Capítulo 19

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Alguns problemas são banais vista do ponto de vista de algumas pessoas, para outras é como estar à beira de um abismo e sua única opção seja seguir em frente. E era assim que a filha mais nova do Garvin Witherspoon se sentia.

Nathalie tinha consciência do que fez, e independente de tudo nada poderia justificar sua omissão de 15 anos a Reid. E isso a corroía por dentro, essas mentiras foram seu abismo por anos. Aquele desgosto que a perseguia, e seu escape havia encontrado no álcool, e mesmo sem perceber foi se afundando cada vez mais, sua forma de reprimir a grande frustração que sentia. E foi após descobrir que sua dedicação de toda uma vida de nada valeu, foi encoberta pelo dinheiro de seu pai, que ela se perdeu. Amava seus filhos, mais que tudo, acima de tudo e incondicionalmente. E fazia deles seu porto seguro, era neles que ela se apoiava para não sucumbir de vez. E foi neles que encontrou forças para encarar seu vício.

Desde criança foi ensinada a sorri, agradecer e elogiar. A se portar bem, se vestir, seguir as intermináveis regras de etiqueta. "Nathalie, ajeite a postura" "Nathalie uma moça não deve correr" "Nathalie, não coma exageradamente em público" "Nathalie, não se altere" "Nathalie, se desculpe" "Nathalie, não exponha suas emoções em público" Tudo que lhe diziam a moldava em encaixe a perfeição. Praticamente diziam: Nathalie, não seja você!

Ela era mais que bonita, tinha elegância, classe, era inteligente, completamente encantadora, era rica, e tinha um sobrenome de grande peso na sociedade americana. Mas nada daquilo tudo a definia. Se sentia como se possuísse uma casca agradavelmente perfeita, mas sentia como se seu interior fosse estragado. Tinha seus defeitos, teve seus vícios, seus momentos de ira, e suas mentiras, passou a vida toda em uma bolha privilegiada que a protegia, mas a deixava vulnerável psicologicamente. Era uma mulher assim como qualquer outra, cheia de defeitos. Mas praticamente ninguém enxergava isso, só viam a mulher supostamente perfeita, e no mínimo a pianista cheia de talento que surtou e abandonou a carreira.

Para sua (in)felicidade Spencer a enxergava claramente, via todos seus defeitos mais que os outros e ela não sabia se era bom ou péssimo. Ele a via por completo, e por isso a odiava. E ela jamais o culparia. Embora reconhecesse sua enorme culpa no grande drama que cercava quem amava, não poderia mais deixar que ditassem o que ela faria, por isso sua escolha era definitiva, o restante de seu passado permaneceria onde deveria ficar: no passado.

Ela deposita os dedos superficialmente sobre as teclas do piano, pensativa. A noite passada havia sido uma completa catástrofe. Tanto a reação de Christopher e Spencer foram um tanto quando surpreendente, embora que de forma negativa.

- Eu daria tudo para te ver tocar novamente. - Daniel se aproxima da irmã tocando-a nos ombros.

- Bobeira, não é mais tão importante.

- Sei que é mentira, porém uma coisa que estou aprendendo é que não adianta eu exigir que você me conte as coisas. - Ele se senta ao piano e sob seus dedos começa a tocar empolgado Virtual Encanita.

- Nath, se não o tirar dai, eu mesmo tiro-o. - Theodoro aparece ameaçando, em seguida entra Smulders.

- Escutei essa matança lá de fora. - Zomba.

- Ha ha ha, muito engraçados vocês. - Sabia que era implicância, ele não chegava perto de tocar tão bem quanto a irmã, mas teve seus momentos em dedicação ao piano. Jace e Philip aparecem segurando cada um três latas de tinta, seguidos por Diana que trazia consigo pinceis e sprays.

- Jace, o que eu disse para você sobre controlar o que compra? - Nathlie chama sua atenção.

