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- Então o jinchuuriki das nove caudas veio até mim ? Interessante - Deidara ralha - Obrigado por me poupar o trabalho de te caçar por ai.

- Deixa o garoto em paz Deidara - suplico.

- Cale-se sua traidora, o que é seu eu guardarei para mais tarde, agora preciso pegar estes dois moleques. - vejo quando deidara pega um pouco da sua argila explosiva e a coloca nas bocas de suas mãos.

Não preciso de muita inteligência para saber o que ele fará a seguir, por isso resolvo expor para os demais seus próximos passos.

- Tomem cuidado, Deidara possui um jutsu explosivo, assim que a argila estiver preparada, ele vai ferrar com esta caverna, sugiro que nos separemos.

- Qual deles utiliza aquele veneno indecifrável ? - a garota de cabelos rosas pergunta.

- Sasori, você  já achou um antídoto ? - ela nega - Ótimo ! - Não consigo esconder meu tom irônico - Façamos assim ... - aponto para o Jinchuuriki e para o homem que está com ele - Vocês cuidam de Deidara até que eu pare Sasori, me juntarei a vocês assim que puder. Eu luto com Sasori enquanto você que parece ser médica cuida do ruivo, sinto seu chakra diminuir a cada instante.

Não preciso de mais palavras, a garota se ajoelha para aplicar seu ninjutsu no garoto que está a beira da morte, enquanto o outro Jinchuuriki tenta acertar um jutsu bastante peculiar em Deidara, que fugiu para fora da caverna seguido do outro homem ali. A senhora que estava assistindo a cena toda tenta uma aproximação com Sasori.

- Meu neto, não acredito que tenha seguido por este caminho escuro e tortuoso. - observo a cena.

Nunca soube de fato a história de Sasori, mas pelos poucos anos que convivi ao seu lado, sentia uma necessidade enorme de demostrar afeto para ele. Ainda me lembrava com nostalgia o primeiro contato que tive com ele, quando depois de sua ajuda para entender sobre os artesãos ninja eu acabei o abraçando.

A sua primeira reação foi nula, ele não se moveu mas também não me abraçou de volta, não sorriu mas também não me ofendeu, apenas ficou imóvel e uns segundos depois me afastei constrangida. Depois deste primeiro ato ele se afastou de mim e de minha convivência e isso me feriu.

Com a ajuda de Kisame entendi um pouco que eles não estavam acostumados a tanto afeto, e mesmo que o gesto fosse em sua percepção incrivelmente bom e viciante, que teria que dar espaço para que alguns se  sentisse bem em minha presença, se acostumasse com minhas explosões de bondade.

Parecia que Kisame previa o futuro, realmente demorou, mas foi Sasori quem buscou uma reaproximação. Quando depois de um treinamento com Kakuzu eu havia me ferido, ele foi solicito e me ofereceu ajuda. Fiquei sem reação por ele enfim estar tão próximo, mas agradeci por sua preocupação. Daí em diante, ele sempre esteve disposto a estar por perto, e mesmo que não demonstrasse entusiasmo pelas minhas explosões de afeição, eu sabia que no fundo ele gostava.

Volto minha atenção para a cena presente e vejo quando sua marionete se abre, lançando em nossa direção centenas de senbon encharcadas naquele veneno indecifrável que a garota havia mencionado. Eu já havia sido ferida com ele antes e não morri, apenas senti uma dor dilacerante e desmaiei por alguns segundos mas sei que o mesmo não acontecerá com nenhuma das duas caso sejam pegas por esse veneno.

Me posiciono na frente da velha que toma o lugar da garota para aplicar o ninjutsu no garoto inconsciente, e a menina num ato totalmente impensado corre em direção a Sasori e quebra sua marionete em um único soco.

Mesmo abismada com a força dela, não abaixo a guarda. Sei que Sasori contra atacará e por isso me posiciono em sua frente para a defender.

- Desista Sasori, eu não quero ter que lutar contra você, contra um amigo.

Ele ri e nesse momento entendo que a partir disso, nada voltará a ser como foi um dia. Eu terei que lutar contra ele, ele que fazia parte da minha família do coração. Estou certa sobre isso ? Nenhum pouco, mas a única certeza que tenho é que não serei conivente com esse absurdo de ferir pessoas inocentes.

Ele contra ataca e mesmo sentindo suas agulhas perfurando minha pele, estou decidida a proteger essas pessoas. Uso meu jutsu, o mesmo que havia usado quando escapei de Orochimaru e as agulhas de Sasori fincadas em mim caíram no chão com o aparecimento das minhas próprias agulhas. Sasori e ninguém da Akatsuki sabiam que eu podia fazer isso mas eu não tinha mostrado a eles nem um por cento do que poderia fazer.

