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A aliança ninja se prepara para a guerra, todas as aldeias ninjas estão preparados, mesmo tendo esperanças que eu coloque um fim nisso, o que me deixa muito ansiosa, já que carrego não só o peso de proteger os meus amigos mas o mundo ninja inteiro.

Me levanto da cama indo a árvore que minha antiga eu ficava com Tobirama. No caminho não posso deixar de pensar nele, em Jiraya, em Itachi, em Sasuke e em meus amigos. Assim que chego na árvore , me sento encostada no tronco preparada para começar a meditação, mas em um determinado momento sinto uma presença oculta: Obito.

- Sei que está aqui, apareça.

No mesmo instante, na árvore a frente ele aparece, sentado no galho mais alto.

- Você sempre me surpreende.

Mesmo usando um tom divertido, posso notar receio em sua voz.

- Diga o que quer ...

- Estava com saudades, quis te ver ..

Não respondo, apenas me seguro para não piorar a situação da vila começando um duelo antes do tempo esperado. Talvez minha falta de ação tenha dado coragem para ele se aproximar, até sentir seu toque em meu rosto.

- Queria que tudo fosse diferente ...

Eu também, meu coração latejava desejando que tudo fosse diferente, mas não é.

- Só estamos colhendo os frutos das escolhas que tomamos no passado.

Ele se ajoelha a minha frente.

- Você me odeia ?

Suspiro.

- É uma pergunta idiota não acha? Por sua culpa perdi pessoas importantes pra mim, a vila em que vivo está destruída e vocês estão começando uma guerra.

- Você não entenderia.

- Não Obito, é você que não entende. Você está fazendo tudo isso para honrar a Rin, por causa de um erro que  Kakashi cometeu no passado. Você só está usando o erro dele para justificar os seus, mas não enxerga que seu esforço é vão.

- E o que eu deveria fazer, perdoar ?

Ele se levanta transtornado, a raiva em sua voz, seus gestos contendo um sentimento ruim e profundo.

- Perdoar seria desonrar a promessa de vingança que eu fiz naquele dia.

- Você está errado de novo. Perdoar significa que os laços que vocês fizeram no passado continuam e continuarão atados até o final.

- Acredita mesmo que ele merece perdão ?

- Eu me fiz essa pergunta depois da morte de Pain: ninjas merecem perdão? O homem que movido por um motivo fútil matou meu filho ... Mas mesmo sofrendo, eu fui capaz de perdoa-lo.

- E o seu perdão se estende a mim ?

- Talvez - suspiro - Sentimentos não desaparecem de uma hora pra outra, com o tempo a gente resignifica. Te amei, te odiei e no fim sinto pena.

- Se ao menos estivesse lá antes de Kakashi matar a Rin, talvez as coisas não fossem assim.

- Talvez sim, ou talvez fosse você quem traria sua morte, e se esse fosse o caso, o que acha que Kakashi acharia de você ?

- Eu jamais machucaria a Rin, jamais ...

- Conscientemente não, mas inconscientemente você poderia, assim como me machucou uma vez.

- Eu sei que o que eu fiz naquela noite não tem perdão e não tem um dia sequer que eu não lamente a escolha que eu fiz.

- Tudo bem, não importa mais.

- Pelo visto jamais serei perdoado...

- Não disse isso porque não posso te perdoar, mas se Rin estivesse viva como você disse, talvez esse momento jamais chegaria a acontecer e eu seria só alguém no seu mundo.

- Não! Eu ...

- Eu seria só alguém no seu mundo porque sei que Rin era o seu mundo.

- Mas como você mesma disse, ela se foi e não vai voltar.

- E se ela pudesse voltar a viver?

Ele para de andar de um lado para o outro e me olha chocado.

- Esqueceria a guerra e essa vingança?

- Imediatamente.

Sua resposta foi mais um sussurro, carregado de um choro contido. O entendo, aquele grito de socorro escondido em nossa alma, os sorrisos falsos enquanto nossa alma chora. O entendo, perder quem amamos dói. Diante da dor que nos une, tomo coragem.

- Me dê um tempo, um mês quem sabe ...

- É muito ...

- Obito, o que é uns dias a mais pra quem já esperou anos ?

Sorrindo ele concorda.

- Ok, um mês.

- Um mês, sem guerras, sem mortes. Me dê um mês e quando a hora chegar, me traga algo, qualquer resto mortal ou as cinzas dela.

- Zetsu ...

- Essa é uma decisão sua, que só você pode tomar. Ou você sela um acordo comigo e esquece ele, ou ...

- Ok, um mês.

Abrindo seu portal ele se vai enquanto eu imediatamente volto pra vila para informar a todos sobre o acordo pré estabelecido com o mascarado.

- Você tem certeza?

- Sim Tsunade, ele irá cumprir sua parte no acordo quando tiver quem perdeu ao seu lado.

- E você sabe de quem se trata ?

- Sim, e isso é algo que eu preciso te contar Kakashi, porque está relacionado a você.

- A mim ?

- Sim. O homem que se autoproclama Madara Uchiha na verdade é seu ex companheiro de equipe Obito Uchiha.

- O-oque ?

Vejo ele perder as forças nas pernas e cair ajoelhado, chorando a minha frente.

- Sinto muito por não ter contado antes. Sabia seu nome e naquele confronto com Orochimaru na ponte Tenchi, soube que ele era seu ex companheiro, não te contei antes por não saber o que ele queria, até ouvir sobre a guerra.

- Mas como ...

- Bom, soube que Madara o salvou e o tirou daquela caverna depois do acidente. Quando ele se recuperou, Madara e Zetsu, um outro ser da Akatsuki, aproveitaram a morte da Rin para usar Obito em seu plano contra o mundo ninja.  Peço desculpas por não ter falado antes.

Enquanto meu neto assimila os fatos, Tsunade espalha as boas novas a toda a aliança ninja enquanto me ensina, usando seus métodos de treinamento para me fazer estocar muito mais chakra que eu estocaria se meditasse sozinha.

Em poucos dias meu nível estava elevado, me sentia a um passo da perfeição do equilíbrio. A pouca coisa que faltava eu preenchia com as memórias de Itachi, mas percebi que não era o suficiente. Tentei então preencher com minhas memórias com Tobirama e senti  que falta apenas 1% para estar pronta. Foi então que pensei em Sakumo e em Jiraya, só então senti o equilíbrio perfeito correr em minhas veias.

Assim que me levantei, olhei para trás sorrindo para meus aliados ninjas e voltando meu olhar para o horizonte, vejo Obito se materializar a minha frente, carregando em suas mãos as cinzas de Rin. Me aproximou confiante, preparada para colocar um fim nessa guerra.



A sem clãOnde histórias criam vida. Descubra agora