13 - Ódio.

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Nícolas Grent.

Eu estava alegre. Na parte da manhã, havia trabalhado na obra do homem da empresa.
Á tarde, eu não fiz nada, além de ficar me abanando o tempo todo, por causa do calor grande. Não havia nada para fazer.

Me sentia tão solitário às vezes.
Tinha conhecido a Violetta, Nathalie, Ethan e as meninas do estúdio, mas nenhum queria ser meu amigo assim mais próximo.
Era tão triste ficar sozinho em casa, sem conhecer as ruas e a cidade direito.
Talvez eu tenha errado em vir para cá, querer dá um de " independente ", enquanto ainda não consigo lidar com a tristeza e a falta de amigos em minha vida.
Em São Paulo não era assim, até que finalmente terminei os estudos e fiz o curso. Meus amigos praticamente sumiram, e ali eu pude ver que eles não eram amigos mesmo.
Como era final de semana, Nathalie não estava trabalhando, o que dava um tédio horrível.

Violetta... bem, não a havia visto o dia todo. E afirmando, eu estava morrendo de saudades dela. Vontade de fazer o que eu queria a muito tempo.

Porém, não era o tempo ainda. Ainda era tempo da gente se conhecer e saber as coisas que estão distintas entre a gente.

Eu ainda não sabia seu passado completo. Ela também não queria me contar e eu, não queria ficar insistindo o tempo todo para que ela me contasse uma coisa, que eu sabia que ela jamais contaria. Se contaria, era por que ela confiava em mim, mas não... ela ainda não confiava, ou se sentia insegura.
Talvez o que existia entre nós dois era só alguma atração. Sei lá. Mas ainda era recém demais para que eu desistisse.

Levantei do sofá - onde um programa qualquer que passava na TV, e fui para o quarto.

Ontem, não havia visto mais a pessoa da janela. Talvez tenha sido algo inusitado ou algo da minha cabeça, mas sendo assim, eu vi algo e não ia desisti até conseguir descobri.
Deitei na cama, pensando em como minha vida havia mudado nos últimos dias. Minha mãe - madrasta -, estava com saudades de mim, e meu pai, tentava me ligar todos os dias.
Pensei nos poucos amigos que tinha. Alguns do estúdio, outros do condomínio, mas nenhum que estivesse presente comigo mesmo.

Cansado de ficar deitado sem camisa o dia todo, peguei alguns potinhos de sprays que eu tinha e comecei a fazer qualquer rabisco que vinha a mente.

De repente, concentrei- me em um lado da parede. Estava branca.

De todas as ideias que veio a mente, vi Violetta de novo. Dessa vez, ela estava com o gato. Seus cabelos ruivos estavam amarrados em um coque frouxo, enquanto em suas mãos, estava o gato.

Será possível que eu só tenha inspiração para pintar Violetta apartir de agora?

Mesmo que eu tivesse medo deles, não desejaria o mal para eles. Parecia que eles eram tão inocentes. Mas não, isso só era quando você é amigáveis com ele.
Eu continuo sendo o menininho medroso de antes, mas fazer o quê?
Meninos também tem seus medos.

Se Violetta entrasse em meu quarto, ficaria imaginando que eu era um obcecado por ela ou algo do tipo.
Quase todas as minhas paredes, - as dos quartos - estavam pintadas com desenhos dela.

Enquanto pintava, escutei a campainha tocar. Suspirando, desci as escadas apressado.

Abri a porta.

Para total surpresa, era Ethan que estava lá.

— O que você está fazendo aqui? Não veio dizer para mim sair de perto da Violetta, não é? — zombei colocando as mãos sob o batente da porta.

Ethan sugeriu um sorriso, mas logo sua boca formou-se em linha reta.

— Precisamos conversar. Posso entrar? — perguntou.

Assenti e dei espaço para ele entrar.

— Bem, se você veio para conversar, desembuche logo por que não estou aqui para esperar. Tenho mais o que fazer. — sentei-me também no sofá.

— Você está mexendo com algo errado. Violetta sempre foi como minha namorada, bom, pelo menos eu a considero assim. Mas ela, ela não olha para mim com outros olhos, a não ser os olhos de amigo. Ela não me quer. Sabe por que? Por que você entrou na vida dela. Todo educado e gentil, pensando que pode levar ela para a cama e depois, sair pelo mundo como se nada tivesse acontecido. — ele bufou irritado.

Eu sabia que a primeira impressão dela foi essa. Mas como as aparências enganam, eu não ia fazer nada a respeito. Que ele quisesse abri a mente para pensar do seu jeito.

— Acho que você está me julgando sem conhecer. Violetta é a pessoa mais linda e educada que conheço na vida. Eu me apaixonei por ela e jamais faria uma maldição na vida dela como essa. E se você está pensando que eu sou que nem os outros caras, você está bem enganado, Ethan! — discordei, apontando o dedo indicador para ele.

Ele não poderia, ou melhor, não tinha esse direito de me julgar sem saber.
Era tão amargo está assim, convivendo com essas pessoas doentes o tempo todo.

— Pense bem no que você quer para a sua vida, Nícolas. — ele levantou- se.

— Está me ameaçando? — soprei.

— Entenda como quiser. Eu amo Violetta desde o momento em que nos vimos e jamais deixarei que você torne isso diferente. — ele abriu a porta, e olhou para mim, como de quisesse saber se eu tinha entendido o que ele tinha dito.

— Rá! Você acha mesmo que vou perder o meu tempo com você? — Desabei, cerrando os punhos com força.

— Não, não acho. Nenhum de nós dois queremos isso, certo?

— Ai a merda. Saiba que não tenho nada haver com a sua sarcástica ideia de me afastar da Violetta. Até por que, nós dois sabemos que eu não farei isso, né? — Dei um riso debochado, puxando o cantinho da boca.

— Eu sou muito mais forte que você. — Gabou-se, só que de forte, ele não tinha nada.

— Se ilude. — Falei. — Sai da minha casa!

— Eu vou... — Fui até lá e empurrei o ombro dele, com força. — Tá bom, até logo... NICK GRENT.

E SAIU, debochando da minha cara. Eu estava prestes a matá-lo, perder a cabeça.
Ele pensava mesmo que eu queria me aproveitar da Violetta? Logo eu, que já sofri tanto na vida?

Aprendi a conviver sem a minha mãe, sem aqueles conselhos doces das mães, á chegar na escola, com todos os olhares sobre mim, por que eu não tinha a minha mãe e não poderia escrever cartinhas, assim como todo mundo fazia.
Para falar a verdade, eu as escrevia. Depois, queimava ou guardava.
E ali tinha alguém me julgando, sem me conhecer.

***

" Respire fundo e acalme o seu coração.
Sua alegria vem e você vai poder deixar de sofrer."

Próximo...

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