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Me aproximo timidamente do Sannin que está evidentemente me esperando.

- Desculpe ter assustado você - ele disse vindo ao meu encontro - Eu só fiquei alegre em saber que está em Konoha.

- Eu que peço desculpas - abaixei a cabeça procurando um jeito de ficar próxima a ele. - Fico feliz de saber que está bem.

- E eu mais feliz ainda por saber que tem cuidado de Naruto, que tem ajudado a vila, assim como fez comigo a pouco mais de dois anos.

Sorri, aquela noite tinha sido realmente uma noite de muitas reviravoltas. Foi o dia que Obito se foi, que eu me reconciliei com Itachi, o dia que eu havia definido meu nindō.

Olhei para o homem a minha frente e mesmo sem dizer nenhuma palavra eu estava feliz que ele estivesse aqui.

- Vai ficar em Konoha ?

- Por alguns dias - suspirou - Tsunade quer que eu descanse antes de levar Naruto pra outro treinamento.

- Uma pena - sussurrei mas ele escutou.

- Se quiser se juntar a nós no treinamento eu ficaria muito feliz.

Mesmo feliz de saber que ele também queria passar um tempo ao meu lado eu não podia, tinha pouco tempo para deixar as equipes de Konoha fortes.

- Você não precisa decidir isso agora, e mesmo que não venha nesta missão sei que ainda teremos muito tempo para nos conhecermos.

Ele disse se colocando ao meu lado enquanto iniciavámos uma caminhada.

- Vejo que o Naruto é muito importante pra você - resolvi quebrar o silêncio.

- Sim, ele assim como eu cresceu sozinho, sem saber de onde veio. Isso pode destruir uma pessoa, mas ele escolheu ser alguém que luta pelo que acredita.

- Sinto muito por sua infância.

Senti uma lágrima se formar em meus olhos e o Sannin também percebeu, tanto que ele parou a caminhada e levantando meu rosto ele simplesmente me puxou para um abraço e aquilo foi maravilhoso, eu estava abraçando meu filho.

Quando nos afastamos senti algumas pessoas que andavam pelas ruas cochichando, talvez pela proximidade entre mim e o Sannin.

- Não ligue, essas pessoas são maldosas.

- Não me importo com isso Jiraya, e pra ser sincera não entendo muito bem o motivo de tantos cochichos.

- Você é uma mulher linda, mas é nova, eu sou um senhor de idade que mesmo lindo sou solteiro, é normal que eles achem isso suspeito.

- Idiotas, se soubessem da verdade ...

O Sannin ao meu lado parou de andar e me observou antes de perguntar:

- De que verdade você fala?

- Que somos amigos - meu coração estava acelerado pela mentira que eu havia contado.

- Tem razão.

Não sabia se ele tinha acreditado mas não quis entrar neste assunto novamente, então o acompanhei até a torre e depois fui pro meu apartamento.

Quando abri a porta vi Tsunade me esperando em minha sala.

- Peço desculpas por ter entrado em sua casa mas precisamos conversar sobre Jiraya.

- Tudo bem.

Me sentei no sofá, de frente pra ela e esperei que ela começasse.

- você pretende contar a ele sobre ser mãe dele ?

- Não, quero dizer, não sei ... Tudo isso é ilógico, irracional. Não sei como ele se sentiria.

- Entendo - suspirou - Então pretende afasta-lo?

- Não - disse alterada, só então me dei conta de que eu havia criado um laço com ele, com meu filho - Me dói pensar em tal coisa, ele é meu filho Tsunade, entende o peso dessas palavras?

- Mais do que imagina ...

A loira desviou os olhos dos meus mas eu vi tristeza nela, por isso me aproximei e tentei ajudar.

- Sabe que pode contar comigo né?

- Eu perdi um bebê, eu ... - ela chorou.

- Sinto muito por você Tsunade.

- Isso foi a muitos anos mas ainda me afeta, imagina você de saber que seu filho está próximo e ter que mentir pra ele.

- Antes de cogitar contar a ele a verdade eu quero conhecer ele, estar mais próxima e no dia que eu sentir que chegou a hora eu serei sincera.

Vi o rosto dela corar um pouco, então eu fiz uma única pergunta.

- Você gosta dele ?

Ela se levantou as pressas e andando de um lado para o outro em minha sala ela começou a dar desculpas.

- Não, quero dizer, ele é meu amigo e eu gosto dele como amigos, sem falar que eu já perdi pessoas demais na minha vida. Todos os que eu amei se foram e eu não me perdoaria se ele se ele também  ...

Me levantei, fui até ela e a abracei.

- Tudo bem. Espero de verdade que tome um tempo para descobrir o que sente por ele, e não espere ser tarde demais.

Ela sem reação apenas caminhou até a porta da sala e se foi, e antes que eu pudesse descansar ouvi batidas na porta de casa. Assim que abri vi Kakashi me olhando.

- Posso entrar?

- Claro - dei passagem pra ele que entrou e suspirou muitas vezes procurando um modo de começar a frase.

- A criança da foto, o menino no colo de Tobirama é o Jiraya ?

A minha cara assustada foi a resposta que ele buscava. Ele vendo minha reação correu até mim e me abraçou.

- Eu peço desculpas por tocar neste assunto novamente, mas sua reação ao vê-lo no Ichiraku, a lembrança do rosto daquele garoto na fotografia, tudo isso me fizeram descobrir que era ele.

- Por favor Kakashi, não diga nada sobre isso pra ninguém, eu imploro.

- Eu jamais faria isso - ele levantou meu rosto - Você entendeu ? Você é importante pra mim.

Vi verdade em seus olhos, e talvez, só talvez eu tenha me perdido na profundidade que aquele olhar tinha e só me dei conta das minhas ações quando ele encostou seus lábios nos meus. Ele era meu neto e meu neto estava me beijando. Quando senti sua língua pedir passagem eu o empurrei.

- Me desculpe, eu sei que você namora e eu não tinha o direito de beijar você- senti que ele estava aflito.

- Sai da minha casa.

- Aimi, por favor me perdoa, eu ...

- Agora!

Ele suspirou e se foi. Me doía ver ele aflito, implorando por desculpas mas sua atitude me feriu em muitos sentidos : Além de ser meu neto ele sabia que eu tinha alguém em minha vida. Ele não poderia ter feito o que fez, mesmo sendo um homem incrível e lindo, ele não poderia.

A sem clãOnde histórias criam vida. Descubra agora