- Se renda Sasori, não quero ter que feri-lo.

- Terá que fazer bem mais que isso de quiser me parar - ele responde frio, como se tudo o que compartilhamos durante os três anos não passassem de  um sonho distante.

A velha que até então se manteve apática a luta se levanta de onde está e abrindo um pergaminho, tira dele duas marionetes, um homem e uma mulher. Por um mísero segundo vejo Sasori hesitando, mas rapidamente ele recobra sua postura fria e começa a rir da velha, dizendo que aquelas velharias não significavam nada pra ele, que ele havia desenvolvido um novo método de fazer marionetes, que ele matava seus oponentes e os transformava em bonecos, usufruindo de seus poderes.

Todos ali se espantaram, mas acho que eu não sou alguém fácil de se impressionar. Sua confissão não me  deixa surpresa, apenas triste por fazer o que teria que fazer para para-lo. A senhora insiste para que eu a deixasse lidar com ele e agradeci mentalmente não ter que lutar com ele, mesmo que meus instintos me alertassem que em algum momento teria que entrar naquela briga familiar.

Volto meu olhar para a garota que está concentrada em ajudar o ruivo e me compadeço dele. Ele está morrendo, sinto isso e sei que eu tenho uma recuperação muito rápida, talvez possa ajudar neste quesito também. Me aproximo dos dois e com uma kunai faço um corte pequeno em minha mão, fazendo meu sangue escorrer. Com isto, pego gentilmente a cabeça do ruivo e deixo que algumas gotas caía em seus lábios.

Sinto no mesmo instante que ele fica mais corado, mesmo inconsciente. A garota também sente e antes que comece a perguntar sobre  algo sobre mim,  somos interrompidas pelo gemido de dor da senhora.

É hora de terminar com isso. Mesmo sentindo meu coração se quebrar, me aproximo da senhora e peço para que a garota cuide dela. Com passos lentos, decididos e pesados, eu vou em direção a Sasori.

- Depois de te parar, provavelmente irei desejar morrer com você porque algo dentro de mim irá se perder, temo que seja minha ingenuidade. - só naquele momento percebo que estou chorando - Você era um dos poucos que sabia que eu jamais matei ninguém por outro motivo que não fosse me  defender ou defender os meus.

Ele ri.

- Mas veja que irônico, a pessoa que nunca matou e que só mataria para salvar seus amigos agora está prestes a matar um dos que sem dúvida mas amou na organização.

- Iki ... - é a única coisa que ele diz, mas sinto todo o peso dessa palavra em mim. Tento acertar ele, mas ele se esquiva. Como contra-ataque, vejo todos os seus bonecos preparados para acertar as milhares de agulhas envenenadas num único alvo: eu. - Volte comigo, deixe-me concluir a missão da organização e volte comigo.

Choro, meu maior desejo é realmente voltar para os meus, mas não posso, o que eles pregam não faz sentido para mim ... Como lutar pela paz se tudo o que fazem é causar guerras ? Ele entende que meu silêncio é sua resposta, então conclui o que começou e  eu sinto todas aquelas agulhas me perfurando. Meu corpo começa a pesar e eu sinto uma dor imparável, sei que minha queda é questão de segundos e antes que me entregue a inconsciência, faço o que deveria ter feito a muito tempo, coloco um ponto final nessa luta.

Uso meu kekkei genkai e sinto meu olho ficar mais aguçado, fazendo o padrão do Sharingan mudar, sabia que mudaria, havia treinado com Itachi para que ele mudasse. Junto às minhas forças, olho na direção dele que está imóvel ao me ver de pé mesmo depois de tantas agulhas presas em mim e digo : Amaterasu.

Todos os bonecos caem no chão fazendo um enorme estrondo. Quando ele finalmente vai ao chão, vejo a carcaça de madeira se abrir e cair a minha frente. Mesmo sem forças, quero ver como ele realmente é, por isso me arrasto até ele com dificuldade por causa da dor e vejo o que tanto desejei ver, Sasori é um lindo garoto, posso observar ao vê-lo caído, queimando com as chamas mais quentes que o sol, mas seu  rosto está calmo e carrega um discreto sorriso nos lábios.

Ouço vozes e me viro para a direção da entrada, mas é tarde demais, a dor cessa, não sei como mas cessa e eu finalmente posso descansar.

A sem clãOnde histórias criam vida. Descubra agora