Nícolas Grent
— Calma lá, a última vez que você foi a uma apresentação de teatro foi aos cinco anos? O que você fazia em todos esses anos? — Violetta perguntou confusa. — Você não sabe o que estava perdendo. As pessoas se divertem. — sorriu abertamente.
— Sim, estou falando sério. Eu não gostava desse tipo de vida ou performance. Gostava mais de ficar trancado dentro do meu quarto, com um fone de ouvido e pintando as paredes. — observei cada canto do seu rosto.
Violetta ainda era um mistério para mim. Ela não me contava nada sobre sua vida, o que me fazia morrer de curiosidade. Toda vez que íamos conversar sobre uma coisa sobre ela de fato, ela mudava de assunto. Mas se ela não confiava em mim, á ponto de compartilhar aquelas momentos comigo, não achei de bom interesse ficar perguntando.
— Você tinha muitos amigos em São Paulo? — perguntou desviando o olhar para a televisão.
— Sim. As vezes saíamos de vez em quando. Porém, tive que deixá-los para trás. — confessei. — Você nunca foi em São Paulo?
Ela pensou um pouco, antes de responder. Mas dava para perceber que ela não queria tocar naquele assunto.
— Nunca! Sempre fiquei aqui no Rio de Janeiro. É um assunto delicado para mim. Não me sinto confortável para tocar nesse assunto, mas prometo que assim que eu puder, falo sobre isso com você. Às vezes, guardar tudo isso para mim, dói, mas nunca achei ninguém confiável para tocar nesse assunto.
Tentei disfarçar o que eu acabara de ouvi. Ela não me considerava confiável? Ela queria dizer que eu não era uma pessoa que ela podia confiar? Para onde foi a aminha alegria naquele momento? Para o chão é claro.
— Desculpe. Olha, sei que conheço você, Violetta á poucos dias, mas acho você uma garota linda, inteligente...Mas se você não confia em mim para falar sobre esse assunto, eu te entendo. Mas queria dizer que sou todos ouvidos. Que se você quiser desembuchar comigo, estarei ao seu lado para ouvi-la. Foi difícil para mim falar com você sobre a morte da minha mãe, da dificuldade do meu pai para que eu amasse a minha madrasta como a minha mãe... ainda sim, contei para você. Mas quando começamos a falar sobre você, você se fechou rapidamente. Prefere ficar com essa dor aí dentro do seu peito? só você sabendo? — coloquei para fora o que estava me incomodando.
Violetta abaixou a cabeça.
— Eu compreendo. Nunca contei esse assunto para ninguém antes, nem para o Ethan. Prometo te contar. — olhei para os seus olhos azuis.
Encarávamos-nos em silêncio. Transmitindo coisas e mais coisas através daquele olhar.
— Err...está ficando tarde. Tenho que ir. — levantei-me do sofá.
— Compreendo. Até amanhã. — deu um beijo na minha bochecha.
Porém, bem na hora em que ela estava beijando- me, a porta do apartamento dela de abriu e vi um garoto nos olhar com curiosidade. Afastei de Violetta o mais rápido que pude.
— Ethan? O que aconteceu? Hoje não tem ensaio! — Violetta perguntou antes de responder.
Ethan era forte, quase do meu tamanho. Talvez eu fosse mais alto do que ele uns quatro centímetros. O mesmo era moreno de olhos castanhos. Parecia furioso em me ver ali, em um momento de intimidade com Violetta.
— Violetta? Quem é esse garoto? — apesar da voz baixa, pude perceber uma fagulha de raiva.
Estava claro que aquele cara devia amar Violetta. Ele não considerava ela só como uma amiga e sim como uma namorada. Ele a queria!
O olhar que ele me lançou foi tão frio que quase fiquei com medo. Eu já tinha entrado em algumas brigas, mas nunca apanhei. Já pratiquei krav maga e sou bom em algumas lutas.
— Nícolas. Ele é o meu vizinho de lado. Estávamos nos despedindo. — ela disse com vergonha.
— É. Relaxa cara. ESTÁVAMOS NOS DESPEDINDO. — dei ênfase. — Tchau Violetta! Depois a gente se vê. — fiz questão de beijar a bochecha de Violetta de novo e lançar um olhar de deboche para o tal de Ethan.
Ah Ethan. Se você quer o que eu quero, você está muito enganado meu cara.- pensei.
Abri a porta do meu apartamento e me joguei no sofá. Não pude deixar de lembrar dos sorrisos que ganhei de Violetta. Pena que aquele mané foi acabar com a nossa diversão.
***
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A GAROTA DA JANELA
Fiksi RemajaNicolas Grent, um garoto determinado que logo após atingir a maioridade, decide sair de casa a procurar de realizar o seu sonho. Ele sem muitas expectativas, apenas ele e ele mesmo. Logo após ter a chance de trabalhar em um dos estúdios de pinturas...