1

15.2K 1K 1.7K
                                    

Seus pais chegaram em casa e você não sabia explicar para sua mãe o que tinha acabado de acontecer.

- droga s/n olha a roupa! Toda ensopada! Eu falo que você só fica no celular, amor vamos ter que desligar a internet por que não é possível - sua mãe já chegou falando, logo seu ânimo foi substituído por um grande peso na consciência e você só queria morrer.

- mãe é que..- você foi interrompida por um tapa, na verdade quase isso.
Quando seu pai levantou a mão para bater em você, por reflexo você segurou o pulso dele.
Percebendo o que você tinha feito, colocou sua mão para trás e pediu desculpas imediatamente.
Seu pai estava com os olhos fervendo e você esperou por um tapa, mas ele não veio.

- saia daqui - ele disse calmamente mas de uma maneira intimidadora.

- me desculpa - você repetia com os olhos cheios de lágrima, mas logo foi para o seu quarto.

- aí não. - ele disse bravo.
Você a olhou confusa.

- eu disse vai embora, da minha casa, das nossas vidas. - ele disse, você esperou reação da sua mãe ou da sua irmã mas tudo o que encontrou foi um silêncio.

- pai, você não pode fazer isso comigo. - você disse assutada. - mãe por favor...

Sua mãe simplesmente abraçou o seu pai e começou a chorar.

- olha o que você fez! Eu não vou falar de novo. - ele gritou.

Você não estava entendendo, é claro que ele brigava constantemente com você e te batia mas agora era novo.
Tudo bem, você já estava cansada disso, cansada de levar a culpa por nada, sua cabeça girava e com o coração acelerado e tremendo de raiva e com milhares de imagens passando na sua cabeça você soube que estava tendo um gatilho.

- se eu sair, eu não vou mais voltar - você disse entre soluços.

- é essa a intenção - sua irmã disse, e você não podia acreditar. Você daria a vida por cada um deles e agora eles estavam cobrando isso. Você sempre achou que tinha uma boa relação de irmãs, umas brigas aqui e ali mas você amava ela de todo jeito.
E agora isso, tudo aconteceu tão rápido, tanta coisa no mesmo dia. Você simplesmente saiu correndo. E no portão, você virou atrás e deu adeus ao seu cachorro que não entendeu nada, mas sabia que era algo ruim que tinha acontecido. Ele não era burro.
Você abriu o portão e pensou mais uma vez se poderia ser brincadeira dos seus pais ou frases que eles dizem quando estão bravos, mas não foi. E a prova disse foi que seu pai tirou uma nota de 100 e lhe entregou, e como um adeus, virou as costas e fechou a porta . Era sério, era real. Mas não parecia.

E você saiu, saiu de casa e pensou em ir na casa de seus parentes ou amigos, mas não. Nenhum deles entenderia, nenhum deles acreditaria que seus pais, o padrão de família perfeita tinha sido desfeito. E tudo por causa de uma maldita roupa.

Você estava nervosa, triste, confusa e as pessoas que passavam com seus guarda chuvas a olhavam tentando entender o que acontecia, você não era mais a mesma, podia sentir. De uns tempos pra cá tudo era mais pesado. Suas noites não eram mais para descanso, e as vezes você preferia ficar quieta pra evitar confusões, como essa.

Era tarde, quase 19h e você sabia que precisava arranjar um lugar para ficar, ou as coisas poderiam ser pior.
Foi até a rodoviária e perguntou ao homem qual seria o próximo ônibus, (um da sua cidade para uma outra) e ele disse, mas estava bem mais caro do que 100 reais, e era tudo o que você tinha.

- mas e se eu..- você colocou sua mão na perna do homem, aquilo lhe dava nojo e medo, seus olhos estavam cheios de lágrima e você cheirava a desespero.
O homem que entendeu o que aconteceu a olhou, e não foi o olhar que você esperava, ele a olhou com carinho.

Uma Nova VingadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora