Capítulo 9.

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- Tudo bem eu falar com você? – Spencer pergunta a garota que estava sentada em frente ao piano. Ele sorri sutilmente com a semelhança da menina e a mãe. Vê-la ali o fazia lembrar de Nathalie, tantas vezes viu a mulher sentada ao piano com toda sua delicadeza, tocando como um anjo que se perdia em meio as notas.

- Sim. – Ela responde sem o olhar, vergonha talvez? Ou desprezo? Provavelmente os dois, afinal não se arrependia, mas no fundo sabia que Reid não era ao todo culpado. Ele se aproxima e se senta na poltrona mais próxima. – Sei que me odeia então se poupe em bancar o bonzinho.

- Te odiar? Eu jamais te odiaria Diana, por que pensa isso?

- Pelo o que eu disse no jantar, também quero deixar claro que não retiro uma palavra sequer.

- Entendo. Eu não vou mentir, eu fiquei chateado, não por mim. Aquelas pessoas são meus amigos, amigos que são como uma família para mim. Que me apoiam, me ajudam, que estão sempre aqui por mim e eu por eles. E família é isso, não? Ser uma família vai além da ancestralidade em comum. Você mais que ninguém deveria saber Jonathan é seu irmão mesmo não biológico.

- E Cristopher, ele é meu pai. Mesmo não biológico. – Spencer, queria que aquilo não o atingisse, mas era dolorido saber que seus filhos foram criados por outro, ainda mais por Cristopher Smulders

- Sim. – Ele concorda. – Sobre meus pais, bem... meu pai abandou a mim e minha mãe há muito tempo, águas passadas o reencontrei alguns anos e nos acertamos o possível, mas não mantemos contato. E minha mãe, se chama Diana Reid, assim como você. – Diana o olha surpresa, sempre soube que seu segundo nome Antonella era em homenagem a sua avó materna, mas não sabia que também carregava o nome de sua avó paterna. Por que sua mãe faria isso? – Você não sabia, não é? Ela irá adorar te conhecer, para ser sincero eu ainda não conversei com ela sobre vocês.

- Por quê? – ela estranha.

- É complicado. – Ele receia em falar sobre sua mãe, Diana sempre foi sua maior inspiração e orgulho. Mas apesar dos anos e ter aprendido a lidar com sua mãe que vivia em constante mudança no seu quadro, ora ela melhorava, ora tinha pioras, ainda era um assunto delicado. – Recentemente descobrimos que ela tem Alzheimer, o que dificulta mais seu quadro, já que tem esquizofrenia. – Spencer responde cauteloso e atento a reação da garota, ela emite uma expressão surpresa que logo substitui por uma expressão neutra.

- Lamento. – Responde somente.

- Não precisa lamentar. Ela está ótima apesar de tudo. – Fala isso, mas nem ele mesmo poderia ter tanta certeza assim. – Eu gostaria de depois marcar algo para você e Philip a conhecerem. – A menina apenas a fita com um olhar de tanto faz. Ele percorre o olhar pelo local e volta o olhar para o piano. – Você toca?

- Tenha uma mãe pianista, caso tenha se esquecido. Ah claro que não o senhor tem memória eidética. – Debocha. – O senhor toca? – foi sua vez de perguntar.

- Um pouco, quero dizer.. é pura matemática. – Ele diz com tranquilidade e a menina o olha incrédula.

- Não é. Sim, também é. Mas matemáticos não são músicos, não são pianistas. Sabe por quê? Porque tem que ter sentimentos, sentir cada emoção ao tocar. Você interliga o que tem aqui dentro do seu coração e sua mente. Não se gabe por saber tocar, dizendo ser apenas matemática. Se você toca e não se expressa, não está tocando música, apenas calculando. E números não tem sentimentos. – Ela ofendida se levanta enraivecida, saindo em direção às escadas onde as sobe correndo. Havia se cansado daquela conversa, só queria que Reid a deixasse em paz. Spencer sobe atrás e a ver virar o corredor entrando por uma porta. Ele a segue, e a encontra em seu quarto.

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