A sem clã

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- Pensei que viria direto para cá - disse enquanto me aproximo da beirada da torre.

- Precisava espairecer.

- Irei deixá-la sozinha então - ele se vira para sair da torre, mas eu o impeço, nesse momento só quero entender o que se passa entre nós.

- Itachi-kun ... - ele não se vira em minha direção, apenas se mantém parado de costas pra mim, esperando que eu continue - não sei o que fiz para que nos tratássemos desta maneira, mas de qualquer forma, gostaria que soubesse que você é importante demais.

Ele se vira em minha direção e com um suspiro pesado ele me analisa antes de se sentar ao meu lado.

- Sentirei saudades deste lugar - pontua olhando para o horizonte que em poucas horas amanhecerá.

- E eu sentirei saudades de você - direciona seu olhar em minha direção. Diante desse olhar escuro, eu desfaço o contato visual - Peço perdão.

- Por sentir saudades ? - Noto que ele esta se esforçando para amenizar o clima tenso.

- Por ter feito algo que te magoou. - justifico.

- Você não fez. - o olho com curiosidade.

- Então porque sinto que algo entre nós se quebrou, que nada vai voltar a ser como foi um dia ?  - confesso que até eu me espanto com minha atitude, não sabia que essa situação me feria tanto ao ponto de me exceder.

- Porque tem coisas que não podem ser controladas - sua fala me deixa ainda mais confusa - Não posso mudar algumas coisas e isso me fere, mas não é um problema seu, é algo meu , algo que eu tenho que aprender a conviver.

- Se é sobre você também é sobre mim, tudo que diz respeito a você me interessa, então por favor, me deixe te ajudar.

- Como eu disse, não há nada que se possa fazer, talvez a distância me ajude com tudo isso - pontua.

- Então não terá mais problemas, já que partirá em poucas horas e ficaremos dois anos sem nos ver.

Dois anos ! Dizer isto em voz alta me deixa triste, como se só agora compreendesse o que significa este tempo todo. Dois anos sem meus amigos, sem ele. Sinto meu coração dilacerado, desvio o olhar e sinto algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Tudo isso está acabando comigo.

Ele não diz nada, apenas se senta mais perto e passa seus braços pelas minhas costas, me trazendo pra perto. Não entendo o problema entre nós, mas tenho certeza de uma única coisa,  não conseguirei viver sem Itachi.

Estou tão chateada com tudo que nem noto Kisame se juntar a nós, apenas percebo de sua presença quando ele gentilmente segura minha mão. Essa pele específica que ele tem, pouca coisa mais gelada que o normal, é com certeza meu amigo.

Sem me desvencilhar do abraço de Itachi, puxo Kisame pra mais perto e sou invadida pelos momentos extraordinários ao lado deles. A primeira vez que vim até este lugar. Em como estava chateada com Sasori, Kakuzu e Zetsu. Aquelas velhas provocações de que eu era uma criatura estranha. Corri para fora da casa na tentativa de fugir ... Por sorte Itachi e Kisame estavam voltando de uma missão e me trouxeram para cá, pois diziam a todo momento que este seria meu lugar favorito na vila ... Eles estavam certos.

- Me prometam que ficarão bem, que irão se cuidar e que jamais se esquecerão de mim - imploro entre lágrimas.

- Minha vida seria uma mentira se te esquecesse - Kisame diz.

- Não pense que ficará desprotegida, manterei você sob meus cuidados. Terei informações suas diariamente, já que deixarei um corvo meu ao seu lado.

- Acho que amo vocês !

Essa confissão é algo exclusivo, entendo o peso da palavra amor e fora esta afirmação, só havia feito para Konan, afinal foi ela quem me ensinou a amar e a entender meus sentimentos. Mesmo sentindo o mesmo com Obito ainda não havia lhe dito isso, esperava dizer a ele esta noite, mas depois do que aconteceu, estou indecisa se um dia eu direi a ele ou se guardarei este sentimento pra mim. Já os homens ao meu lado parecem surpresos com a minha confissão.

- Parece que no fim eu não sou tão terrível, afinal - Kisame diz emocionado. Me pergunto internamente se ele nunca se sentiu amado para dizer tais palavras.

- Estas palavras são palavras com um grande  peso, talvez usada somente em um momento único.

- Guardaria estas palavras na minha morte. A vida toda perguntei qual era meu propósito na vida e achei que durante minha jornada jamais conheceria o amor mas estava enganado. Talvez eu não te ame como um homem ama uma mulher, mas tenho certeza de que te amo a ponto de afirmar que nós três somos parceiros de vida e de alma.

Acho que nem preciso dizer que as palavras do meu amigo me emocionam. Até Itachi que não é dado a sentimentalismo esboçou um sorriso tímido ao ouvir as palavras do parceiro de equipe.

- Nada é perfeito em si mesmo, é por isto que nascemos, para atrair coisas para compensar o que nos falta. Acho que começamos a andar na direção certa quando começamos a ter nossos colegas do nosso lado.

- Está dizendo que sua vida é perfeita agora ? - pergunto a Itachi com curiosidade.

- Talvez esta não seja a definição que todos têm de perfeição, mas para pessoas como nós - ele aponta para si mesmo e para Kisame - que fizeram muitas coisas erradas, posso dizer que esta versão é a versão mais próxima da perfeição que teremos nesta vida ... Ter  bons amigos e amor.

Sorrio, sei que os amo e soube com essas falas complicadas que eles também me amam, pois até um renegado pode amar. Talvez eles de fato não sejam tão ruins como demonstram.