Violetta Wilmam.
Era quase a hora em que a menina lá falou para gente ir. Confesso que eu fiquei um pouco nervosa. Imaginei que ela fosse uma coreógrafa boa e eu só uma garota comum, que ainda não sabia se ia mesmo conseguir levar o sonho de ser coreógrafa.
Mesmo assim, aquela sensação de paz, coragem e determinação me atingiu. Disse para mim mesma que era só estudar o jeito que ela dançava, aprender os passos e reproduzí-los. Fácil!
Estava no quarto com Nathalie. Tive um pouco de indecisão no que vesti para ir. Eu não ia de short! Não ia de calça jeans por que fazia calor! Não ia de blusão pela mesma coisa! Então de que eu ia vestida?
- Nathalie? - Chamei a mesma, vendo ela deitada na cama meio que para baixo. Não sei o que ela estava sentindo ou pensando.
- Humm? - Levantou a cabeça lentamente. Quando ela fez isso, vi que seus olhos estavam inchados e vermelhos. Era como se ela tivesse chorado.
- Você está chorando? - Perguntei, me aproximando da cama onde ela estava. Parei bem na sua frente e Nathalie desatou a chorar. - Ô meu Deus! Não chora! Quer me contar o que aconteceu?
Ela levantou da cama, logo se sentando na mesma. Depois ela enxugou as lágrimas com o dorso da mão.
Respirou fundo e levantou os ombros, como se quisesse ser forte.- Eu... Eu não tenho nada de especial, Violetta. As pessoas não gostam de mim. Só me vêem como uma morta-de-fome ou uma garota maluca. Não tenho nada de impressionante, não sou capaz de dançar, cantar, desenhar ou pintar. Não tenho nada que me faça especial... - Instantes depois desta confissão, ela estava chorando.
Meu coração doeu. Nathalie é a minha melhor amiga e vê-la naquela situação, me deixou em pedaços.
Ali ela estava tão imóvel. Aproximei-me dela, abraçando-a como uma irmã.
Era verdade. Inúmeras pessoas humilhavam Nathalie, sem saber o passado dela. Mas o passado dela, só fazia aquela garota ser especial, só fazia aquela garota ser mais forte ainda. Então por que ela se preocupava tanto...?
- Não fala isso, Nathalie. Nosso grupo não é mesmo sem você. Afinal, quem vai implorar por comida? Quem vai andar com a gente e nos fazer passar vergonha? - Perguntei e ela riu, aquecendo aquele ambiente.
A gargalhada dela foi tão sincera e autêntica. Eu só sabia admirar aquela pessoa que tinha ali na minha frente.
O mundo julgava ela sem conhecer e por trás daquela garota que tinha um caminhar confiante, um sorriso debochado, tinha uma garota perdida, que não sabia se conseguiria aguentar mais a humilhação do mundo.
E eu admirava Nathalie Lucca tanto.
Ela era forte, era debochada, não mudava seu jeito de ser, mesmo sendo uma garota.
Ela era engraçada quando quer, e é empoderada.- Obrigada, Violetta. Sem você, não sei o que seria de mim. - Agradeceu com um sorriso.
- Provavelmente você morreria. - Ri dela e me levantei da cama, focando no que eu realmente ia fazer. - Não fique se desgastando tanto por que as pessoas acham que você não tem nada de especial, Nate. Amamos você e se alguma pessoa ainda te chamar de sem noção, me chama que a gente vai pegá-la na porrada. - Prometi, me afastando para olhar no espelho.

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A GAROTA DA JANELA
Ficção AdolescenteNicolas Grent, um garoto determinado que logo após atingir a maioridade, decide sair de casa a procurar de realizar o seu sonho. Ele sem muitas expectativas, apenas ele e ele mesmo. Logo após ter a chance de trabalhar em um dos estúdios de pinturas...