- Tio Theo que pediu. - Se defende

- Exato! Essa casa está muito careta e sobrecarregada, precisa de cor e vocês de desestressar, por isso pensei que podíamos usar essa parede - ele anda até o lado oposto. - Aqui será nossa tela, e vocês darão vida a ela, toda vez que desejarem, pinte-a! - informa alegre.

- Era tão difícil assim se casar com alguém normal? - Nath sussurra ao irmão.

- Preferia que eu encontrasse alguém igual a mim?

- Jamais.

Theo batizou a parede como um quadro em branco. Os jovens foram os mais empolgados, já Nathalie não dispunha do mesmo sentimento e se limitou a apenas observar, Chris que pintava algo ininteligível, se afasta para receber um telefonema.

E o restante do dia seguiu consideravelmente bem, ao fim do dia termina em clima de despedida com seu irmão e cunhado partindo para o aeroporto com promessas de que retornariam em breve. Nathalie sabia que em relação ao irmão, não seria verdade.

De noite em seu quarto pondera os últimos acontecimentos, não falara com Reid mas sabia que Philipe conversara com o homem, se limitou a questionar o filho sobre como Spencer estaria, assim como também se controlou para não ligar, queria parecer indiferente.

Na manhã seguinte mais despedidas, e mais promessas, Christopher emotivo se despede dos filhos e Jace. Era lamentável para ele ter que partir, mas tinhas suas reponsabilidades, seu trabalho, seus clientes, por sorte a audiência de um caso havia sido adiada possibilitando-o que viajasse, mas deve que retornar logo.

Dois dias se passaram e o máximo que Nathalie sabia sobre Spencer, era através do filho, segundo ele o pai estava em caso por isso estava longe da cidade.

De tarde Diana ao piano ensaiava mais Lucas com seu violino. O rapaz negaria, mas estava contente em ter um pretexto para voltar a tocar, mesmo que seja com Diana, ele não a achava uma má pessoa, com toda certeza ela era mimada, teimosa, esnobe, arrogante e consideravelmente persuasiva, embora sua extensa lista de desagradáveis adjetivos ele gostava dela.

- Passaria o dia todo escutando-os. - Nathalie se senta na poltrona próxima.

- Espero que não se importe que modificamos. - Lucas se apressa em dizer.

- Jamais, adorei, bem mais moderno. Você tem muito talento, Jenks, estudou onde?

- Me chame de Lucas, por favor. E obrigado, estudei em Colburn, infelizmente não conclui...- o garoto é interrompido pelo celular que toca e ele pede licença para atender. Ao voltar seu semblante é de preocupação.

- Aconteceu algo querido? - Nathalie pergunta.

- A... a minha irmã, ela...ela foi expulsa. Expulsa do colégio - diz confuso.

- Expulsa? - Diana pergunta alto.

- Há algo que eu possa fazer para ajudar? - Nathalie oferece solitária.

- Não, eu não sei direito o que aconteceu....eu preciso ir.

- Claro, se precisar de qualquer coisa não hesite em me ligar. - Ela o acompanha até a porta. - Victoria me pareceu uma moça tão boa, talvez tenha sido engano, ele tenha escutado errado, não acho querida? - pergunta a filha que permanecia parada no mesmo lugar. - Será que seu irmão sabe de algo? Diana? - a chama. - Querida, você está pálida, está bem? - se aproxima preocupada.

- Tudo bem, só estou surpresa, não imagino o que ela possa ter feito para ser expulsa.

- A conhecemos a pouco tempo, mas sinto que ela não faria nada de errado, vamos aguardar tenho certeza de que foi um engano.

- A senhora não poderia ter tanta certeza.

- Ela é uma boa moça, gostei dela não posso ter me enganado, ligue para seu irmão, por favor. - Ela estava realmente apreensiva, não imaginava o que poderia ter acontecido. De qualquer forma seja o que for que ela imaginasse, estaria bem longe da verdade.

.......

Buonasera com esse capítulo curtinho. Mas só pq hoje é aniversário do nosso love hahahah.
Volto sexta ❣️

Ciao pessoinhas

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