11 - Você é a minha inspiração.

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Nícolas Grent.


Dei o primeiro passo para entrar no grande estúdio, sentindo uma energia diferente.

Acenei para a recepcionista, que seu nome era Verônica. Seus olhos puxados, fizeram-me descobrir rapidamente que ela era do Japão ou de algum lugar da Ásia.
Sabia-se Deus de onde ela era.
Talvez da Coreia, e eu estava curioso, mas também não perguntei nada.

—  Olá. Qual as funções para hoje? —  Dei uma pausa entre o " olá ", para depois perguntá-la sobre o que eu deveria fazer hoje.

Verônica pegou um papel funcional. Depois, olhou para mim por cima dos óculos e ditou:

—  Primeiro temos a primeira pintura com os alunos mais altos. Diz aqui, que o senhor Trompson deseja a sua presença no grande salão de pintura, onde você estará com mais alguns alunos de alto nível. —  deu mais uma checada, antes de arregalar os olhos. —  Diz ainda aqui, que o quadro que você vai pintar, é para uma empresa aqui no Rio. É uma pintura de performance de dança. Bem difícil, mas você dá conta. — entregou o papel para mim.

Peguei rapidamente, agradecendo.
Dei meia-volta, indo para a sala, em que eu ficaria. Era bem bacana. As cores eram do jeito que eu gostava, e as coisas, todas novas e mais jovenis.
Seria muito divertido trabalhar aqui nesta sala.

Ainda não sabia com o que eu trabalharia, mas era algo sobre os vídeos de pinturas e essas coisas.
Iria pintar somente quando fosse solicitado, o que me deixava um pouco... irritado.
Mas eu não deveria reclamar de nada.
Trompson me esperava na porta, sorrindo. A postura corrigida. Ele estava afastado um pouco da porta, como se estivesse com receio de encostar nela.

—  Bom dia, senhor Trompson. — estendi a mão.

— Bom dia, Nícolas Grent. — apertou minha mão sorridente. — Me acompanhe até o estúdio. Quero lhe apresentar alguns alunos que estão no mesmo nível que você. —  abriu uma porta, entrando e esperando eu passar também. — Sua pintura é a mais difícil dos doze alunos que temos. Mas, bem, você consegue! Você foi o único aluno a estar em um patamar maior do que os outros. Deixamos essa tarefa para você, já que você tem um talento há mais.

Sorri, me elogiando mentalmente por ter praticado anos de pintura.

— Obrigada. Mas... o que eu vou pintar? — Perguntei, um pouquinho apavorado.

O velho riu, com um ar de falsa alegria para mim.
Era aquele mesmo sorriso quando uma pessoa queria aprontar, ou quando a pessoa sabia de alguma coisa.
Thompson não era muito velhinho não, mas devia ter uns cinquenta e poucos anos.
Talvez já estivesse com a idade que o meu pai está agora.

— Você sabe o que desenhar, Nícolas! Basta apreciar o seu conhecimento, e depois, seu desenho vai aparecer. — ele disse, como se estivesse preparado para aquele tipo de coisa.

— Mas... eu... eu...— Gaguejei, suspirando. Não havia muito o que dizer.

Lembrei para mim mesmo, que eu sou capaz. Era uma coisa que eu dominava rápidamente, só faltava pensar em uma coisa que me dava inspiração. Só isso.

— Mas nada! O desenho é para representar a dança. Suponho que você já tem algo em mente, não é?

Na verdade, eu não tinha, mas a partir daquele momento, um fleche apareceu rapidamente na minha mente.
Vi Violetta, na sala de música ontem. Dançava. E eu estava lá olhando. Eu já tinha SIM algo em mente.
Havia Violetta movendo-se, jogando os cabelos vermelhos, concentrada.
Seus olhos passaram aquele mesmo brilho e conforto e profissionalismo de sempre.
Sorrindo, fiz que sim com a cabeça, dando o primeiro passo para entrar na sala que estava repleta de gente.

Sentei-me na cadeira próxima, começando a obra.

                             {...}

— Estou curiosa, Nícolas. Abre logo esse quadro, garoto. — Violetta suplicou, esfregando as mãos de ansiedade para ver o quadro que eu havia pintado.

A notícia veio. Trouxe o quadro para arejar um pouco, enquanto o dono não veio.
Sei que talvez Violetta espantasse assim, por que eu havia pintado-a sem o seu consentimento, sem dizer nada, sem perguntar se podia ou não.
Aos olhos de um pintor, aquela pintura até que tinha saído bom, se comparado aos outros anteriores.
Acho que, dentre todos os outros, este tenha sido o mais difícil de todos.

– Bem, tenho que dizer logo o meu discurso. Este desenho, eu fiz para a pessoa que está me dando inspiração nesses últimos dias. Ela é especial para mim de todas as formas. Queria expressar a minha gratidão e...amor por essa pessoa. — olhei bem nos seus olhos. — Quero que você olhe e me diga se está bom, o.k? Dei minha vida á essa obra, então, se estiver ruim, avise para mim.

Sem muitas delongas, virei o quadro.
Violetta olhou profundamente para cada contorno no desenho.
Ela parecia emocionada e bem feliz pelo que estava representado ali naquele pequeno quadro.

— O quê? — sussurrou baixinho.

— Para a pessoa que me dá inspiração! — apontei o dedo para ela.

— Eu? — apontou seu próprio dela indicador para ela, com a boca entreaberta. Estava surpresa.

— Você é a minha inspiração.

***

Próximo...

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