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Quando Naruto recebeu alta de Tsunade ele disse estar faminto e fraco, então chamei a equipe para comer um ramen, já que eu havia sido paga para realizar as missões como uma Kunoichi da aldeia da Folha.

Depois de uma pequena discussão entre Sai e Naruto depois do menino ter atrapalhado Sakura de o alimentar nós comemos e quando fui pagar a conta, do lado de fora do restaurante ouço Naruto gritar. Com medo dele ter se ferido novamente eu vou até ele mas me sinto paralisada ao ver diante de nós o mesmo senhor de idade que havia conhecido em Amegakure, meu filho Jiraya.

Ele me olhou dos pés a cabeça e se aproximando de mim ele sorriu alegremente, tocando meus ombros de forma gentil.

- É bom tê-la como aliada novamente.

Eu não conseguia responder, filho ... Ele era meu filho e estava diante de mim. Não sabia como agir e o que falar, meu coração batia freneticamente em meu peito e suspeitava que ele estivesse ouvindo, na verdade parecia que o tempo havia parado.

Puxei o ar com dificuldade e exposta diante de vários olhares intrigados eu sumi daquele lugar, pois havia copiado com meu Sharingan o jutsu de Kakashi.

Já distante de Konoha eu me relembro de uma cena com Tobirama, pois estava diante da árvore que havia visto em uma de minhas lembranças. Subi na árvore e afastada de todos eu me permiti chorar. Um filho, como conseguiria agir normalmente diante de um homem que saiu do meu ventre, que cresceu sem um lar e sem amor ?

Ainda chorava quando senti um braço passar por minha cintura e me puxar para si, era meu Itachi. Nos seus braços eu chorei tudo o que estava entalado no meu coração: A partida dele, o stress de ter que fugir constantemente de Orochimaru, a dor de enfrentar meus amigos, as pessoas que eu amei um dia, o fato de olhar todos os dias para pessoas que eram minha família e ter que mentir.

- Shii, eu estou aqui por você.

Enterrei meu rosto em sua capa e desfrutei de sua presença por um longo tempo. Depois de mais calma me afastei gentilmente dele o fitei.

- Ainda está com raiva de mim ?

- Não estava com raiva de você.

- Me chamou de moleque e não diz que não sentiu raiva ?

Mesmo curioso de verdade vi seus lábios desenharem um lindo e discreto sorriso.

- O fato de eu ter te chamado de moleque se deve a sua atitude de dormir comigo e depois sumir como se eu fosse uma qualquer, mesmo depois de saber meu passado com Obito.

Ele suspirou pesadamente e se encostando no tronco da árvore ele me olhou de forma avaliativa antes de criar coragem para se explicar.

- Eu não sumi sem motivo, partir é sempre uma escolha dolorosa pra mim, mas naquela pousada eu fui descuidado.

Não conseguia entender o que significava tudo aquilo e ele vendo minha dúvida quis explicar.

- Na pousada, depois que fizemos amor me dei conta de que não fui prudente, não usei camisinha e ...

- Eu estou bem, isso foi um mero detalhe.

- Não - seu tom de voz me assustou, estava mais alto, mais frio e mais duro que o normal - Eu já sou muito egoísta ao ponto de estar com você mesmo sabendo que morrerei em breve, saber que você pode engravidar não é algo que eu quero, não me perdoaria se deixasse você sem amparo, em deixar um filho meu crescer sem um pai.

Não sabia o que feria mais, se era o fato dele não querer filhos comigo ou se era o fato dele se culpar por uma escolha minha. Como se soubesse meus pensamentos ele se aproximou.

- E sim, se eu não estivesse morrendo eu adoraria ter filhos com você mas não é este meu destino. Peço que respeite minha decisão, sem falar que eu ainda te acho nova demais para assumir uma responsabilidade tão grande como ser mãe.

Sem opção eu quis ser sincera com ele, e mesmo correndo o risco dele se afastar eu iria compartilhar com ele sobre parte de mim, meus filhos, minha família.

- Talvez neste corpo de 19 anos eu seja de fato muito nova, mas eu tenho idade o suficiente para ter filhos e de fato eu tenho, na verdade tive dois, mas só um se encontra vivo.

Ele me olhou surpreso e expliquei.

- Eu descobri quem eu era, e nesta descoberta eu soube de meus filhos, até neto eu tenho.

Ele se afastou do tronco da árvore e se aproximou de mim, acariciando meu rosto.

- Me deixe saber seu nome, me deixe saber o verdadeiro nome da mulher da minha vida.

- Aimi, Aimi Uchiha.

Ele sorriu, sorriu e diminuiu a distância entre nós parando a milímetros de minha boca, então  instantemente meu corpo se enrijeceu. Por sorte nós dois nos separamos quando  sentimos uma presença se aproximar.

- Estava preocupado mas vejo que você está bem, Tsunade te espera em sua sala.

Assenti e Kakashi se foi. Itachi notando a tensão em mim resolveu perguntar.

- Sabe que ele tem interesse em você não sabe ?

- Eu não me importo, ele é um amigo.

- Quem sabe depois de minha morte ... Ele é um homem íntegro, com princípios.

- Sim ele é mas eu não me envolveria com ele.

- Ele não é atraente o suficiente ? Perguntou cheio de ciúmes

- É, mas sendo ele meu neto não pensaria nele dessa forma e deixe de ser bobo, não sei se um dia superarei sua morte.

Diante da notícia do parentesco ele relaxou um pouco, mas vi que novas dúvidas surgiram em sua mente.

- Se Kakashi é seu neto e Sakumo seu filho, quem é seu outro filho, ou melhor, quem é o pai deles?

Suspirei, não mentiria pra ele, não agora que sabia quem eu fui, quem eu era e quem eu queria ser.

- Tobirama Senju, ele foi o meu marido anos atrás, com ele eu tive dois filhos: Sakumo, pai de Kakashi e Jiraya. Sou imortal, então renasci neste corpo.

- Tobirama foi um ótimo ninja, o prodígio de seu clã.

- É, acho que eu só carrego em minha vida homens incríveis, verdadeiros prodígios.

Acariciei seu rosto, ele por sua vez se aproximou para me beijar novamente mas eu o impedi.

- Aqui não.

Olhei para a árvore. Ele parecendo entender o motivo me puxou para si e  me colocando em suas costas ele me levou próximo aos portões da vila e lá, numa clareira calma e silenciosa ele concluiu o que já havíamos evitado. Ele me beijou com muita vontade e eu retribui com o mesmo empenho até que ele se afasta bufando e eu entendo que já é hora de partir.

- Eu te amo - disse enquanto tocava em minha testa, da mesma forma carinhosa que sempre fez.

Senti-me no direito de corresponder ao toque e percebi que ao tocar sua testa ele se emocionou mas antes que ele dissesse algo, vi seu anel brilhar.

Com um beijo em minha testa ele se foi e eu já acostumada com sua partida caminhei tranquilamente até a entrada da vila, até que esbarro nele, Jiraya.

A sem clãOnde histórias criam vida. Descubra agora