa queremos que o esquadrão da Inteligência a leve para uma interrogação minuciosa, podendo até fazer a leitura de mente caso não colabore.
- Eu falarei tudo o que desejarem, apenas ... - minha visão ficou turva e eu caí. Esperei a dor da queda mas não ela não veio.
- A garota está exausta, além do mais ela está colaborando. Ela seguirá para Konoha para que se apresente a Hokage. Eu mesmo tomei a liberdade de enviar até a Godaime Tsunade uma carta solicitando amparo para que ela fique em Konoha. - um homem disse enquanto outro homem me amparava.
Abri os olhos e vi um cara estranho me segurando. Sorri como agradecimento quando ele me colocou sentada em um banco, no corredor do que eu imagino ser um hospital. Sakura veio em minha direção com o antídoto mas eu a impedi.
- Eu não preciso de remédios para me curar Sakura, agradeço a boa vontade no entanto. Apenas preciso dormir para repor minhas energias e em poucas horas estarei nova .
- Mas e o veneno ? Você ... - levantei minha mão para a impedir.
- Como eu disse, no momento do interrogatório direi tudo o que precisam saber, por ora só preciso de um lugar para descansar.
- Desde que a equipe Anbu fique de guarda ... - o homem de Suna disse.
- Eu me resposabilizarei por ela - o homem da caverna, de cabelos cinzas se impôs. - Ela agora está sobre vigilância de Konoha.
- Eu não me incomodo de passar a noite na prisão Anbu, desde que eu possa descansar.
O homem de verde que me ajudou a sentar me ajudou a ir até a prisão Anbu da vila da areia. Não reclamo do lugar, não era um dos mais aconchegantes que eu conhecera mas não é pior que o esconderijo de Orochimaru. O homem de verde me colocou sobre a cama e assegurou que passaria a noite do lado de fora da cela, para garantir que eu ficasse bem.
Agradeci seu gesto de confiança e apaguei assim que meu corpo tocou a cama de cimento da cela. Não sabia se deveria temer meu futuro de agora em diante mas me lembrei de Itachi, de sua fé em mim e de seu pedido para que eu fosse para sua aldeia natal.
Não conhecia aquelas pessoas e não sabia se podia confiar nelas mas eu confiava a minha vida a Itachi e se ele me disse que Konoha era o lugar certo pra mim era porque eu poderia ir pra lá de olhos fechados. Itachi... Minha mente viajou para seu sorriso quando o vi naquela manhã, e depois para sua postura quando os trai. Ele não estava indignado como os outros, também não demonstrou alegria pela minha escolha, apenas ficou neutro.
Queria muito poder falar com ele, com Kisame e com Konan. Eles eram o que eu tinha mais próximo de uma família, de amigos. Estava certa de que estava fazendo o certo e isso me animou. De repente a alegria se esvaiu quando lembrei-me de que seria interrogada, de que meus pensamentos seriam violados e isso me entristecia. Havia coisas que eu fazia questão de contar, mas o segredo de Obito era algo que eu não sabia se podia compartilhar, eu havia prometido. A promessa que fiz a Pain também me atingiu, eu teria que procurar Orochimaru.
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A sem clã
FanfictionDepois de se livrar das garras de Orochimaru a garota que fora criada em um laboratório se vê diante de um mundo completamente novo. Ela terá que descobrir mais sobre si mesma e sobre este imenso mundo de oportunidades, mas a pergunta é: No final el...